Alguns artigos tentaram problematizar ou estimular o Open Hardware. É com espírito de desenvolvimento aberto que quero desenvolver um mouse conjuntamente com inovações em interface de usuário (GUI- Graphical User Interface). Porém tenho dúvidas iniciais sobre questões de diferenças hardware x software, viabilidade de desenvolvimento etc, para os quais espero comentários para iniciarmos um debate.
Vamos então começar o debate sobre a viabilização do Open (ou Free) Hardware:
Inicialmente, o que definiria um hardware proprietário de um que seja open ou free?
Resposta: A possibilidade da comunidade contribuir no seu desenvolvimento. E para que tal aconteça, precisa estar registrado em uma licença pública que garanta a continuidade dessa condição, ou seja, que o projeto não seja roubado pelos desenvolvedores proprietários fechados.
Creio que esse é um ponto interessante para começarmos, já que no nosso caso queremos desenvolver um mouse. Periféricos como teclado e mouse são fabricados por muitos fabricantes, e não há monopólio, embora um ou outro traga recursos exclusivos como ergonometria, novos botões etc. Mas sobre o básico deles é impensável de se pagar patente, embora no desenvolvimento deles com certeza tenha havido gastos (nisso podemos lembrar de que que os custos para qualquer novidade física - não virtual - costumam exigir gastos maiores do que no desenvolvimento de softwares livres, tal como se comentou no artigo "Open Hardware: Quem topa o desafio?" de Marcelo Rodrigues Bento).
Se o movimento do Software Livre já produziu maravilhas que deixou os proprietários fechados com inveja, o mesmo ainda não aconteceu com Open/Free Hardware, mas pode vir a acontecer, e devemos tomar cuidado para que quando aconteça, esteja protegido por direitos para impedir a apropriação indevida.
Então, que mudanças em hardware são patenteáveis? A rigor, quando se trata de inovações físicas, muita coisa pode ser patenteada desde que traga uma funcionalidade nova ou aumente o desempenho em relação a antes. Nos exemplos de pedidos de patentes do site do próprio INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), mostra que mudanças no formato do plástico que melhorem a utilidade do objeto (no caso era um comedor de ração para pássaros) podem ser patenteados.
Uma das possíveis soluções práticas pode ser registrar patente sobre a inovação em hardware e depois abrí-la pra colaboração (se quiserem contestar, vamos debater), e se não for possível deixar o registro da patente em aberto para o projeto aberto, fazer um novo registro a cada implementação que valha a pena.
[1] Comentário enviado por jeroavf em 16/06/2008 - 11:04h
O Open Hardware existe há muito tempo , desde a divulgação dos circuitos eletronicos em revistas como Antena , Nova Eletronica, Saber Eletronica etc. O que é novo e está chamando atenção é a convergencia de programação de microcontroladores usando GCC , linux embarcado em placas construidas com a divulgação de seus equemas, pabx de baixo custo usando asterix, uClinux para populações carentes e softwares de CAD para placas de circuito impresso Open-Source ou freeware (gEda , Eagle). Esta convergencia permite a qualquer um criar dispositivos de acordo com a sua necessidade e complexidade maior ou menor de acordo com a sua habilidade com eletronica. Um bom exemplo disso é o Arduino (http://arduino.cc) que conseguiu criar um ecosistema de criação de hardware livre usando GCC,JAVA e microcontroladores de baixo custo que contabiliza mais de milhares de placas construidas para as mais diversas utilizações.
Eu sou um entusiasta do assunto e sempre que posso divulgo este conceito:
Jeronimo Avelar Filho www.blogdoje.com.br
Avr , Arduino, Arm e Tecnologia em geral
[2] Comentário enviado por DanielGimenes em 16/06/2008 - 13:33h
Acredito que a Microsoft e a Apple já adotam um esquema mais aberto quanto às patentes, apesar da ridícula ameaça ao Linux citada. Eles devem manter as patentes fechadas para desincentivar empresas menores e ter alguma segurança.
[3] Comentário enviado por Teixeira em 16/06/2008 - 15:00h
A idéia em si é muito boa e merecedora de aplausos e incentivo, porém de muitas considerações ainda - o que todavia não chega a ser um obstáculo.
As primeiras dificuldades a serem vencidas são exatamente de natureza legal, envolvendo patentes e forma de licenciamento, que devem ter apoio no Direito Internacional.
Acho que uma boa forma de licenciamento seria aquela em que todas as empresas do mundo pudessem fabricar dispositivos "open" desde que não pretendessem futuramente apoderar-se ("legalmente") de nenhuma das particularidades do projeto, e em caso contrário sofressem PESADAS sanções.
De vez que ainda não existe uma licença com tais características, teria portanto que ser MUITO bem redigida e ter abrangência mundial.
Em nosso país temos de considerar ainda a - pesadíssima - carga tributária sobre os assim-chamados "produtos industrializados", onde o simples ato de colocar uma embalagem mais apropriada a um produto constitui-se em "industrialização" e gera impostos cumulativos (embora o governo sempre jure de pezinhos juntos que não está praticando tributação múltipla sobre o mesmo produto).
Aprende-se na Faculdade de uma forma, mas governo após governo, vão negando tudo aquilo que aprendemos.
A grande indagação é: Quem fabricará o "nosso" mouse a partir do zero, em escala industrial, mas sem nenhum incentivo fiscal?
Devemos considerar que "nosso" mouse talvez não seja nenhum campeão de vendas e que os custos iniciais sejam altos (moldes, estamparia, etc.).
Com uma carga tributária de quase 50% (ou mais, considerando encargos sociais) a tendência é que o projeto seja inviabilizado no nascedouro.
Um mouse "standard" pode custar cerca de R$ 6,50 a R$ 20,00 (se importado da Ásia) porém custará muito mais do que isso se for fabricado - e não apenas montado - aqui.
Contudo, muitas coisas que eram impossíveis há alguns anos, atualmente são perfeitamente viáveis.
Cito como exemplo o telefone, inventado por Alexander Graham Bell, uma ferramenta de inegável utilidade nos lares e sobretudo nas empresas, podendo-se até ousar dizer que foi o que tornou viável a internet da forma como a conhecemos.
Pois bem, esse invento teria passado totalmente despercebido, se nosso querido D. Pedro II não se houvesse admirado de tal invenção (ao ponto de exclamar: "Meus Deus! Isto fala!") e literalmente "vestido a camisa" do Graham Bell, financiando-o durante um bom tempo.
O identificador de chamadas (Bina) foi inventado por um brasileiro e 8 anos após haver finalmente saído o seu registro de patente, foi lançado um produto similar, canadense, cujos sucessivos clones são o que hoje chamamos de "caller ids".
Infelizmente, D. Pedro II não estava mais entre nós e parece que depois da sua época os governantes pararam de ter aquela visão excelente.
Como já disse, pode até ser mais difícil. MUITO difícil.
[4] Comentário enviado por celioishikawa em 17/06/2008 - 20:32h
Obrigado pelos comentários. Com certeza será útil.
Na verdade o projeto de Open Hardware Mouse ainda está em conceitos, ainda que uma idéia ou outra seja bem empolgante. De um projeto bem conceituado espero que surjam oportunidades para prosseguir. Eu também acho que não é impossível. Se as pessoas desistissem quando parecesse impossível, nem teria nascido o software livre.
[5] Comentário enviado por GilsonDeElt em 18/06/2008 - 12:41h
celioishikawa, d+ seu artigo, cara
realmente, é um bom ponto para se debater
mas há todo o já citado problema da 'legalidade' dos projetos, e as leis para tal