Teixeira
(usa Linux Mint)
Enviado em 21/03/2012 - 11:49h
Pude constatar que muitas pessoas que estavam infartadas nesses hospitais por onde passei eram reincidentes.
Posso chutar algo em torno de 70%, o que é um número considerável e bastante grave.
Parece que a primeira experiência para aquelas pessoas não foi convincente...
Constatei que infartados, hipertensos e diabéticos em geral se tornam extremamente abusados, e passam a brincar com a sorte e a zombar de sua nova realidade clínica.
Passam a fazer propositadamente tudo o que não podem nem devem fazer, como se vivessem em um grande sonho, "um grande barato".
Aí se empanturram de chopp, churrasco, pizza, doces, gorduras, queijos escuros temperados, e tudo isso "às toneladas", como se achassem que estando uma vez no hospital estariam totalmente curados e sem necessidade de controle algum.
Acho que seria uma espécie de "síndrome do super-herói" (isso existe?)...
Não é por falta de aviso médico. Meu cardiologista me deu nada menos que 90 dias de inatividade total.
Total no caso significa
total mesmo, e há recomendação até mesmo para não deitar de lado e, nos primeiros 30 dias, sequer dobrar os braços.
E somente após esse período inicial de 90 dias é que ele irá avaliar se poderei exercer alguma atividade física (afinal não posso ficar sedentário por indicação médica).
Por enquanto, não posso nem mesmo dirigir automóveis.
Portanto, ao ver as barbas do vizinho arder, devemos deixar as nossas de molho.
Vou ter de deixar minhas atividades no FBI (Federação dos Baixinhos Invocados) de lado e ficar mesmo "de molho", apenas imitando peixe o dia todo.
A dieta, que é imprescindível, tem sido o eterno calcanhar de Aquiles das pessoas portadoras de enfermidades crônicas.
Mas como eu sou assim uma espécie de "Santos Dumont da culinária nacional", já inventei uma série de "ragouts" alternativos, como o
pão de queijo sem queijo (feito com iPim cozido, ralado e levado ao forno), o
sanduíche de abacaxi com tomate e orégano, e doutros manjares talqualmente festivos.
Afinal, a gente tem de inventar um pouco. Se demorasse mais um pouquinho eu já estaria cacarejando de tanto comer filé de peito de frango (detalhe: nada de produtos industrializados, embutidos, enlatados)...
E também diz o velho ditado que "barriga de padre é cemitério de galinha".
Eu não sou padre mas a motivação é a mesma da época em que inventaram esse ditado: a idade!
Afinal, galinha não faz mal para ninguém (exceto para as minhocas, etc.), e esse bichinho penoso passou a fazer parte do meu cardápio.
Se o Sindicato das Galinhas viesse reclamar, eu somente poderia dizer:
É uma pena!...