Outro dia, após uma partida de futebol, surgiu o assunto software livre (SL). Fiquei impressionado ao constatar que muitos colegas ainda confundem SL com software gratuito. Este artigo foi inspirado nesta discussão, propõe-se a discutir os reais objetivos por trás da filosofia SL e como esta filosofia pode afetar as relações de dependência entre países ricos e pobres.
A indústria eletrônica é dominada por um grupo seleto de países que detém o estado da arte da produção de componentes eletrônicos. Esta tecnologia envolve um conhecimento adquirido em décadas de investimentos em pesquisa e é estrategicamente protegido por valiosos segredos industriais. Muito embora países como o Brasil tenham uma indústria de hardware, esta, em última análise, a exemplo da indústria automobilística, se relega ao papel de montadoras de placas e circuitos, uma vez que os pequenos componentes como chips e processadores são todos importados.
Diferentemente do hardware, o software, produto abstrato, não tem sua produção dependente da sofisticação dos robôs e da pureza dos materiais, ao contrário, depende exclusivamente da criatividade e do conjunto de conhecimentos que formam a base da produção de software: construção de algorítimos, lógica e matemática. Ainda assim a tecnologia de ponta da produção de software é fortemente concentrada, deixando de fora a maioria dos países subdesenvolvidos.
O que é software livre
Em 1984, o americano Richard Stallman iniciou o projeto GNU (http://www.gnu.org/) e lançou as bases da filosofia de software livre. Desde então, milhares de desenvolvedores em todo o mundo têm trabalhado de forma cooperativa, produzindo software livre para as mais diversas aplicações. Estes desenvolvedores, a quem Stallman chama de hackers [1], formam uma rede dedicada à produção de tecnologia a qual nenhuma universidade ou empresa isolada pode se comparar, uma vez que o movimento de software livre agrega desenvolvedores independentes, empresas, pesquisadores de universidades e qualquer um que desejar compartilhar código ou simplesmente consumí-lo.
Para ser considerado software livre, o software deve ser licenciado de forma a garantir quatro liberdades (numeradas a partir de zero como em c/c++):
Executar o software com propósito comercial ou não;
Estudar o código fonte;
Redistribuir o software como forma de ajudar ao próximo;
Modificar o software para que atenda às suas necessidades.
[2] Comentário enviado por aosouza em 26/06/2008 - 18:33h
Este é um assunto importante e deve ser discutido mais amplamente. Sou membro de uma igreja e estou desenvolvendo um projeto de divulgação e estimulo ao uso de SL, e esta é uma parte do projeto, por isso solicito permissão para utilizar o seu texto durante o desenvolvimento do projeto.
[3] Comentário enviado por opiniao em 26/06/2008 - 20:33h
"A adoção de software livre por empresas de governo tem importância estratégica e afeta diretamente a soberania nacional, pois elimina a dependência de fornecedores estrangeiros, evita problemas por mudança compulsória..."
Sinto muito, mas vou discordar de você. A sua empresa pública infringe a licença de vários programas em GPL e LGPL para fazer o programa do Imposto de Renda, conforme verificou um membro da FSFLA:
[4] Comentário enviado por adrianoturbo em 26/06/2008 - 23:07h
Rapaz é muito complicado falar de software livre perto de alguém que nasceu vendo janelas ,principalmente aqui em Brasília ,as pessoas só enxergam o Windows.
Ficou muito bom seu artigo ,parabéns.
[5] Comentário enviado por eferro em 27/06/2008 - 09:00h
Nossa empresa amigo "opinião", ela é pública.
O Serpro tem 40 anos e há apenas 6 anos adotou software livre. Neste curto período já obtivemos resultados extraordinários e ainda faremos muito mais. Procure conhecer esta empresa que é um orgulho nacional.
[7] Comentário enviado por eferro em 27/06/2008 - 10:22h
Caro amigo aosouza,
Eu licenciei este artigo com Creative Commons (vide cabeçalho), esta licença dá todos os direitos de uso e criação de obras derivadas, resguardado apenas o direito de ser citado como autor. Fico feliz que tenha gostado do artigo e desejo boa sorte na sua empreitada.
[9] Comentário enviado por removido em 27/06/2008 - 17:01h
Muito boas as suas colocações Emmanuel!
Não convém dar ouvidos a membros fake, que criam usuários apenas para comentar negativamente.
Acusações de violação de licença são coisa séria e deveriam ser encaminhadas legalmente. Se estas acusações se limitam a uma lista de discussão, sua confiabilidade é questionável.
[10] Comentário enviado por GuilhermeAugusto em 27/06/2008 - 23:53h
É sempre agradável se deparar com artigos ideológicos em que software livre é levado a sério. Certamente a adoção do software livre por instituições públicas demonstra não só a qualidade do que até hoje ainda é infelizmente considerado um "sistema alternativo", como também a mentalidade inovadora estatal. Nesse aspecto, o Brasil tem do que se orgulhar.
[11] Comentário enviado por joao.ssa em 29/06/2008 - 10:47h
Emmanuel,
Você elaborou um artigo coerente. A divisão dos assuntos foi muito feliz e respeita pontos de vista, dando alternativas para a melhor condução na criação de software.
Minha sugestão é a continuidade deste tema, dando enfoque para a educação fundamental.
Gostei muito das observações feitas sobre a formação dos profissionais e sua base de conhecimento em softwares proprietários.
[12] Comentário enviado por metabolicbh em 29/03/2011 - 07:15h
Parabéns pelo artigo meu amigo! Com certeza suas palavras irão abrir a mente de muitas pessoas que ainda não sabem o que é realmente o SL e os benefícios agregados ao seu uso. Este assunto realmente é muito amplo para ser tratado em um único artigo, mas abre as discussões... é sempre bom receber opiniões a favor, mas as opiniões contras é que nos fazem buscar sempre um algo mais, traz a reflexão sobre as pequenas imperfeições. O SL ainda vai dominar (se é que já não dominou), lembro me quando comecei a entender de computador a 10 anos atrás e nunca tinha ouvido falar de Linux... hoje podemos ver o oposto deste cenário! Estão falando muito de Linux!