Software Livre: Avanço tecnológico e ético

Outro dia, após uma partida de futebol, surgiu o assunto software livre (SL). Fiquei impressionado ao constatar que muitos colegas ainda confundem SL com software gratuito. Este artigo foi inspirado nesta discussão, propõe-se a discutir os reais objetivos por trás da filosofia SL e como esta filosofia pode afetar as relações de dependência entre países ricos e pobres.

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Por: Emmanuel Ferro em 26/06/2008


Uma breve analogia



A indústria eletrônica é dominada por um grupo seleto de países que detém o estado da arte da produção de componentes eletrônicos. Esta tecnologia envolve um conhecimento adquirido em décadas de investimentos em pesquisa e é estrategicamente protegido por valiosos segredos industriais. Muito embora países como o Brasil tenham uma indústria de hardware, esta, em última análise, a exemplo da indústria automobilística, se relega ao papel de montadoras de placas e circuitos, uma vez que os pequenos componentes como chips e processadores são todos importados.

Diferentemente do hardware, o software, produto abstrato, não tem sua produção dependente da sofisticação dos robôs e da pureza dos materiais, ao contrário, depende exclusivamente da criatividade e do conjunto de conhecimentos que formam a base da produção de software: construção de algorítimos, lógica e matemática. Ainda assim a tecnologia de ponta da produção de software é fortemente concentrada, deixando de fora a maioria dos países subdesenvolvidos.

O que é software livre

Em 1984, o americano Richard Stallman iniciou o projeto GNU (http://www.gnu.org/) e lançou as bases da filosofia de software livre. Desde então, milhares de desenvolvedores em todo o mundo têm trabalhado de forma cooperativa, produzindo software livre para as mais diversas aplicações. Estes desenvolvedores, a quem Stallman chama de hackers [1], formam uma rede dedicada à produção de tecnologia a qual nenhuma universidade ou empresa isolada pode se comparar, uma vez que o movimento de software livre agrega desenvolvedores independentes, empresas, pesquisadores de universidades e qualquer um que desejar compartilhar código ou simplesmente consumí-lo.

Para ser considerado software livre, o software deve ser licenciado de forma a garantir quatro liberdades (numeradas a partir de zero como em c/c++):
  1. Executar o software com propósito comercial ou não;
  2. Estudar o código fonte;
  3. Redistribuir o software como forma de ajudar ao próximo;
  4. Modificar o software para que atenda às suas necessidades.

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Páginas do artigo
   1. Introdução
   2. Uma breve analogia
   3. Software livre e desenvolvimento
   4. Software livre e ética
   5. Software livre em números
   6. Quem se opõe ao software livre
   7. Agradecimentos e Referências
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Comentários
[1] Comentário enviado por xerxeslins em 26/06/2008 - 15:36h

Legal. Molde academico =]

[2] Comentário enviado por aosouza em 26/06/2008 - 18:33h

Este é um assunto importante e deve ser discutido mais amplamente. Sou membro de uma igreja e estou desenvolvendo um projeto de divulgação e estimulo ao uso de SL, e esta é uma parte do projeto, por isso solicito permissão para utilizar o seu texto durante o desenvolvimento do projeto.

[3] Comentário enviado por opiniao em 26/06/2008 - 20:33h

"A adoção de software livre por empresas de governo tem importância estratégica e afeta diretamente a soberania nacional, pois elimina a dependência de fornecedores estrangeiros, evita problemas por mudança compulsória..."

Sinto muito, mas vou discordar de você. A sua empresa pública infringe a licença de vários programas em GPL e LGPL para fazer o programa do Imposto de Renda, conforme verificou um membro da FSFLA:

http://listas.softwarelivre.org/pipermail/psl-brasil/2008-May/023357.html
http://listas.softwarelivre.org/pipermail/psl-brasil/2008-May/023363.html
http://listas.softwarelivre.org/pipermail/psl-brasil/2008-May/023334.html

E os sistemas mais importantes (dos clientes que pagam mais caro) são desenvolvidos somente em plataformas proprietárias da MS e da IBM.

O SL na sua empresa é somente fachada para encobrir os problemas que há nela.

[4] Comentário enviado por adrianoturbo em 26/06/2008 - 23:07h

Rapaz é muito complicado falar de software livre perto de alguém que nasceu vendo janelas ,principalmente aqui em Brasília ,as pessoas só enxergam o Windows.
Ficou muito bom seu artigo ,parabéns.

[5] Comentário enviado por eferro em 27/06/2008 - 09:00h

Nossa empresa amigo "opinião", ela é pública.
O Serpro tem 40 anos e há apenas 6 anos adotou software livre. Neste curto período já obtivemos resultados extraordinários e ainda faremos muito mais. Procure conhecer esta empresa que é um orgulho nacional.

[6] Comentário enviado por foguinho.peruca em 27/06/2008 - 09:44h

Olá!

Bom artigo. Bem balanceado e no formato muito bacana.

Parabéns, gostei do artigo!

Jeff

[7] Comentário enviado por eferro em 27/06/2008 - 10:22h

Caro amigo aosouza,
Eu licenciei este artigo com Creative Commons (vide cabeçalho), esta licença dá todos os direitos de uso e criação de obras derivadas, resguardado apenas o direito de ser citado como autor. Fico feliz que tenha gostado do artigo e desejo boa sorte na sua empreitada.

[8] Comentário enviado por bemanuel.pe em 27/06/2008 - 15:52h

Emanoel, ficou muito bom o artigo, fico feliz em ver que a semente germinou. Abraços e lembranças às meninas.

[9] Comentário enviado por removido em 27/06/2008 - 17:01h

Muito boas as suas colocações Emmanuel!

Não convém dar ouvidos a membros fake, que criam usuários apenas para comentar negativamente.

Acusações de violação de licença são coisa séria e deveriam ser encaminhadas legalmente. Se estas acusações se limitam a uma lista de discussão, sua confiabilidade é questionável.

[10] Comentário enviado por GuilhermeAugusto em 27/06/2008 - 23:53h

É sempre agradável se deparar com artigos ideológicos em que software livre é levado a sério. Certamente a adoção do software livre por instituições públicas demonstra não só a qualidade do que até hoje ainda é infelizmente considerado um "sistema alternativo", como também a mentalidade inovadora estatal. Nesse aspecto, o Brasil tem do que se orgulhar.

[11] Comentário enviado por joao.ssa em 29/06/2008 - 10:47h

Emmanuel,
Você elaborou um artigo coerente. A divisão dos assuntos foi muito feliz e respeita pontos de vista, dando alternativas para a melhor condução na criação de software.
Minha sugestão é a continuidade deste tema, dando enfoque para a educação fundamental.
Gostei muito das observações feitas sobre a formação dos profissionais e sua base de conhecimento em softwares proprietários.

[12] Comentário enviado por metabolicbh em 29/03/2011 - 07:15h

Parabéns pelo artigo meu amigo! Com certeza suas palavras irão abrir a mente de muitas pessoas que ainda não sabem o que é realmente o SL e os benefícios agregados ao seu uso. Este assunto realmente é muito amplo para ser tratado em um único artigo, mas abre as discussões... é sempre bom receber opiniões a favor, mas as opiniões contras é que nos fazem buscar sempre um algo mais, traz a reflexão sobre as pequenas imperfeições. O SL ainda vai dominar (se é que já não dominou), lembro me quando comecei a entender de computador a 10 anos atrás e nunca tinha ouvido falar de Linux... hoje podemos ver o oposto deste cenário! Estão falando muito de Linux!


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