Melmoth
(usa Sabayon)
Enviado em 28/03/2013 - 16:31h
O que me preocupa é que os fabricantes e a própria microsoft vão agora utilizar essa brecha na lei para continuar com essa prática pouco louvável. Mas também não me surpreende, pois desde as suas origens, a microsoft utiliza-se de políticas comerciais extremamente agressivas para se impor e sufocar qualquer concorrência a seu carro-chefe: o SO windows. Processos por truste e por atitudes anticompetitivas são frequentes para essa empresa em muitas partes do mundo (até mesmo nos EUA).
Foi mencionado por andreuebe o interesse capitalista. Creio que esse seja o principal motivo: aumentar (ou ao menos manter) a todo custo a sua (já privilegiadíssima) posição no mercado de SO's para usuários finais e para PC's domésticos. E quais seriam as eventuais concorrentes da microsoft no Brasil? Não é a Apple, pois seus PC's e notebooks se dirigem a um segmento da população que apresenta elevado poder aquisitivo. E quanto ao Linux? Bem, muitas distros apresentam as mesmas funcionalidades que o windows, além de maior segurança e estabilidade. Além da característica que é um pesadelo para qualquer capitalista: ele pode ser obtido e instalado gratuitamente. Então o que fazer? Inundar o mercado com notes e PC's com windows de modo a criar um público cativo e que não conheça outras opções (pois a maioria dos consumidores tem apenas conhecimentos básicos de informática e usa o pc p/ atividades triviais - fazer algum trabalho escolar, usar uma planilha, navegar na internet, etc...). Assim, os subsídios aos fabricantes são uma estratégia poderosa para manter esse mercado.
Alguém num post anterior afirmou: quem fabrica tem a liberdade de colocar o sistema que quiser em seu produto. E o consumidor tem a liberdade de comprar ou não.
Em teoria, concordo plenamente!!! Mas o problema, na prática, é que a maioria esmagadora dos produtos comercializados nas grandes lojas de departamento vem com o mesmo SO: o windows. E não há nem mesmo a possibilidade de se obter o produto sem esse sistema: o vendedor limita-se a dizer que isso é impossível (quem não acreditar, por favor faça o teste em alguma loja qualquer hehehe). Portanto onde está a "liberdade" daquela frase de efeito? Só haveria liberdade se existisse ampla diversidade nos SO's oferecidos ou se houvesse a opção de não adquirir o SO.
E como se isso não bastasse, a nova estratégia da microsoft em conjunto com os fabricantes -o Secure Boot - viola ainda mais os direitos dos consumidores ao dificultar a instalação de outro sistema.
Agora, com relação ao questionamento inicial feito por andreuebe: Que fazer? Como mudar este cenário?
Como usuário de software livre, creio que exigir o reembolso do valor do sistema da microsoft sempre que adqurirmos um computador é uma forma de forçarmos as empresas a reverem a suas práticas. Além, é claro de divulgar e incentivar o máximo possível o uso do Linux em nosso meio: família, amigos, colegas de trabalho, conhecidos (e até desconhecidos, rsrsrs). Protestos via twitter e redes sociais poderiam dar mais visibilidade à causa. A ideia de julio_hoffimann é boa: organizar uma petição no avaaz. No terreno político temos o incipiente Partido Pirata. Não sei se já conseguiram o n° de assinaturas para concorrer nas próximas eleições, mas eles compartilham muito da visão aqui exposta.
Também temos que ter coragem de lutar no campo jurídico. Um ótimo exemplo vem de um pessoal da Espanha, que apresentou uma queixa antitruste formal à Comissão Europeia contra a microsoft. A queixa é referente ao uso do recurso Secure Boot da UEFI (Unified Extensible Firmware Interface) em computadores com windows 8.(http://idgnow.uol.com.br/internet/2013/03/26/usuarios-linux-na-espanha-acusam-microsoft-de-inibir-concorrencia/).
P.S.: Notícia fresquinha: o Ministério Público Federal do Espírito Santo ajuizou uma ação civil contra a Caixa Econômica Federal pela prática de “venda casada” nos financiamentos relativos ao Programa Minha Casa, Minha Vida. Mais um incentivo para não nos acomodarmos nem aceitarmos as práticas imorais de gigantes corporativos.