Olá pessoal, essa é a minha primeira dica. É algo bem básico, mas me deu muita dor de cabeça.
Um contexto:
Comecei a usar o
Mandriva como minha distribuição principal no 2007.2, daí usei o sistema de forma intensiva. Porém, com um probleminha aqui, outro ali eu acabava voltando para o Windows. Foi no 2008.2 que passei a usar o
Linux como meu sistema principal, no começo foi bom, sem travamentos, tudo muito rápido etc. Aproveitei a formatação total do meu disco para refazer todas a partições, também migrei todos os sistemas de arquivo para NTFS porque o FAT32 não aceitava mais meus arquivos de 4 GB para cima. Minhas partições ficaram assim:
- Sda1. Windows - Instalação do Windows [dualboot]
- Sda2. Linux - Instalação do Mandriva [dualboot]
- Sda3. Home - /home, criei por curiosidade, acabou se revelando muito útil
- Sda5. Arquivos - Todos os meus arquivos, mais de 60% do disco
- Sda6. SWAP - Ganha um doce quem adivinhar
- Sdb1. Transferências
Uma partição em outro disco só para receber downloads, arquivo de paginação e minhas experiências.
Todas as partições acima, exceto Sda 3, 6 e 2, são NTFS.
Essa Sb1 foi uma ideia que não me lembro de onde surgiu: "separar arquivos que sofrem modificação constante dos demais arquivos pessoais e de sistema melhora a performance do PC por reduzir a fragmentação". De qualquer forma ajuda a organizar melhor meus arquivos, mas se é mesmo efetiva contra a fragmentação geral das demais partições eu nunca vi.
O problema:
Depois de muito tempo usando o Linux (meu PC chega a ficar ligado por semanas sem parar), comecei a notar umas crise de lentidão extrema no sistema. De uma hora para outra o Mandriva ficava lento como o Windows no boot, mas sem nenhuma causa aparente, depois tudo voltava ao normal.
Culpados não faltavam:
- Firefox - com a ajuda do FlashPlayer e do Java consegue derrubar qualquer coisa, mas não era ele. Mesmo o Gnome sozinho sofria com isso.
- Gnome - tentei instalar o KDE, nada de novo.
- Problemas na instalação - Sempre faço uma clean install do Mandriva e o problema me perseguiu até o 2010. Será que os franceses pisaram na bola?
- Transmission - por algum motivo as crises eram mais frequentes e intensas quando o Transmission estava funcionando. Talvez os arquivos que eu estivesse baixando fossem grandes demais...
E o System Monitor mostrou onde estava o problema afinal: NTFS-3G: 100% CPU, SWAP 100%...
Realmente o que causava a lentidão eram acessos em partições NTFS, de preferência, acessos em mais de uma partição ao mesmo tempo. E no meu sistema isso era agravado pois além do Transmission acessar arquivos na Sdb1, tinha o Firefox usando um perfil compartilhado na Sda5. Aliás essa é uma boa dica:
A solução:
Foi no meio dessa revelação que me lembrei dessa informação aqui:
"A coisa muda de figura quando o Linux e o Windows escrevem simultaneamente numa partição vfat. Tive uma partição grande vfat, algo como 70 GB, utilizada por um tempo relativamente curto e com ocupação inferior a 50%. O efeito na fragmentação chegou rapidamente a ponto de não ser viável desfragmentar, nem com as ferramentas nativas do Windows, nem com o Norton Utilities. Num cálculo aproximado, esta seria uma operação de 60 horas."
Leiam mais em:
Fragmentação grave
Basicamente o Linux e o Windows haviam se desentendido quanto aos arquivos. Como fico pouco tempo no Windows, as desfragmentações agendadas não ocorriam e a confusão foi acumulando. A solução como vocês devem ter imaginado é simples até demais: desfragmentação. Como o NTFS-3G tem lá seus problemas em acessar o sistema de arquivos, então ele fica fragmentado, mesmo que pouco, isso lhe exige um tremendo esforço para funcionar. Isso não ocorria nas FAT32, onde o acesso ao filesystem já é bem manjado.
Existem algumas dicas de como desfragmentar o disco no Linux:
Infelizmente não achei nenhuma solução que permitisse desfragmentar a NTFS diretamente no Linux, então a solução é um reboot.
No Windows a história é outra. A fragmentação que o Linux causa não é grande o bastante para se fazer sentir, mas para ser percebida pelo aplicativo de desfragmentação talvez.
Para desfragmentar os discos no Windows XP basta acessar: Menu Iniciar > Programas> Acessórios > Ferramentas de Sistema > Desfragmentar discos.
Essa ferramenta é muito boa, existem inúmeros programas pagos e gratuitos para desfragmentar discos no Windows, mas nenhum funcionar melhor que a ferramenta nativa. Mesmo assim dá para fazê-la ficar ainda melhor: linha de comando.
Na verdade o desfragmentador do Menu Iniciar é só uma interface para um comando muito bom e fácil de usar: Defrag
O
defrag tem a seguinte sintaxe:
defrag <unidade>: -<parâmetros>
Existem basicamente 4 parâmetros:
- a - apenas analisa o disco e dá um relatório detalhado
- f - força a desfragmentação mesmo se houver pouco espaço em disco
- v - modo verbose, com ações descritas detalhadamente
- b - desfragmentar arquivos de boot do sistema
Particularmente o comando que uso é:
defrag c: -fvb
Assim sei o que ele está fazendo, tenho uma desfragmentação profunda e sem mensagens de erro. Dá até pra agendar os escaneamentos usando o agendador de tarefas: basta escrever esse comando em um arquivo BAT e rodar com o agendador.
Conclusão:
Agora o Mandriva está muito bem obrigado. Uma vez por semana deixo o PC ligado no Windows para rodar o Desfragmentador e manter as coisas nos eixos. Uma última dica: quando forem organizar as partições e os arquivos no PC, se tiverem partições NTFS misturadas com as suas, pensem bem em como vão lidar com o acesso simultâneo a várias delas. Creio que esta dica seja válida para todas as distribuições, se alguém puder testá-la ficarei agradecido. ;)