Ainda tolhido pelas limitações do hardware daquele NoBo Sharp Actius - A280 que tinha um hdd de apenas 8GB, o surgimento das distros em CD-Live permitiu testar e sentir o desempenho em desktop levando-me a seguir na busca de soluções para instalar de forma mais fácil, prática e rápida, diretamente do CD baixado via internet ou comprado.
A migração definitiva ao
Linux apenas ocorreu depois que troquei o NoBo Sharp Actius por um Acer Travelmate como instrumento de trabalho, em 2005. Entretanto como o hdd embora maior, com 40GB, ainda era limitado já que os arquivos e SO também cresceram, fiquei usando os CD's-Live paralelamente ao Win-XP. Tinha com isto a segurança e a redundância de que precisava em termos de acesso a dados sem precisar usar boot-múltiplo e manter mais de um SO instalado.
O aumento do número de distros que oferecem hoje CD e DVD-Live permite a avaliação prévia da distro preferida, considerando versão de kernel, número de usuários, ambiente gráfico etc, sem precisar fazer a instalação final no hdd. Mesmo a partir de versões Live, é possível em geral ter acesso a todas ou praticamente quase todas as funcionalidades normalmente necessárias para trabalho. Com isto usei CD-Live por vários anos, principalmente quando não estava como em casa, por trás de uma rede com firewall.
O segundo grande choque
Independente da grande preocupação ou quase paranóia em manter bom nível de segurança, com atualizações frequentes de antivírus, além de varreduras completas do sistema pelo menos uma vez por semana, bem como o cuidado em não entrar em sites suspeitos, fazer backup dos dados etc, o inevitável aconteceu quando a Internet via banda-larga ficou disponível.
Apesar de todo o cuidado, saí premiado por falta de atenção e coincidência com o fato de haver solicitado um dia antes a emissão de extrato de conta do celular via email.
Recebi um email contaminado com um link para acessar os detalhes da conta telefônica, com todas as características da operadora genuína, como logotipo, nome correto e em português. A maioria dos vírus da época vinha em mensagens em inglês. Como é tipico em situações de escritório, estava verificando os emails ao mesmo tempo em que estava ao telefone, quando sem prestar a atenção devida, cliquei sobre o famigerado link da conta.
Por sorte, já que mesmo nesta época onde os programas de firewall não eram populares, já usava o ZoneAlarm e fui alertado pela mensagem do mesmo sobre um acesso não autorizado a Internet, podendo "desplugar" o cabo de rede poucos segundos após ocorrer a baixada completa dos arquivos "premiados", possivelmente já estava na metade do segundo item mal intencionado.
Imaginei que nenhum dano maior havia ocorrido, mas por "seguro morreu de velho" fui verificar se poderia recuperar o sistema a uma data imediatamente anterior.
O vírus foi obviamente muito mais rápido do que eu. Já não havia mais nada, nenhuma data para recuperação disponível, apesar de que além dos pontos de recuperação automáticos eu também gerava novos pontos de recuperação a cada dois a três dias.
Por sorte o NoBo Acer Travelmate tinha uma ferramenta de recuperação do sistema a partir de pequena partição oculta no próprio hdd e foi possível mesmo sem a mídia de recuperação voltar o sistema a estaca zero. Não perdi muitos dados, apenas o corriqueiro porque desde muito tempo já usava partição separada para dados e o setup do Acer ao reinstalar o sistema reformatava apenas a partição definida pelo usuário sem destruir todo o conteúdo do hdd. De qualquer maneira foi toda aquela trabalheira típica para reinstalar os aplicativos, reconfigurar o SO para melhor desempenho etc.
Este foi o empurrão que precisava para partir para a migração completa, o segundo grande choque, já que o primeiro foi quando o velho Sharp-Actius me deixou "no pincel" na véspera de uma concorrência internacional.
Alias, fiquei sabendo depois daquela ocasião que o travamento do NoBo Sharp ocorria por um bug na bios, "gatilhado" também por superaquecimento, coisa muito comum em NoBos, principalmente aqueles muito portáteis como era o caso. Bastava deixar desligado por 10 a 15 minutos que voltava a reiniciar normalmente depois de esfriar, sem precisar reinstalar tudo.
De qualquer maneira, agradeço a estes dois choques por terem me levado a efetuar esta migração ao Linux.