Aqui a grande questão que este breve texto pretende elucidar. Trata-se, obviamente, da pergunta:
- Tenho perfil de usuário
GNU/Linux?
Adianta-se que a palavra "perfil" não está ligada à capacidade intelectual, ou mesmo à habilidade em lidar com computadores. Trata-se da capacidade de usar o sistema operacional livre no dia a dia satisfatoriamente, lidando com os problemas porventura encontrados.
Afirma-se, de início, que será capaz de usar o GNU/Linux no dia a dia apenas aquele usuário que não depende inteiramente de determinados programas proprietários, que só rodam em sistemas proprietários (Windows ou MacOS X). Com efeito, há programas livres que podem substituir programas proprietários, mas muitos dos candidatos a usuários de software livre não encontrarão satisfação plena nessa substituição.
É preciso deixar claro, que o GNU/Linux é plenamente capaz de substituir os sistemas proprietários no uso comum do computador, ou seja, para navegação Web, incluindo mensageiros e redes sociais, utilização de e-mail com troca de arquivos em vários formatos (DOC/DOCX, XLS/XLSX, PDF, JPG, PNG, TIF etc), multimídia (música e vídeo, MP3, MP4, AVI, MKV, RMVB etc), escritório (edição de textos, planilhas e apresentações, com a maior parte das funções encontradas no programa líder de mercado, e compatibilidade com os formatos daquele mesmo programa), gerenciamento de coleções (fotos, vídeos, músicas), escaneamento de imagens, impressão etc.
Quanto às qualidades do candidato a usuário de GNU/Linux, exige-se, em primeiro lugar, a curiosidade. O GNU/Linux é, definitivamente, um sistema para curiosos, ou para aqueles que querem enxergar além do que está em evidência no mundo da tecnologia.
Em segundo lugar, exige-se paciência, pois a troca do sistema proprietário pelo livre vai exigir adaptação a uma mentalidade diferente. Em terceiro lugar, exige-se a vontade de mudar, que implica na vontade de aprender algo novo, obviamente com algum sacrifício pessoal (no mínimo, perde-se tempo. E tempo, hoje em dia, é precioso).
Tendo em conta o que já foi dito, apenas você, enquanto candidato a usuário do "sistema do pinguim", poderá responder à primeira pergunta deste tópico. Sabendo, de antemão, que você não precisa ser um hacker, um gênio da informática ou mesmo um "nerd" para usar GNU/Linux, restará a análise dos demais requisitos aqui descritos para que o perfil seja ou não preenchido.
E se, mesmo com impedimentos, prevalecer a curiosidade sobre o sistema do pinguim, é perfeitamente possível usá-lo na mesma máquina em que se usa um sistema operacional proprietário, na configuração que costuma ser chamada de "dual boot" (boot duplo, ou inicialização dupla).
Quanto à segunda pergunta, relativa à dificuldade em usar GNU/Linux, afirma-se que o principal obstáculo reside na instalação, já que a grande maioria dos usuários de computadores nunca instalou um sistema operacional.
Essa maioria comprou um computador com Windows ou MacOS X instalados (também há computadores com GNU/Linux instalado à venda, mas a maior parte usa versões defasadas, em instalações malfeitas). E quando estes computadores apresentaram defeitos, foram entregues a "técnicos" que não passavam de formatadores de discos rígidos.
Assim, para que seja possível desfrutar de um sistema operacional GNU/Linux de qualidade, devidamente instalado, é preciso que o usuário se disponha a por a "mão na massa", instalando ele mesmo a distro escolhida.
Instalar o GNU/Linux é difícil? É muito complicado? Não.
Já que os programas de instalação têm opções que vão desde "instalar dentro" do próprio Windows (opção válida apenas para um "primeiro contato"), até a "remoção completa" do que está no HD, passando pela opção de instalação "lado a lado" (lembra-se do "dual boot"?).
Aconselha-se àqueles que quiserem experimentar o GNU/Linux e que, até este momento, tiveram pouco ou nenhum contato com o processo de instalação de um sistema operacional, que pesquisem aqui e nos diversos sites especializados, até porque há inúmeros guias de instalação em texto (quase todos com imagens) e em vídeo, abrangendo diversas distros.
Com um desses guias nas mãos (impresso ou na tela do seu notebook, para consulta durante a instalação no seu desktop), qualquer pessoa familiarizada com computadores será capaz de instalar o GNU/Linux.
Considerações finais
Sei que não posso afirmar que não existe "malware" para GNU/Linux. Existe, e isso é fato. Mas posso afirmar que o índice de contaminação do GNU/Linux, na minha experiência, é absolutamente zero.
Uso GNU/Linux há cinco anos, e nunca vi vírus ou "malware" capaz de afetar este sistema.
Por outro lado, o índice de contaminação das versões piratas de softwares proprietários é alarmante, e isso traz aos usuários destes softwares grande risco. Com efeito, pode-se perder muito mais do que arquivos quando se abre mão da segurança em prol da facilidade, ou do costume.
A honestidade aliada à segurança, são dois bons motivos para se usar o GNU/Linux e o Software Livre em geral, lembrado ainda, que a opção livre é uma escolha inteligente.
Ora, se o trabalho de milhares de programadores ao redor do mundo me dá a opção de usar software gratuito, seguro e capaz de suprir minhas necessidades, eu devo, ao menos, tentar usá-lo. Ou não?
Cabe a você, caro leitor, a opção.
Informações pertinentes:
- As imagens aqui utilizadas foram obtidas através da pesquisa do Google.
- As informações fornecidas sobre a história do GNU/Linux são oferecidas em palavras do autor, mas certamente constam, de uma forma ou outra, em diversos sites que tratam do fenômeno GNU/Linux e do FOSS (Free and Open-Source Software) em geral.