Por Antonio Claudio Sales Pinheiro -
tuxbr@bol.com.br
* publicação autorizada pelo autor
Hoje o sistema de arquivos padrão na maioria das distribuições
Linux ainda
é o
ext2. Este sistema de arquivos não é muito tolerante a falhas
provocadas pelo desligamento incorreto do computador ou desmontagem
incorreta do sistema de arquivos, além de ser extremamente lento no
processo de verificação da integridade do sistema de arquivos após um
dessas ocorrências.
O sistema de arquivos
ext3 é uma evolução do ext2 (alguns não vêem
dessa forma), na verdade é a adição do conceito de "
journal" ao ext2,
o que não quer dizer que o ext2 vai deixar de evoluir e sofrer
melhoramentos, entretanto o ext3 tem apresentado algumas vantagens em
relação ao seu antecessor e por isso tem ganhado muito espaço nas máquinas
Linux que estão sendo instaladas ou atualizadas.
A principal vantagem do ext3 em relação ao ext2 é a adição do mecanismo
de "journaling" que confere a ela mais robustez no tratamento de erros e
maior facilidade e rapidez na recuperação do sistema de arquivos após uma
parada inesperada.
Se o sistema de arquivos que você utiliza ainda é o ext2, mas você deseja
mudar para o ext3, saiba que isso pode ser facilmente feito e nem mesmo é
necessário desmontar o sistema de arquivos para realizar a mudança (não
é preciso executar a conversão sobre a partição com o sistema de arquivos
desmontado).
O que é preciso para alterar
Você vai precisar de uma versão do Kernel que já implemente o suporte ao
sistema de arquivos ext3, que pode ser obtida em
ftp://ftp.kernel.org/, como por exemplo a 2.4.18 ou superior.
Você também pode fazer isso utilizando um patch para a série 2.4 do Kernel
que pode ser obtido em
http://www.zip.com.au/~akpm/linux/ext3/, mas eu particularmente prefiro não fazer esta atualização utilizando o patch e sim uma versão recente do Kernel.
Você também vai precisar ter instalado o utilitário
tune2fs que servirá para efetuarmos a conversão do sistema de arquivos, ele provavelmente estará instalado por padrão, mas se não estiver, instale-o utilizando o CD-ROM de sua distribuição Linux.
Opções do Kernel
Ao ser compilado o Kernel, deverão ser selecionadas as opções em:
- File systems --->
- "Ext3 journalling file system support"
- e "JBD (ext3) debugging support"
que serão responsáveis pela habilitação do ext3.
Não vou cobrir aqui o processo de compilação do Kernel, pois existe muito
material na internet sobre o assunto e mesmo porque não é o enfoque deste texto.
Colocando a mão na massa
1° - Faça a recompilação do Kernel habilitando o suporte ao sistema de arquivos ext3, escolhendo as opções mencionadas. Se essa fase do processo for um pouco traumática (as primeiras vezes podem ser) devido a erros no processo de compilação, não desanime, é uma excelente oportunidade para você aprender um pouco mais sobre o Linux.
2° - Se a compilação for concluída com sucesso você já pode fazer a conversão das partições para o sistema de arquivos ext3, para isso você vai utilizar o tune2fs da seguinte forma:
# tune2fs -j /dev/hdx
Onde /dev/hdx deverá ser substituído pela partição que está sendo convertida, é claro.
3° - Após ser efetivada a conversão, que é muito simples e rápida, deverá ser modificada a sua tabela de partições para informar ao Linux que as partições agora são ext3. Isso é feito alterando-se o arquivo
/etc/fstab da seguinte forma (isto é apenas ilustrativo, vai depender de como você particionou o seu disco):
Provavelmente as partições estarão assim:
/dev/hdx / ext2 defaults 1 1
Deverão ficar desta forma:
/dev/hdx / ext3 defaults 1 1
4° - Você também poderá mudar os intervalos que o sistema de arquivos deverá ser checado pelo fsck desabilitando esta verificação, pois isso não é mais tão importante devido a maior segurança do ext3. Isso pode ser feito da seguinte forma:
# tune2fs -i 0 -c 0 /dev/hdx
5° - Agora é só reiniciar o computador que você estará com seu novo sistema de arquivos funcionando. Utilize o comando
dmesg e verifique que nas mensagens de boot aparecerão informações sobre a montagem do sistema de arquivos como ext3, algo do tipo:
..............
EXT3-fs: mounted filesystem with ordered data mode.
VFS: Mounted root (ext3 filesystem) readonly.
..............
Isso é sinal que o seu Kernel está realmente dando suporte ao novo sistema de arquivos que você habilitou na compilação.
Conclusão
Com certeza é muito interessante a conversão do seu sistema de arquivos ext2 para o ext3, pois isso trará uma maior segurança aos seus dados devido ao mecanismo de "journaling" que este possui, garantindo maior capacidade de recomposição do seu sistema de arquivos após uma desmontagem anormal.
Além disso, o próprio processo de recuperação é extremamente rápido, não estando o usuário obrigado a aguardar intermináveis checagens de consistência de sistemas de arquivos, que dependendo do tamanho das partições pode ser realmente muito demorado.
Este pequeno roteiro não tem a menor pretensão de esgotar o assunto, nem tão pouco se aprofundas nos conceitos do que foi exposto aqui. A intenção é apenas nortear quem tem intenção de se aventurar na conversão do seu sistema de arquivos ext2 para ext3, servindo de guia básico para esta finalidade, espero que de alguma forma isto possa ser útil para alguém.