Pessoal Vcs que Amam, ou nem Amam, Pelomenos gostam do LInux Preste a Atençãoo.

Rei Tenguh
(usa Arch Linux)

Enviado em 04/04/2013 - 11:49h

Então, em respeito a sua explicação bem específica e detalhada, vou retribuir com uma também:

1.
Uma minoria usa sistemas Linux usa porque precisa de um sistema mais seguro e mais confiável; menos pessoas ainda usam porque gostam de exercícios racionais no dia-a-dia.
A grande maioria o utiliza como uma das muitas formas de tentar definir a sua personalidade a outras pessoas, com algo que imagina ser "louvável". Assim como tem um monte de gente que ouve rock porque imagina que isso vai definir-lhe como "agressivo", e um monte de gente que usa gravata porque imagina que isso vai definir-lhe como "pessoa séria", e um monte de gente que NÃO tem cérebro pra xadrez usa "artimanhas" pra pegar pontos em site sem jogar (ou seja: não gosta de xadrez, só que contaram que isso define uma pessoa como alguma "louvável"), e um monte e gente que compra uma moto só pra se fantasiar de motoqueiro em finais de semana e ir mostrar moto cara em encontros babacas, etc, etc, etc... assim como muitas outras coisas, tem gente que sua sistemas Linux não pelo que ele é, mas porque IMAGINA que isso vai definir algo em sua personalidade, a ser mostrado para os outros.

Em alguns anos de usuário Linux, eu já ví cada absurdo de certas mentes que você não faz idéia. Já ví (não é piada, é verdade!) gente de menos de 18 anos começar a usar o sistema e uma semana depois falar que vai montar a sua própria distro, e um outro [*****] que fez só dizer-lhe que existe Linux e mexe tão mal quanto ele dizer em um fórum: "Eu sabia que você ia conseguir, meu pupilo!" (só porque o outro soltou a asneira de que PENSAVA EM fazer a sua própria distro).
Já vi sujeito dizer descaradamente que "uso Linux porque todo mundo usa Windows... se todo mundo usasse Linux eu usaria Windows." Verdade, já ví gente sem nem vergonha de mostrar essa cueca suja.
Já ví gente responder a pargunta sobre qual distro usa dizendo: "Como assim, qual? Uso a mais f*d*na, Slackware!" (quer dizer que não usa porque gosta ou precisa dela, quer dizer que usa pórque é "a mais f*o*na?" Sem contar que mais "f*o*ona" que Arch, Gentoo ou Funtu é só nome que termina com "ware", uma expressão foneticamente forte e que chama atenção)

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2.
Mas só que essa mentalidade de "como eu vou definir a minha personalidade para os outros?" não só não ajuda o sistema, como é contraproducente: é um estimulo para que desenvolvedores continuem usando distros como área de testes, e que faz o sistema a mais de 5 anos ainda não ter um programa que realmente preste para o protocolo MSN, ou uma suíte de escritório que seja completamente compatível com a mais utilizada do mercado, ou mesmo um mísero [bom] suporte a QUALQUER placa de recepção de TV que seja.
E mesmo NÃO sendo essa a SUA mentalidade, a velha babaquice de usar o sistema como se isso definisse a personalidade com qualquer adjetivo que seja, sempre que eu vejo a idéia de "torcida" me remete a isso, e então eu comento sobre os perigos.

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3.
Pessoalmente tenho problemas com essa tipo de mentalidade (essa que NÃO é a SUA, mas a que me remete qualquer tipo de "torcida"); NÃO sou 'irmão", NÃO sou "cumpanheiro", NÃO sou "camarada" (no sentido russo), e NÃO sou "membro". NÃO preciso "fazer parte de..." para me sentir seguro, e me defendo instintivamente quando qualquer coisa possa ao menos sugerir que eu pense assim. E, muito mais importante, NÃO vivo em estado mental de constante conflito com quem é diferente de mim (quem vive assim, vive num inferno).



P.S: percebe que em nenhum momento desse meu texto eu usei nenhuma expressão como "anarquista", ou como "taoísta"? Eu me sentiria tão ridículo quanto se eu dissesse pra alguém que sou "Linuxer".
Teno hábitos e gostos pessoais, que outras pessoas também têm, mas NÃO faço parte de nenhum "clube do Bolinha" nem de nenhum time de futebol.


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Em respeito e contribuição a sua perspicaz análise psicológica sobre algumas reações, essa é a minha.

Rei Tenguh
(usa Arch Linux)

Enviado em 04/04/2013 - 12:12h

Obs: "Tem que ser selado, registrado, avaliado e rotulado se quiser voar (...) mas ah, pro seu foguete viajar pelo Universo é preciso meu carimbo..."
Raul Seixas citando Prudhon, em "O Carimbador Maluco".
;)

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 04/04/2013 - 12:14h

Gente, eu fico doente alguns dias (sexta vez que pego dengue na vida ;-) e o circo pega fogo sem eu ter feito nada...

Já que a discussão ficou interessante, eu vou apresentar meus motivos para não participar da tal votação:

1) GNU / Linux é a melhor invenção da humanidade
Sei que vou tomar pedrada de tudo quanto é lado, mas o GNU / Linux não apareceria nem entre os top 10 se eu elaborasse uma tal lista de melhores invenções. O critério é simples: invenções que revolucionaram o mundo. A linguagem C, de Dennis Ritchie, estaria na lista, como o saquinho de chá, o processo de têmpera do ferro, a camisinha e a descoberta de Alessandro Volta sobre como produzir eletricidade. GNU / Linux não; o pinguim é, analisando racionalmente, apenas mais um sistema operacional que funciona tão bem quanto os outros - pois que se é melhor em alguns aspectos, por outros perde feio - e por isso não há nada que mereça tamanho destaque.

2) Mentalidade de Matilha
Ou necessidade de pertencer a alguma coisa ou grupo, ou fazer parte de algo, o nome não importa. Nenhum de nós está livre dessa necessidade, embora algumas pessoas se sintam mais felizes justamente por não pertencer a nada - o que é pertencer a um grupo, o grupo daqueles que não pertencem a grupo nenhum.
No entanto, concordo plenamente com o amigo Rei Tenguh: existe muita gente por aí usando distros "mais complicadas" (eu não acho o Slack ou o Arch complicados, apenas simples, mas vamos tocar o bonde pela língua franca da comunidade) apenas para dizer que as usa. Existe gente por aí fazendo um caralhão de [*****] apenas para dizer que faz esse caralhão de [*****]. Não há ideologia (isso já existiu em algum momento?), não há compromisso, não há nada além de mentalidade de matilha - mesmo que essa mentalidade se dê pela negação da mentalidade de outra matilha.

3) Personalidade e Identidade
Não vou me alongar neste ponto (Freud escreveu livros e mais livros sobre isso, só pra citar um exemplo), mas coloco aqui que é preciso uma vontade muito forte para não ter sua personalidade e sua identidade definidas pelo "Método Espelho": ser o que os outros querem que você seja.

OBS: encontro de motoqueiro não é babaquice pra quem é motoqueiro - tipo um certo slacker abusado deste fórum que já foi até a Patagônia de moto sem ter sequer o dinheiro da gasolina pra chegar em São Paulo, e mesmo assim foi e voltou ;-)

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 04/04/2013 - 12:14h

Ou descrevendo nossa sociedade, o que, pelo contexto, dá no mesmo ;-)

Rei Tenguh
(usa Arch Linux)

Enviado em 04/04/2013 - 12:30h

"O que é não pertencer a nenhum grupo senão fazer parte desse grupo?"
Hahahahaha! Nossa, vou pensar MESMO sobre isso, meu amigo Cavalheiro! ^^

Quanto aos encontros de moto... eu não quiz dizer que todos os encontros são babacas. (passei 10 anos pelo circuito das Águas ^^) O que eu quis dizer é que existem certos "encontros" que são muito babacas. :)


PS: e espero que tenha ficado bem explicado a qualquer um que leia essa minha postagem que eu não pretendí definir todos os hábitos aos quais me referí com simples "mentalidade de matilha" (eu não conhecia o termo, Cavalheiro). Inclusive, fiz questão de falar apenas de hábitos que são também meus.
Se alguém dizesse, por exemplo: "gente que usa chapéu pra parecer estiloso"... daí eu teria que me explicar: "Sou careca, FDP! Quer pra você??"

^^

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 04/04/2013 - 13:09h

Não pertencer a grupo ainda é pertencer a um grupo (o grupo dos sem-grupo), por mais bizarro que isso possa parecer. Fazer o quê se desde Aristóteles a definição de grupo é recursiva e introjetiva...



Entendi o que você quis dizer. Tipo um evento de motoclube lá em Angra dos Reis que só toca samba-enredo e tem tanta moto quanto baile funk tem fã do Ozzy...




Mentalidade de matilha não é um termo já existente na literatura sobre o assunto, mas foi algo que improvisei aqui pra coadunar melhor com o que você falava. Curioso que certos hábitos que cultivamos (por exemplo, eu uso chapéu e fumo cachimbo muito antes desses dois hábitos serem "indevidamente apropriados" por alguma matilha, e sou um "easy rider" muito antes de aparecerem motobabies "motoqueiros fantasma wanna be" movidos a toddynho, mas não teriam culhões de fazer a viagem Rio - Patagônia apenas com a roupa do corpo e dinheiro da gasolina pra chegar em São Paulo) acabam caindo no gosto de algum grupo. Hoje em dia até inventaram essa tal palavra, hipster - a necessidade de catalogar e criar matilhas é tão grande que cunham termos para se referir até a quem se esforça para não pertencer a grupo nenhum, e então transformam esse esforço em um grupo, e os membros do grupo recém-definido passam a seguir as regras da matilha que lhes são impostas...

Rei Tenguh
(usa Arch Linux)

Enviado em 04/04/2013 - 13:17h

Meu maior sonho, mais do que utópico: que as pessoas em geral se tocassem de que a própria necessidade de definições e auto-definições, por si só, mostra EXATAMENTE que o mais importante são os motivos dos questionamentos e as coisas não definíveis. E não as respostas ou pseudo-sinteses.

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P.S (em desabafo): sempre que vejo alguém postando que é iniciante em Linux e instalou o Slack pra conhecer o sistema, me lembro de um rapaz em Americana que nunca tinha andado de moto e comprou (porque podia) uma Harley 1400, porque os amigos de repente começaram a achar "bonitinho" andar de moto. Em 1 semana quase se matou, e vendeu a moto sem concertar porque só 1 pedaleira custava 2800 R$.

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 04/04/2013 - 13:22h

Ou, colocando em miúdos, a estrada é mais importante que a chegada ;-)

Pelo menos há a consciência do aspecto muito utópico de seu sonho. Todos os modelos de sociedade que o homem conhece dependem justamente da existência de uma ampla maioria que possa ser moldada pelo "modelo espelho de identidade", e de uma pequena minoria que gerencia cuidadosamente o processo. Isso, e a necessidade de sentir-se aceito - mesmo que seja aceitar-se quem se é -, retoma todo o paradoxo dos grupos ;-)

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 04/04/2013 - 13:27h

A metáfora faz sentido. As Harleys costumam estar entre as motos mais difíceis de conduzir, por causa do peso, baixo centro de gravidade e pouca margem para inclinação - fora o custo, que é assassino. Eu particularmente não vejo problemas em se começar pelo Slackware - eu comecei assim -, mas é inegável que um usuário adepto do "combo Redmond" (while [ saco != cheio ] ; do NEXT ; done ; INSTALL) vai se estrepar bonito no vovô.

Arthur_Hoch
(usa FreeBSD)

Enviado em 04/04/2013 - 18:25h

Rei Tenguh, me de a honra de jogar uma partida de xadrez com você?

Obs: Não sei se você joga ou não, mas pelo que você escreveu me fez crer que joga.
Se tu escreves e opina da mesma forma que joga, perderei, porque não sou nada, apenas gosto de jogar, mesmo sendo um verdadeiro newbie.

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A todos os demais, desculpe por escrever isso nesse tópico.

Sobre o tópico:
A minha opinião é que cada um tem sua opinião, derivadas do seu meio, nenhuma está correta nem errada.

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 05/04/2013 - 10:38h

Conselho: a não ser que você queira aprender ou perder, não convide quem argumenta assim para uma partida de xadrez ;-)

madrugada
(usa Gentoo)

Enviado em 05/04/2013 - 10:51h

rsrs
Verdade!