Teixeira
(usa Linux Mint)
Enviado em 27/05/2010 - 17:20h
Esses fenômenos não têm muito a ver conosco.
A Apple lidera o mercado de computadores mais aprimorados, de custo mais elevado, com um nicho de mercado bem definido. E somente ela fabrica "Apples" legítimos.
Exige periféricos de alta qualidade, e nao é "qualquer coisa made in R.O.C." que pode ser anexada a um MacIntosh.
No mundo "IBM-PC" os fabricantes são os mais diversos, desde gabinetes, teclados, mice e motherboards a processadores, passando pela profusão de chipsets que encontramos por aí, e propiciando assim que os preços praticados sejam mais em conta (embora um PC totalmente assemblado com o que existe de melhor possa chegar a custar mais caro que um Apple mediano).
Nenhum usuário Apple vai querer substituir seu sistema operacional pelo Windows, mesmo porque ele não funcionaria naquela plataforma.
O fato de existir um pacote de escritorio "Windows" adaptado para rodar no MacIntosh é porque a Microsoft muito sabiamente quer abocanhar também esse pedaço-de-fatia (e por incrível que pareça, os produtos da Microsoft assim adaptados têm apresentado melhor desempenho nos Apples que nos IBM).
Embora seja tecnicamente POSSÍVEL instalar GNU/Linux em um MacIntosh, em geral os applemaníacos peferem o seu próprio sistema (MacOS) que é muito bom.
A Apple Computer anda alegadamente "mal das pernas" já desde a década de 70.
Muitos "gurus" da informática desde então "previram" o seu inevitável colapso, o qual vem sendo "inevitável" há várias décadas.
Entretanto, dados históricos nos mostram que "ir mal das pernas" nem sempre é um indício de que as coisas andam mal e que não têm uma solução.
Quem se lembra da brasileira Arisco durante aquele episódio com o césio em Goiânia, quando seus produtos passaram a ser evitados pela maioria dos consumidores e suas vendas caíram drasticamente?
"Eis que de repente" eles deram a volta por cima, e se associaram não somente à Cica, mas também à Beira Alta e à Confeitaria Colombo, justamente seus concorrentes de maior peso e que estavam "bem" das pernas...
Administração pode ser uma ciência, e também uma arte.
O Ford demitiu o Lee Yacoca (designer do Mustang e do Maverick, como exemplos) simplesmente porque "não gostava dele".
Isso foi o suficiente para o Yacoca ir para a Chrysler, e tirá-la da falência iminente.
A Apple Computer agora "está em outra", mais especificamente o mundo mobile, a modernidade, e está criando novas tendências.
A Microsoft ainda não está numa posição totalmente desconfortável, apenas em um contrapé - o que é perfeitamente normal no mundo dos negócios. Ela ainda não está dentro de nenhum buraco, embora as ameaças estejam aí por todos os lados: cloud computing, os projetos da Google (que se fortalece a cada dia) e até mesmo o software livre.
Mas ainda acho que o Google e os gadgets da Apple podem ser mais ameaçadores para ela que o GNU/Linux.
Isso porque existe consumidor para todos os nichos. E em marketing, se um nicho não existe, cria-se um.
Contudo, tanto Apple quanto Microsoft têm nas veias o mesmo espírito globetrotter de uma "garage company" (que por aqui chamamos de "empresa de fundo de quintal").
Ou seja, jogo de cintura não lhes falta.
Vamos ainda comer nosso mingau pelas beiradas por um longo tempo, sem nos preocuparmos demais com certos detalhes.
As próprias leis de mercado determinam que uma eventual (e hipotética) queda da Microsoft arrastaria para o bueiro inúmeras empresas atualmente importantes, muitas delas dependentes da própria existência da Microsoft. E não convém ao próprio mercado que tal aconteça. Imaginem só o alvoroço nas Bolsas de Valores em todo o mundo.
Afinal, a enorme demanda de computadores comercializados juntamente com produtos da Microsoft foi exatamente o que permitiu que o computador doméstico se tornasse acessível ao publico.
Meu primeiro Apple II+ (de 8 bits) custou um dinheirão, e em contrapartida eu me lembro de já haver comercializado XTs a US$ 3,200.00 numa época em que o dólar americano valia "um saco cheio de dinheiro brasileiro"...