Software livre e a liberdade fundamental

O que define a natureza livre de um software é sua licença. Esta licença deve explicitar 4 liberdades numeradas de 0 a 3. Nesta série de artigos serão avaliadas cada uma destas liberdades, seu significado, importância, e sempre que possível será feito um paralelo com licenças não-livres como forma de demonstrar as virtudes daquelas sobre estas.

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Por: Emmanuel Ferro em 23/11/2010


A liberdade fundamental



Definição:

A primeira liberdade, ou liberdade #0, refere-se à finalidade de uso do software, esta liberdade prevê que não haverá nenhuma limitação ao uso do software, por este motivo a classificamos como Licenças não-livres podem impôr limitações de diversas natureza ao uso do software, tais como:

a) Econômica: ex.: vetado o uso comercial.

b) Política: ex.: vetado o uso por países que não mantenham relações com o país de origem do software.

c) Geográfica: ex.: vetado o uso em determinadas regiões do planeta.

d) Ética: ex.: vetado o uso para atividade específica para a qual atribui-se um juízo de valor.

Podemos citar a licença Oracle 10g como exemplo de licença que restringe a liberdade fundamental. Trecho com tradução livre obtida de http://dandb.podhead.net/ em 04 de outubro de 2010:
  • Você não é cidadão ou residente ou está sob o controle dos Governos de Cuba, Irã, Sudão, Líbia, Coreia do Norte, Síria ou outras nações cujo Governo dos EUA sejam proibidos de exportar.
  • Você não poderá fazer download ou exportar os programas, direta ou indiretamente, para os acima mencionados.
  • Você não está listado no Departamento do Tesouro Americano como terrorista ou narcotraficante, não está listado na Lista Negada de Compradores do Departamento de Comercio dos Estados Unidos.

Importância:

Compartilhar software permite que os recursos financeiros dos mais ricos ou de um consórcio de empresas ou desenvolvedores favoreçam pequenas organizações, profissionais liberais, estudantes e até governos. Investimentos públicos ou privados em software podem ser compartilhados com o conjunto da sociedade e produzirem uma significativa economia financeira ou de esforços de trabalho.

A contrapartida dos utilizadores pode ser dada através de traduções locais, testes e reporte de falhas. Softwares como o GNU/Linux se beneficiam de uma grande massa heterogênea de testadores, estes usuários podem ser oriundos de diferentes regiões do planeta, práticas, culturas e línguas diferentes, isso aumenta a eficiência dos testes. Esta prática é impossível de ser reproduzida em laboratório de empresas.

Outro aspecto positivo da liberdade fundamental é favorecer a popularização do software, criando uma oportunidade de negócio em consultoria e suporte técnico próximo ao utilizador do software.

Conclusão:

É natural e desejável que gastos públicos seja otimizados e que os produtos de software oriundos destes gastos estejam ao alcance da sociedade. Se o investimento é privado tem-se a oportunidade de realizar a responsabilidade social por meio do compartilhamento de software.

A liberdade fundamental traduz para o software a boa vontade entre os povos, entre ricos e pobres, entre governos e cidadãos, supera barreiras étnicas, políticas, religiosas, geográficas. Tem um significado altruísta que remete ao melhor do ser humano. A liberdade fundamental pode ser expressa pela palavra compartilhar.

Em breve:

A liberdade de aprender.

   

Páginas do artigo
   1. A liberdade fundamental
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Comentários
[1] Comentário enviado por nicolo em 23/11/2010 - 16:15h

A lista de restrições a, b, c ,d está ok, mas o exemplo não tem o mesmo significado.
O cara da ORAcle apenas colocou um T.C.R (Tirar a Cara da Reta). O governo dele tem restrições e ele não ganha nada em bancar o Spartacus.
É evidente que os direitos autorais e patentes são restrições ou limitações.
É evidente que na maior parte dos casos a restrição é não dividir conhecimento para não dividir poder.

O caso da China é um exemplo, ela fabrica tudo o que pode piratear sem dar satisfação, mas ela pode fazer isso porque é a China, se fosse um pigmeu
já tinha levado porrada.
Niguém abre mão da vantagem tecnológica, e como consequencia, nenhuma multinacional leva tecnologia nova para fora do seu país.
Toda tecnologia disponibilizada é tecnologia obsoleta ou já disseminada.
Logo o Open source em termos tecnológicos, dificilmente deixará de ser pão amanhecido.
No fundo o opensource apenas coíbe os abusos estarrecedores dos mega-conglomerados.

[2] Comentário enviado por eferro em 25/11/2010 - 17:51h

Caro nicolo, obrigado pela contribuição. Entendo que a temática software livre deva ser discutida além dos círculos restritos das comunidades, deve ir ao cidadão comum, aquele que apenas usa software. Por este motivo resolvi escrever esta série de micro-artigos discutindo os aspectos intrínsecos de cada liberdade. Neste artigo especificamente quero falar da importância de dividir o que temos, no nosso caso software, com o próximo e que implicações isto acarreta.

Um abraço.


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