Entendendo TCP/IP (parte 2) - Endereços IP

Esse é o segundo artigo sobre TCP/IP que escrevo. No primeiro falei sobre a camada física TCP. Neste
artigo eu explico a camada de rede. O que são endereços IP, para que serve e como calcular a
máscara de sub-rede, endereços válidos e inválidos, roteamento. O objetivo é ensinar os conceitos,
mostrar os comandos mais comuns, e os arquivos de configuração envolvidos na configuração da rede.

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Por: Ricardo Lino Olonca em 01/04/2011


Problemas do IP



O TCP/IP versão 4 possui 32 bits. Com isso, temos mais de 4 bilhões de endereços disponíveis. Mas hoje em dia temos mais de 6 bilhões de pessoas no mundo, ou seja, logo de cara já temos uma falta de pelo menos 2 bilhões de endereços.

Para piorar esse problema, muitas empresas precisavam (e precisam) ter vários endereços. Para amenizar isso, a princípio, foi necessário dividir os endereços IP em 5 intervalos, conforme a figura abaixo.
Na classe A, o primeiro número do IP definia a rede, e os três últimos definiam as máquinas dentro da rede. Portanto, uma grande empresa que tivesse um endereço 60.0.0.0 tinha a sua disposição 256x256x256 máquinas na rede (2 elevado a 24), totalizando cerca de 16 milhões de IPs.

Na classe B, os dois primeiros números definiam a rede, e os dois últimos definiam as máquinas dentro da rede. Portanto, uma empresa que tivesse um endereço 180.10.0.0 teria a sua disposição 256x256 máquinas em sua rede (2 elevado a 16), totalizando cerca de 64 mil IPs.

Na classe C, os três primeiros números definiam a rede, e o último definia as máquinas dentro da rede. Portanto, uma empresa que tivesse um endereço 200.221.28.0 teria a sua disposição 256 máquinas em sua rede (2 elevado a 8). Na verdade, são 254 endereços disponíveis, pois o primeiro e o último são reservados. Vou explicar isso mais pra frente.

A classe D é usada para aplicações Multcast, ou seja, quando uma estação precisa se comunicar com várias máquina. Mais informações em: http://pt.wikIPedia.org/wiki/Multicast

A classe E é usada para testes pela equipe que cuida da Internet.

Com esse esquema de classes, uma empresa poderia se adequar à classe de acordo com o número de IP que precisasse.

Mas há outros problemas com essa classificação. Suponha que uma grande empresa precisasse de 100.000 endereços. A classe B é pequena para ela, mas a A é muito grande, pois dos cerca de 16 milhões de endereços disponíveis da classe A, somente serão usados 100.000. O restante não poderia ser usado por mais ninguém. Uma empresa pequena, que necessitasse de 10 endereços, faria parte da classe C, mas ainda sobrariam 243 endereços que não poderia ser usados por mais ninguém.

Já deu pra perceber que muita gente ficaria sem IP muito cedo! Essa falta de endereços IP (versão 4, ou simplesmente IPv4) já está ocorrendo. Veja os links sobre o esgotamento do IPv4:
Mas você pode estar se perguntando: porquê as classes foram divididas com esses intervalos quebrados (128, 192, 224, 240) ao invés de números redondos (50, 100, 150, 200)? É simples! Nós, humanos, estamos acostumados com a numeração decimal, mas os computadores preferem a binária. Para ficar mais claro vamos ver o intervalo das classes em decimal e binário para comparar.
Fica claro que todo endereço que começa com binário 0 é classe A, qualquer endereço que começa com 10 binário é classe B, tudo que começa com 110 binário é classe C, todo endereço que começa com 1110 binário é classe D, e tudo que começa com 1111 binário é classe E.

Assim basta o computador ler os quatro primeiros bits do endereço para saber a qual classe ele pertence.

Mas como resolver o problema de falta de IP?

O protocolo tcp/IP mais utilizado hoje é a versão 4, mas a versão 6 já está sendo usado, e ela contém 128 bits. Ou seja, é possível utilizar aproximadamente 256.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 máquinas na rede. Porém, a adoção do IPv6 é muita cara, e faltam profissionais capacitados.

Para amenizar isso foram criadas duas soluções para o IPv4: os IPs inválidos e a máscara de sub-rede.

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Páginas do artigo
   1. Introdução - Por que usar endereços IP?
   2. Problemas do IP
   3. Endereços inválidos
   4. Máscara de sub-rede
   5. Endereços de rede e de broadcast
   6. Configurando a rede no Linux
   7. Roteamento
   8. Considerações finais
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Comentários
[1] Comentário enviado por brunotec em 01/04/2011 - 12:21h

Muito Bom Artigo Ricardo, Parabéns!

Estou iniciando em Redes e esse artigo será uma bela referencia para mim.

se possível gostaria de tirar duas dúvidas que fiquei com elas ao ler seu artigo:


Citação do Artigo
"Numa máscara 255.255.255.240 só teremos 14 endereços disponíveis, ao invés de 16. "

isso seria pq o primeiro endereço de rede e o ultimo para broadcast não poderiam ser usados? não entendi muito bem...

outra dúvida é no arquivo /etc/network/interfaces essa linha: allow-hotplug eth0

nunca cheguei a saber pra que que ela serve afinal.

somente essas dúvidas, mas novamete parabéns pelo artigo cara e pela atitude de querer compartilhar conhecimento que é louvável.

um abraço.

[2] Comentário enviado por ricardoolonca em 01/04/2011 - 12:39h

Bruno, boa tarde.

Todos os endereços de rede e de broadcast são reservados. Eles não podem ser configurados em nenhuma interface de rede.

A linha allow-hotplug eth0 faz com que o Debian detecte e aplique as configurações logo que o cabo é ligado ou desligado.


[3] Comentário enviado por brunotec em 01/04/2011 - 13:12h

entendi,

Gostei muito do seu artigo e foi bastante esclarecedor Ricardo.

Obrigado ai pelo help!

[4] Comentário enviado por julio_hoffimann em 09/04/2011 - 21:41h

Oi Ricardo,

Parabéns pela ótima série! A sua abordagem torna um conteúdo denso em algo mais tangível a pessoas que, como eu, não são da área.

Abraço!

[5] Comentário enviado por elgio em 26/11/2011 - 16:54h

Não é correto chamar estes IPS de inválidos e tampouco de "não roteáveis", como frequentemente vejo por ai.

A palavra certa é IPs privados:
10.0.0.0/8
172.16.0.0/12
192.168.0.0/16

Entende-se por ips inválidos aqueles que não podem ser usados. Exemplo: o IP de broadcast não pode ser usado, é inválido. O mesmo para o IP de rede. A faixa 0.0.0.0/8 é inválida, pois nenhuma máquina poderá ter este IP, e assim por diante.

Também é errado chamar os IPs privados como não roteáveis. Como assim, não são roteáveis? Eu não posso roteá-los na minha rede local ou dentro da minha VPN? São sim roteáveis.

Ah bom. Eles são inválidos na Internet e não são roteáveis na Internet. Mas por isto que são chamados de privados.

Abraços,

[6] Comentário enviado por ricardoolonca em 30/11/2011 - 16:38h

Olá, elgio.

Você correto. O termo mais correto é "privado" e não "inválidos". Eles são inválidos apenas na Internet.

Quanto ao roteamento, novamente eu me refiro a "não roteável" do ponto de vista da Internet. Em redes locais eles são roteáveis normalmente, podendo ser usados em vlans apartadas, como na Dmz.

As suas observações são ótimas. Ajudam a deixar as coisas mais claras e tiram as dúvidas quanto a esse assunto.

Abraço.

[7] Comentário enviado por MAPOGOS em 02/04/2014 - 17:58h

Agora imagine o que acontece se eu pegar somente 7 bits para rede, ao invés de 8. Logo teremos a seguinte intervalo da rede.

00001010.00000000.00000000.00000000 até 00001011.11111111.11111111.11111111 que, convertendo para decimais é:

10.0.0.0 até 11.255.255.255.

Lebre-se de que somente os sete primeiros bits ficam "fixos". Quando qualquer um dos sete primeiros bits mudar, então o endereço já será de outra rede. Nesse exemplo, tanto os endereços começados com 10 quanto os começados com 11 fazem parte da mesma rede. Essa rede pode ser representada como 10.0.0.0/7.

Onde vc pegou os 7 bits que vc esta falando.Pois eu entendo de xor nor, and nand or exclusivo.Mas não tem nada a ver eu sei;
Ta mas onde estão os 7 bitis que vc tirou...

[8] Comentário enviado por ricardoolonca em 03/04/2014 - 05:35h

Repare nos 7 primeiro bits. Eles estão fixos, ou seja, não variam. Todos os IPs que começam com esses 7 bits são da mesma rede, o 10 e o 11. Como temos 7 bits do IP fixo, os 7 primeiros bits da máscara deve ser 1. Os demais são 0.


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