lcavalheiro
(usa Slackware)
Enviado em 11/11/2013 - 14:21h
xerxeslins escreveu:
Gente, fui tirar um cochilo hoje a tarde na casa da sogra...
Acabei dormindo e tive um sonho esquisito.
Eu estava num parquinho, desses de crianças, pendurado num brinquedo desses que se chama "gaiola", eu acho. Tipo este:
http://www.brinquebembauru.com.br/data/brinquebembauru/item-image/2492_cimg7201_000032119_000032114f...
E Patrick Volkerding aparecia lá, mas com rosto de Julian Assange, com um leve sorriso, dizendo que eu tinha que voltar para o Slackware.
Aí eu levantava algumas questões do tipo:
Mas e se faltar algum pacote que não tem no repositório oficial, nem no SlackBuilds? E ele dizia que eu podia compilar, seriam pouco pacotes e o DVD do Slack é rico em biblioteca.
E eu dizia algo como "mas eu já disse no VOL que iria usar só distribuições fáceis" e ele dizia "que nada, ngm vai te xingar por voltar ao slackware"
E eu dizia "mas meu sistema (fedora com MATE) está redondinho tudo funcionando" e ele dizia "besteira, se não curtir o Slackware, vc volta pra o Fedora e configura tudo rapidinho novamente"
E eu dizia "mas eu não quero KDE. o Xfce não é completo no Slack" e ele dizia "mas o KDE é bom sim! E daí se um ou dois programas do Gnome não ficarem bonitos no KDE? isso é frescura. e se quiser pode instalar o MATE no slack tbm"
Eu disse "não seria melhor esperar o slack 15?" e ele "que nada, usa o current que tá sussa, quando sair o 15 nem vai ser muito diferente. slack não muda quase nada."
Não lembro mais o que eu disse, mas uma hora ele disse que eu devia comer omelete. Quando eu acordei eu percebi que realmente não como omelete faz tempo... e eu gosto.
Foi um sonho real e resolvi compartilhar aqui no VOL.
Só lembrei de "A Maldição de Patrick Volkerding".
sinistro, não?
Em primeiro lugar: interpretação de sonhos não é ciência exata. Em segundo: eu faço uma leitura jungiana, logo outras pessoas podem ter opiniões diferentes. Terceiro: às vezes, um sonho é óbvio, fazer o que?
Vamos aos fundamentos da interpretação primeiro:
1) Não é segredo para ninguém que você já experimentou quase todas as distros do ranking do DistroWatch;
2) Também não é segredo para ninguém que seu interesse sempre foi no binômio estabilidade + segurança;
3) Ao que eu me lembre, uma de suas primeiras distros foi exatamente o Slackware;
4) Uma das poucas distros ainda livre de spyware e backdoors é o Slackware;
Agora vamos ao sonho:
Um parque para crianças é uma imagem muito evocativa. É uma menção ao saudosismo da infância (que todos temos, em maior ou menor grau), à liberdade que os adultos não se permitem mais (pois precisam ganhar dinheiro para pagar as contas para sobrar dinheiro para fazer mais contas para ganhar mais dinheiro para sobrar para um lazer para o qual nunca sobra tempo). Já o trepa-trepa (nome desse brinquedo aqui no RJ) acrescenta uma camada interessante. É um brinquedo no qual você pode fazer várias acrobacias desde que se mantenha preso às barras. Se você se mantiver nos "trilhos", é só alegria, mas se você se soltar das barras algo perigoso pode acontecer. Esses dois elementos se combinam de maneira antagônica em sonhos: você é livre para brincar em um brinquedo no qual você pode morrer se exercer sua liberdade plenamente (digamos, tentar uns giros e se soltar das barras). Não preciso me aprofundar sobre como o brinquedo restringe a liberdade: você tê-lo chamado de gaiola é, creio eu, a melhor explicação possível.
A presença do tio Pat é muito curiosa. Os slackers tratam o Cara com um carinho e uma reverência que você não vê, por exemplo, num ubunteiro com relação ao sr. Shuttleworth. No sonho ele aparece como uma figura paternal, não como um pai mas como um tutor benevolente. O Cara, apesar do título de Ditador Benevolente, é visto pelos slackers como, se me permitem um pouco de plágio e poesia, o rochedo contra o qual arremeterão sem sucesso todas as firulagens, todos os spywares e todos os contra-sensos da comunidade GNU / Linux. O sr. Assange, famoso pelo vazamento dos esquemas de espionagem e contravenção virtuais via WikiLeaks, e seu sorriso representam a audácia, a ousadia e a irreverência de pessoas compromissadas com a estabilidade, a segurança e a liberdade sua e dos outros. São duas figuras que se casam naturalmente: o Cara, personificando a estabilidade, segurança e confiabilidade do Slackware, e o sr. Assange, acrescentando as virtudes supracitadas ao conjunto.
A conversa com o tio Pat/Assange é muito interessante. Primeiro porque ele menciona uma versão do Slackware que só "Bob" Dobbs sabe quando vai ser lançada. Segundo porque ele diz que se você não gostar do novo Slackware você pode reinstalar reconfigurar seu Fedora rapidamente (e você sabe que não vai ser tão rápido assim). E se a complitude dos ambientes gráficos atuais (KDE e XFCE, porque os demais são apenas gerenciadores de janelas) incomoda, nada como compilar o que falta - raciocínio até tautológico para um slacker. Durante a conversa você fez o papel da criança teimosa e o Cara, do tutor dedicado.
Interpretando... ver-se em um parquinho é uma tentativa de retornar às origens. Essas origens poderiam ser muita coisa, mas calhou que a personagem com a qual você dialogou foi logo o tio Pat. Seu sonho pode ser visto como um repúdio aos caminhos que as distros user-friendly tomaram (desde comprar a chave da MS para UEFI até a infestação de spywares), pode ser visto como uma estranheza aos padrões espartanos do Slackware (ei, até o Irado trocou o Slack pelo XUbuntu por causa disso), mas eu arrisco dizer que sua crise de distro, aparentemente sossegada, na verdade fervilhava em sua mente enquanto uma voz constantemente o tentava: "volte para o Slack e seja feliz". Sua crise de distro nunca sequer havia sossegado, você apenas que ficou sem tempo ou interesse para atender aos vermes incandescentes da crise de distro que perturbavam seu cérebro.
Por outro lado... como anda seu casamento?