No dia 28 de Agosto próximo comemoraremos o Primeiro Dia
da Liberdade de Software.
Independentemente de uma data comemorativa para o movimento
do software livre, quem abraça essa causa, sem sombra de
dúvidas, deve estimá-la dia após dia. Porém, uma data como
essa, mesmo que inconscientemente, nos faz pensar um pouco
mais a respeito da liberdade no uso do software e seus valores.
Muita coisa tem sido preparada para esse dia pela comunidade
de software livre, mas o intuito principal é o encorajamento
das pessoas ao uso de FOSS (Free and Open Source Code),
através de painéis, distribuição de CDs de instalação e Live
CDs, folders, palestras, etc.
Ultimamente temos notado uma força maior por parte de todas as
esferas de governo (Federal, estaduais e municipais), relacionada
ao apoio à inclusão digital. Simplesmente apoiar a inclusão
digital oferecendo serviços eletrônicos ao cidadão e às empresas
ou criando Telecentros de acesso de maneira desorganizada, é
uma atitude muita vaga em objetivos. Para se atingir o reais
objetivos com a inclusão digital, é necessário muito mais do que
apoiá-la. É preciso conscientizar as pessoas, educar, esclarecer,
para que todos saibam o que é a inclusão digital, o que ela pode
oferecer e quais os seus benefícios.
Um exemplo disso, é o Brasil estar integrando, há algum tempo, os
primeiros colocados no ranking dos países que mais incentivam e
consomem a pirataria. Condição essa, imposta por bens de consumo,
arte, cultura e informação (entenda-se software). O governo tenta
impedir isso de qualquer maneira, inclusive pelas sanções que pode
sofrer se permanecer por mais tempo nessa condição. No caso do
software, o usuário é o principal, ou até, único, responsável pela
propulsão da indústria pirata, apesar de muitos usuários não
possuírem, sequer, o conhecimento de estarem utilizando software
pirata.
Software é informação. É necessário conscientizar o cidadão que se
ele não pode obter a informação de uma forma, ele possui outras
vias. O software proprietário é feito para o desenvolvedor, o
software livre é feito para o usuário. Assim, não é necessário
assaltar um banco, sendo que você é o novo ganhador de um prêmio
acumulado da loteria. Não existe justificativa ou argumentos
convincentes para a pirataria de software.
Antigamente, apesar de não serem plausíveis, existiam ainda alguns
argumentos para a não utilização de software livre pelo usuário comum.
A escassez de programas era um forte fator proibitivo para o usuário
comum. Hoje esse cenário mudou muito, existem inúmeras opções de
programas livres para a realização de tarefas comuns pelo usuário.
Uma ação conjunta entre usuários experientes do software livre,
governos, universidades, setor privado e qualquer um que tenha
condições para alimentar a cultura e a consciência sobre o uso de
software deve fazê-lo.
Um movimento sincronizado entre todas essas partes é necessário e
perfeitamente possível para atacar diversos problemas de nosso país
com uma única e grande manobra.
Não só a inclusão digital, ou exclusivamente a pirataria, ou somente
a educação. Com esse grande movimento, em uma primeira fase,
esclarecendo os usuários de software, podemos conscientizar a todos,
e essas pessoas depois de esclarecidas e conscientizadas, levarão o
software livre para outras pessoas e empresas.
Aos usuários mais experientes do software livre fica a incumbência
de divulgar e dar suporte aos usuários novatos, bem como distribuir
cópias. Aos governos cabe um grande trabalho de educação e
conscientização, em repartições públicas, escolas e distribuindo
alguns softwares de seu interesse, que já existem para plataformas
proprietárias. Às universidades cabem os trabalhos de pesquisa,
desenvolvimento e aperfeiçoamento do software livre. Ao setor
privado se reservam as vantagens da utilização de programas
eficientes, mais baratos e mais robustos para suas aplicações do dia
a dia.
E para todos, a garantia do direito de LIBERDADE.
Liberdade para utilizar, programar, reprogramar, informar, educar e
determinar o que suas máquinas deverão fazer.
Renato Otranto Jr.