Usar técnicas matemáticas para esconder o significado de uma informação não é um artifício de uso recente, pois muito se usou em guerras ou mesmo incidentes governamentais. Histórias incríveis podem ser obtidas, por exemplo, no fantástico livro de
Simon Singh, "O Livro dos Códigos".
Basicamente um algoritmo de criptografia pode ser dividido em
simétrico ou
assimétrico. Os algoritmos simétricos são aqueles que simplesmente possuem uma chave e esta precisa ser compartilhada entre as partes envolvidas na comunicação secreta (
Introdução a criptografia, uma leitura desejável antes de prosseguir a leitura deste).
Os simétricos ainda podem dividir-se em dois tipos, os chamados cifras de
bloco e os de
fluxo (veja
Criptografia chave simétrica de bloco e de fluxo).
A ciência da criptografia pode ser descrita como a eterna e incansável guerra entre os criptógrafos, que querem esconder informações, e os criptoanalistas, que querem torná-las legíveis.
Durante a segunda guerra mundial, por exemplo, os alemães usaram a famosa máquina
Enigma para cifrar suas mensagens. Aliados tentavam achar fraquezas neste equipamento a fim de quebrá-lo mas tinham certas dificuldades, seja pela falta de informações ou pela força do algoritmo em si. O desafio era ainda maior pois a chave usada pelos alemães trocava diariamente, sendo que cada mensagem ainda tinha três letras aleatórias em uma espécie de chave de sessão. Descobrir, com algum esforço, a chave do dia era uma vitória, pois todas as mensagens seriam decifradas, mas os aliados voltariam a estaca zero a meia noite, quando a chave usada pelos alemães seria substituída.
Contudo, se o uso da enigma desta forma era um desafio para os aliados, também o era para os alemães. Com navios, submarinos e exércitos espalhados em vários pontos e com uma chave descartável, usada somente durante um único dia, como dar a conhecer aos operadores de rádio a chave do próximo dia? Não se pode simplesmente transmití-la, mesmo que de forma cifrada. Não é nada seguro transmitir a chave da terça-feira para todos, cifrando-a com a chave da segunda, pois se os aliados conseguiram quebrar a chave da segunda podem simplesmente ler a nova chave sem esforço algum.
Os alemães resolveram isto com a publicação de livros de códigos. Cada livro tinha chaves para vários dias e era entregue em mãos ao operador de comunicações. Este tinha fortes recomendações para destruir o livro e o equipamento imediatamente quando estiver prestes e ser capturado. Jamais deveria o livro e tampouco a máquina, cair em mãos inimigas.
A primeira maneira que os aliados encontraram para quebrar a enigma foi subornar um oficial alemão descontente que lhes entregava uma cópia do livro.
Hans-Thilo Schmidt sentia-se rejeitado pelo exército e tinha ciúmes do sucesso de seu irmão mais velho, do alto escalão alemão. Devido a influência deste seu irmão, acabou em um cargo burocrático e logo passou a vender informações para um agende secreto francês. E eis que um forte esquema de cifras, com chaves de uso diário, é posto por terra por causa de uma fraqueza humana e o compartilhamento de chaves.
A máquina enigma acabou sendo quebrada de forma definitiva por
Alan Turing e suas "bombas" (a história de Turing é muito triste. Sem jamais receber reconhecimento em vida, um dos maiores gênios da criptoanálise acabou cometendo suicídio em 7 de Junho de 1954).
O mais interessante neste assunto de criptografia é todo o sigilo existente em torno dele. O mundo só tomou conhecimento de todos estes detalhes muitos anos depois, permanecendo um completo segredo até então e, talvez, com os alemães ainda achando que sua Enigma fora inquebrável.
Nos dias de hoje não é diferente. Já que não é possível confiar nos meios de comunicação, não se pode usá-lo para transmitir uma chave que será futuramente usada em uma conversa cifrada. A princípio a única maneira realmente segura de troca de um segredo é presencialmente, ou seja, as partes realizando um encontro pessoal e físico.
Mas existiria alguma forma realmente segura e confiável de realizar uma troca de chaves de forma sigilosa sem que um encontro físico ocorresse? Todos haviam desistido desta busca.