Software Livre - GNU x LPG e o Governo x Economia (parte 2)

Nesta segunda parte do artigo, vou falar sobre alguns aspectos econômicos que envolvem o Software Livre no Brasil. É um ponto de vista que até antes do II Encontro de Software Livre da Universidade Estácio de Sá eu não fazia idéia de como é importante. Vale à pena dar uma olhada!

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Por: Jefferson Estanislau da Silva em 01/10/2003


Introdução



Dando continuidade ao primeiro artigo da série (Software Livre - GNU x LPG e o Governo x Economia), vou falar nesta segunda parte sobre o papel do Software Livre dentro da nossa economia, este também foi um dos assuntos da palestra de Licenciamento de Software Livre no Brasil, ministrada pelo advogado Pablo de Camargo Cerdeira.

Economia


Primeiro vamos entender o que vem a ser esta economia. No meu caso, nunca dei muita importância para ela, passei a dar quando a balança comercial e o conflito no Paquistão por causa dos atentados de 11 de Setembro fizeram o dólar ir lá para as alturas. Quem compra mercadorias em dólar, "como deve ser o caso de muitos da comunidade Viva o Linux, pois o preço de nossos equipamentos são diretamente ligados à ele" deve ter ficado louco, pois o dólar estava antes deste evento por volta dos R$ 2,20 à R$ 2,40, e após, passou a casa dos R$ 4,00.

Basicamente, a economia é controlada pela quantidade de dinheiro que entra no país "Exportação de Produtos" e a quantidade de dinheiro que sai do país "Importação dos Produtos". Com isso o governo controla seu caixa, sabendo quanto tem dentro do país para a movimentação financeira, o que seria o dinheiro na mão do povo para fazer suas compras.

A posição do Software na Economia


O mercado de Softwares está diretamente ligado à economia, pois o líder do mercado mundial em software, a Microsoft, é uma empresa estrangeira, isto quer dizer que, para cada máquina rodando Windows no Brasil, lá se foi um contrapeso nesta balança comercial contra o nosso mercado interno e isto acontece com a maioria dos softwares proprietários, que em grosso modo são estrangeiros.

Para você ter uma idéia, uma das estatísticas apresentadas neste evento demonstrava que a Balança de Software está num patamar de 50 pra 1, isto é, para cada 50 que entram no país, apenas 1 saí. Observe que não estou falando do aspecto financeiro, apenas do produto em si, pois se você for levar isso em cifras, a proporção é ainda mais desanimadora.

O grande passo do Governo


Pensando na utilização de softwares livres, este quadro toma um rumo totalmente diferente, pois as divisas ou royalties que antes eram transferidos para fora do país, passam agora a circular no mercado brasileiro e conseqüentemente, geram mais empregos.

Por exemplo:

Digamos que a prefeitura de uma grande capital, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e etc vá fazer uma reestruturação em seus sistemas, atualizando assim seus equipamentos e conseqüentemente os softwares. Eles não precisaram pagar a enorme quantia para adquirir as licenças destes OS e ao contratarem uma equipe ou tendo a sua própria equipe de desenvolvimento, elas estarão gerando emprego, fazendo com que tenha mais dinheiro no bolso do trabalhador e por conseqüência, mais dinheiro circulando no mercado.

A grande vantagem disto tudo é que outras prefeituras com menor poder aquisitivo podem se beneficiar deste software, pois ele é gratuito e o mais importante, também irá gerar empregos, pois precisará de pessoas que possam trabalhar neste software para adaptá-lo às necessidades que esta prefeitura habitualmente enfrenta.

E o lado da Educação


Com o estímulo do governo à exclusão digital, o software livre é ainda mais importante, pois os recursos, "todos nós sabemos que para determinados setores como educação, saúde e segurança, os cofres do governo estão sempre vazios, mas para os salários deles não!!!", são poucos e desta forma, pensar em aquisição de salas de aula que dependessem de SO licenciados, assim como softwares privados, tornariam a causa "exclusão digital", praticamente inviável.

Com o software livre, os poucos recursos que seriam destinados a licenciamentos podem ser reinvestidos para aquisição de novos equipamentos, dando assim uma maior amplitude à causa "exclusão digital". Com isso, temos ainda a chance de aumentar ainda mais a comunidade de usuários de software livre, nós estaremos formando uma nova concepção de usuário não dependente da era Microsoft, com livre pensamento e poder de decisão sobre o que é e será o melhor para seu uso.

Ufa, acho que me empolguei né, hehehehe!!!

O importante nisso tudo que eu escrevi é que quero deixar bem claro, pois muitos estão pensando que está onda de softwares livre pode acabar com o mercado de desenvolvimento, pois todos teriam acesso a softwares gratuitos e assim, não precisariam de um programador ou analista para desenvolver um novo produto. É aí que estão errados!!!

Acho que o legal disto tudo é que desta maneira você preserva a continuidade do serviço e a necessidade de profissionais qualificados para desempenhar estas atividades, pois mesmo que uma empresa de desenvolvimento ou um grupo de desenvolvedores desistam de dar continuidade a um determinado software, aqueles que estão utilizando hoje este produto não precisam se preocupar diretamente com a empresa, bastando apenas ter profissionais qualificados para continuar adaptando e melhorando o produto.

Isto é algo que não ocorre com produtos proprietários. Por exemplo, em 1996 quando todo mundo queria a novidade que era o Windows 95 e muitas empresas investiram pesado para adaptar suas instalações para esta plataforma, a Microsoft não deu nenhuma garantia que iria dar continuidade a este sistema e realmente não deu, pois os usuários que queriam se atualizar tinham de migrar para o Windows 98 e assim por diante. Hoje ainda acontece a mesma coisa, quem comprou o Windows XP, ano passado, este ano já está na mão por causa do XP 2003.

Vou citar um exemplo:

Trabalho em uma instituição que em 2001/2002 montou um laboratório completo para aulas de informática. Por tendências ainda do mercado, todas as máquinas tinham SO Win98 e Office 2000. No início deste ano o laboratório foi ampliado, mas como a maioria das pessoas e empresas possuem o Office 2000, a instituição quis comprar novas licenças deste produto para manter o padrão. O que a Microsoft disse: "Não vendemos mais licenças deste produto, o senhor pode comprar a licença do Office XP, bla bla bla".

Quer dizer, ela simplesmente tira do mercado, "sem ter que dar explicações algumas, pois ela é a detentora dos direitos e faz com ele o que quiser", e te empurra um produto novo e quem é dependente, acaba tendo que aceitar.

Conclusão


O software livre está aí para melhorar a vida e as ações da comunidade, tanto na parte intelectual quanto na parte prática. Por isso, não há o que temer e sim, comemorar, pois o mercado está de portas abertas.

Jefferson Estanislau da Silva
Analista de Sistemas

   

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   1. Introdução
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Comentários
[1] Comentário enviado por jeffestanislau em 02/10/2003 - 09:58h

Quando falo do XP e XP 2003, me refiro ao Server.

[2] Comentário enviado por thiagosc em 02/10/2003 - 14:59h

Ótimo artigo Jefferson !!!

[3] Comentário enviado por tecdom1 em 10/10/2003 - 20:46h

Parabéns, muito bom!!!
Vou por um link para esse artigo na minha pagina, e automaticamente deixo aqui o link de um artigo que escrevi tambem sobre esse tema, está em:
www.tecdom.com.br/clientes/conbratec.php

[4] Comentário enviado por nelson em 26/03/2004 - 13:08h

E ainda a ABES faz aquelas campanhas absurdas contra pirataria e tal... como posso ter softwares legais na minha maquina se eles vendem o produto fora da realidade do mercado brasileiro.


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