lcavalheiro
(usa Slackware)
Enviado em 19/04/2015 - 01:32h
effectos escreveu:
"já pensou se o gerenciador de dependências não te empurrasse goela abaixo meia centena de pacotes totalmente desnecessários e que você não vai usar pra nada só porque um empacotador retardado disse que aquilo era dependência. "
Isso é um fato, acredito que ninguem tenha coragem de dizer o contrario, porém também é fato que sendo bom ou ruim ele economiza muito tempo, e particularmente falando, já passei meses e meses instalando softwares com um gerenciador me empurrando "goela abaixo" centenas de pacotes desnecessários, sem grandes problemas.
Só prorrogando esse assunto mais um pouco, sei que você é um dos - se não o maior, defensor do uso do Slackware no VOL, mas não concorda que ele é um tanto quanto antiquado para os usuarios finais ? Quero dizer, sem gerenciador de pacotes, sem interface gráfica para configurações e sem documentação oficial em Português (atualizada), os usuarios que só querem assistir seus vídeos e utilizar suas Redes Sociais vão obtar por um Ubuntu da vida, e isso é natural e compreensivel.
Quero deixar claro que estou prorrogando o assunto não pra criar polêmica, mas porque penso que essa é uma discussão interessante e que vale a pena se fazer de vez em quando. Ademais, ela é divertida :-)
A questão é, de que tipo de usuário final estamos falando? AlienBOB, por exemplo, define o Slackware como "GNU/Linux para pessoas alfabetizadas" - certamente isso é um exagero, mas demonstra bem que o desenvolvimento do Slackware é voltado pro sujeito que se tiver uma dificuldade na vida vai sentar, analisar, pensar, desenvolver uma estratégia e aplicá-la para resolver o problema. É o tipo de cara que se tem uma dificuldade não posta uma pergunta num fórum e espera uma resposta, mas é o cara que geralmente vai ler uma dessas perguntas banais e vai tentar reproduzir o problema no seu computador (a parte mais difícil da coisa, porque produzir um erro no Slackware é tão difícil quanto haver um aumento decente no salário mínimo) para observar o que acontece, sentar, analisar, pensar, desenvolver uma estratégia, aplicá-la para resolver o problema e relatar sua experiência para o cara que postou a pergunta boba no fórum e ficou sentado esperando a resposta cair do céu. Observe nas perguntas mais escabrosas aqui no VOL a quantidade de slackers que sentam para ajudar a resolver a questão cabeluda - e no fim a resposta vem com uma meia dúzia de comandos no terminal.
[momento egocêntrico]Mais da metade das dicas e artigos que escrevi aqui no VOL tiveram essa origem, inclusive o Guia de Pós-Instalação do Slackware (http://www.vivaolinux.com.br/artigo/Guia-pos-instalacao-do-Slackware/). Eu estava sem dormir e bebendo havia seis ou sete dias quando um membro aqui do VOL (acho que foi o Daniel Lara) perguntou o que fazer após instalar o Slack. Eu estava em um computador Windows, mas fui passando pra ele de cabeça o que era necessário. Quando terminei, vimos que valia a pena colocar a coisa toda em um artigo, que foi esse aí que eu postei. Um slacker não é um apenas um usuário do Slackware, ele é um adepto do Hacker Manifesto.[/momento egocêntrico]
Quanto à documentação... poucas coisas realmente mudaram no Slackware, então as chances de você pegar um tutorial para o Slack 8.1 e ele ainda funcionar no Current hoje são altíssimas. Entretanto, a existência de pouca documentação em português não é um problema que aflige só o Slackware. O openSUSE, por exemplo, sofre do mesmo mal.
Mas convenhamos: qual é o usuário comum que lê documentação? O usuário comum é aquele que só quer saber de acessar suas redes sociais, e-mails e digitar documentos. Ele não quer saber, ou melhor, ele pensa que não precisa saber que sistema operacional usa, qual o nome dos programas que usa, como instalar uma impressora... Se o público alvo do Ubuntu é essa galera, bem... deu uma pena agora do Ubuntu...
Talvez eu seja o usuário do Slackware mais barulhento aqui do VOL, mas não quer dizer que eu seja o maior defensor dele. Praticamente todo Slacker se torna um defensor ruidoso da distro (acredito que o Xerxes acertou quando cunhou o termo "A Maldição de Patrick Volkerding" em
http://www.vivaolinux.com.br/artigo/A-Maldicao-de-Patrick-Volkerding), então temos uma distro usada somente por maiores defensores. Porém, eu não vejo o Slack como panacéia universal. Quando estou de frente com um usuário comum, não adianta mandá-lo instalar ou administrar sozinho o Slackware que ele não vai querer ler o que ele precisará ler pra isso. Se houver alguém para fazer isso por ele, ele usará o computador sem nem sentir - como minha ex-esposa fazia com o meu notebook -, mas do contrário, nem adianta. Agora, se o cara está em um curso técnico ou em uma graduação e quer se comportar como usuário comum... bem, eu não sou chamado de Dino por aqui à toa :-)
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Luís Fernando Carvalho Cavalheiro
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Só Slackware é GNU/Linux e Patrick Volkerding é o seu Profeta