Este artigo descreve passo-a-passo o processo direto de como fazer (termo correto: "masterizar") um VCD numa forma que será possível substituir as antigas fitas VHS por vídeos digitais até para o mais leigo Linuxer. E isso fazendo uso de um recurso simples, mas visualmente muito atraente, que são os menus interativos.
Para quem chegou aqui, depois da injeção neural que foi o capítulo anterior, resta a boa notícia de que não há mais mistérios daqui por diante. O arquivo XML é compatível com o dvdauthor e o vcdxbuild. Como estamos trabalhando com as ferramentas do mjpegtools, é mais lógico usar o segundo, que vem no pacote. Para isso, simplesmente digite o comando:
A opção -filename-encoding é necessária por causa de um bug no vcdxbuild ao ser usado num sistema que usa Unicode como codificação de caracteres padrão (quase todas as distros hoje em dia). Não há mais segredos além disso e após alguns instantes o vcdxbuild deve terminar de construir dois arquivos: videocd.bin e videocd.cue.
Sem entrar em muitos detalhes, o .bin é a imagem do CD e o .cue é a informação de como essa imagem deve ser gravada. Não é preciso saber mais nada além disso, apenas o comando que porá um fim a este artigo e às fitas VHS, pelo menos em se falando de Linux:
Em alguns sistemas pode ser necessário executar esta operação como root. --device ATA:1,0,0 indica onde está sua gravadora de CD's e deve ser adaptando ao sistema onde o disco será gravado. A saída do comando cdrecord -scanbus pode dar informações úteis sobre onde está sua gravadora.
Tudo terminado, é hora de assistir ao vídeo com todos os familiares na sala de estar.
[1] Comentário enviado por fabio em 03/10/2005 - 02:07h
Fala Tango,
Em primeiro lugar, meus parabéns pelo artigo, sem dúvida um dos melhores que já foram publicados aqui no VOL. Antes de perdermos os 3 meses de banco, seu artigo estava na fila de espera e masterização de VCDs era algo que eu já queria pesquisar fazia tempo, pois estava louco pra queimar uns VCDs de vídeos pessoais.
Por incrível que pareça, seu artigo foi o primeiro que me veio em mente quando pensei: "putz, perdi 3 meses de artigos". Fique danado por não tê-lo lido enquanto estava na fila de espera :), ainda bem que tinhas backup em casa.
[5] Comentário enviado por lordello em 03/10/2005 - 21:05h
Cara, seu artigo ficou show e sua sobrinha é linda mesmo :-)
Eu trabalho com vídeo e adoro assuntos sobre multimídia.
Crio DVD com auxílio de programas fechados, infelizmente, por falta de opções realmente eficazes e rápidas na criação de DVDs complexos :-/
Tem umas coisas que gostaria de dizer:
- A resolução 352x288 citada é para imagens em PAL, sistema europeu. Aqui no Brasil usamos o sistema ntsc para criar DVDs e VCDs, portanto a resolução correta seria 352x240.
- Audacity: é melhor editar e converter as músicas usando ele, assim pode adicionar fades e alterar o volume da música como achar melhor. É bom que a música de fundo de menu seja baixa, para não incomodar na hora de assistir.
- Margens: as margens de segurança são de 10% nas bordas da imagem e não 30 pixeis como você disse. Ou seja, se a imagem vai ter 352x240 a margem fica em torno de 35x24. Isso vale para qualquer imagem que seja reproduzida em televisores normais, telas LCD, plasma etc.. não seguem esse cálculo.
- A opção --speed do cdrdao é dispensável, se nada for especificado ele irá gravar na velocidade máxima do gravador. O dispositivo pode ser especificado como um dispositivo comum para quem já usa o Linux 2.6, o comando ficaria assim:
$ cdrdao write --device /dev/hda videocd.cue
[6] Comentário enviado por Tango em 04/10/2005 - 12:54h
Valeu pelos adenos, Lordello. A dica do Audacity fop muito boa mesmo, evita um bocado de passos.
A questão do PAL e NTSC me deixou meio perdido. Todo o sistema de televisão brasileiro segue o padrão PAL (-M para ser mais específico). Por que o formato de VCD's e DVD's deveria ser diferente?
A opção --speed estava aí com o objetivo de ser auto-explicativa. Nem todas as distros gravam em velocidade máximo por padrão, alguras gravam a 2x ou 4x quando não especificado. E se você especificar o dispositivo como /dev/hdX o cdrdao usará a interface ATAPI para comunicação. É mais aconselhável usar a ATA, que é mais rápida e requer menos processamento.
[7] Comentário enviado por lordello em 04/10/2005 - 17:49h
Na verdade o sistema aqui do Brasil é uma mistureba feita usando o NTSC e PAL, criando um sistema completamente diferente dos dois.
Resumindo, técnicamente PAL-M é NTSC+PAL piorado, sacou?
A transmissão de TV fica assim:
NTSC 330x525 30 quadros/seg
PAL 330x625 30 quadros/seg
PAL-M 330x625 30 quadros/seg
No caso de DVD/VCD/SVCD não existe PAL-M, só NTSC e PAL. Existe uma variação do NTSC que possui 24 quadros/seg, mas é o mesmo NTSC com menos quadros, usado em filmes somente. Não sei se você sabe, mas os filmes que vemos no cinema têm 24 quadros/seg.
DVD/VCD/SVCD
NTSC 720x480/352x240/480x480 30 quadros/seg
PAL 720x576/352x288/480x576 30 quadros/seg
Dizem as más linguas que PAL é muito melhor do que o NTSC, mas como nunca vi uma TV PAL.
Quanto ao "--speed", acho que você deve ter se engado, já usei quase todas as distribuições e nenhuma delas limita (nas configurações) a velocidade de gravação. Mas tudo bem, é sempre bom lembrar ao pessoal da existência dessa função.
[9] Comentário enviado por Tango em 07/10/2005 - 08:37h
Atualização quanto a opção "--speed", sendo mais específico: Fedora Core 4, se a velocidade não for especificada ele gravará numa velocidade máxima de 8x, mesmo que sua gravadora suporte mais que isso.
[11] Comentário enviado por zereis em 10/10/2005 - 08:54h
Caro colega Tango,
Excelente artigo... Me embaralhei numa situação: como fazer menus com o Gimp? Não tenho habilidades com a ferramenta e imaginei: como o cada item desenvolvido pelo menu será identificado? Se tiver algum artigo que explique isto no Gimp, me envie, por favor, pois fiquei no meio da estrada...
[12] Comentário enviado por Tango em 10/10/2005 - 20:33h
Olá Zé,
O menu do GIMP não é nada além de uma imagem e ponto final. Quem define como o menu se comporta é o XML. A finalidade do mesmo é somente de informar ao usuário quais teclas do controle remoto estão disponíveis e a função de cada uma.
Nada impede que você faça um menu completamente branco, só vai ser mais complicado para quem estiver assistindo de descobrir o que apertar para ver o vídeo. ;-)
Você pode utilizar a ferramenta que bem entender, o GIMP foi somente a mais acessível e prática. A única exigência é que a mesma salve figuras no formato PPM RAW.
[13] Comentário enviado por andersonmo7 em 11/12/2005 - 16:24h
Primeiramente parabéns pelo excelente artigo.
Eu capturei um VHS pela placa de captura. Foi gerado um avi (audio: 8bit mono, 44100, com 12 frames/sec, e resolucao de 384x288)
Quando eu abro ele no avidemux, ele corta parte do começo do video.
Além disso quando tento selecionar o "VCD res" ele informa: cannot find PAL/NTSC type". Entretanto se eu tento com um arquivo mpeg, ele funciona certinho, conforme seu artigo.
[14] Comentário enviado por Tango em 31/12/2005 - 21:18h
Anderson,
O problema que você está tendo se deve ao fato de que o seu vídeo possui um framerate bem peculiar (12fps). O Avidemux não sabe que tipo de formato dar ao vídeo, se PAL ou NTSC. Já enfrentei este problema antes com um vídeo Quicktime e na época não havia solução disponível.
Agora porém existe uma maneira bem simples (para Avidemux >= 2.0.40): Siga todos os passos descritos acima até chegar em V Filter. Neste momento, antes de selecionar "VCD res" clique em "Adicionar" e escolha "Resample FPS". Mude para 25 ou 30 quadros por segundo e todo o procedimento pode ser seguido normalmente.
Por favor, me dê um retorno se isso foi suficiente para resolver seu problema, reamostragem de quadros ainda é algo que não experimentei extensivamente e apesar de estar bem certo de que irá funcionar, não posso dar garantias.
[16] Comentário enviado por kazzttor em 07/07/2007 - 19:03h
Vamos lá, meu povo!
Umas observações legais para serem feitas:
1. Audacity - Façam uso dele caso desejem uma trilha sonora para o menu mais incrementada, depois salve como wav. Uma dica: Execute o efeito "Compressor" no áudio, caso acho que o som contenha clippings, e em seguida, o "Normalize", para ajustar o som a um volume mais agradável.
2. Padrão de Cor - Essa é a grande questão. Se você grava programas da televisão, não recomendo você salvar o arquivo em PAL e sim em NTSC. Eu explico: O sistema de cor daqui do Brasil é PAL-M, que é o vídeo em formato PAL, mas com a taxa de 29,97 frames por segundo, a mesma do NTSC. Ao salvar um vídeo em PAL com a gravação de TV daqui, o vídeo perde qualidade, pois o video PAL roda a 25 quadros por segundo e por isso o programa tem que jogar fora quase 5 frames a cada segundo e o vídeo, evidentemente perde qualidade. Só utilize o formato Pal, se você, evidentemente gravou o vídeo de uma câmera que opere em modo PAL (e não PAL-M) também.
3. Queimando etapas com o K3b - Como sabemos, o K3b é um aplicativo do gerenciador de janelas kde para gravação de CD's. O K3b, na verdade é um frontend de vários aplicativos úteis em gravação e autoria de CD's e DVD's, inclusive da maioria dos citados nesse tutorial. Se você puder utilizá-lo, você criará facil e rapidamente uma ferramenta poderosa para criação de seus VCD's.
4. Margens do menu - A questão da margem é importante, mas pode ser descartada, visto que grande parte dos televisores modernos não cortam a imagem.
5. Juntando audio e vídeo no menu - Esse ponto é importantíssimo. pois pode causar um efeito indesejado ao menu. Duas coisas podem ocorrer com o menu: ou o som acaba e o vídeo continua, ou o vídeo acaba antes da música e corta o som de repente. Qual a dica? Calcular quantos frames serão necessários para que áudio e vídeo terminem juntos. O cálculo é simples: Mutiplique o tempo da música em segundos pela taxa de frames por segundo utilizada pelo vídeo.
6. Gravação de boa qualidade - A premissa de que a pressa é inimiga da perfeição é válida para a gravação de CD's. Não utilize a velocidade máxima para gravar o CD, e sim uma velocidade menor, pois assim a qualidade dos dados gravados será superior. Uma gravação boa utiliza uma velocidade de 12x ou menos. Eu costumo usar 8x.
Esse tutorial é estupendo, sobretudo na criação de menus. Um abraço.