Já fazem quase dois anos que sou usuário integral do Ubuntu no meu notebook, além de usá-lo em servidores - atualmente uso a versão Lucid Lynx 10.04 LTS. Mas eu tenho me interessado muito pelo Debian ("pai" do Ubuntu) não só pra servidor, mas pra desktop também, assim, o que eu fiz (!?), formatei meu HD, deixei uma partição pra instalar o Debian, outra pro Ubuntu e uma partição pros meus arquivos pessoais.
Logo que terminei de instalar o Debian 5.0.5 Lenny percebi que a versão do 2.6.26 kernel que ele usa não dá suporte pra sistemas de arquivos "ext4", que é o padrão do Ubuntu desde a versão 9.04, tentei uma atualização, mas não deu muito certo, aí resolvi apelar pra versão "testing" do Debian 6.0 Squeeze, que já usa o kernel 2.6.32, e dá suporte pro "ext4" (fiz o download do DVD dele, agora tô com o Squeeze e o Lucid juntos, sem medo de ser feliz).
Depois dos dois instalados, eu parti pras configurações começando pelo Ubuntu... Pra facilitar as coisas eu usei o pysdm (Storage Device Manager) pra configurar a montagem automática no boot da minha partição onde armazeno meus documentos, ele automaticamente criou o ponto de montagem em /dev/sda5 e tudo beleza.
Você também pode fazer isso editando diretamente o arquivo /etc/fstab adicionando uma linha semelhante ao meu exemplo (sem esquecer também de criar a pasta pro ponto de montagem):
/dev/sda5 /media/sda5 ext4 users,sync,user,dirsync,owner 0 0
Como eu pretendo usar a mesma pasta de documentos pro Debian e pro Ubuntu, eu usei o particionamento avançado na instalação deles, mas não indiquei aquela partição pra ser montada como /home pois, embora criei o mesmo nome de usuário pras duas instalações, os arquivos de configuração pessoal para os aplicativos e o sistema são diferentes, logicamente, da instalação do Ubuntu e do Debian, e se fizesse o "lance" de montar a /home naquela partição na instalação deles, ao acessar o Ubuntu ele gravaria as configurações lá e quando eu usasse o Debian ele sobreporia os arquivos de configuração, ou vice e versa, assim eu preferi instalar cada sistema inteiro em uma partição cada e criar links nas minhas pastas de usuário apontando pras respectivas pastas naquela partição. Por exemplo, a minha pasta /home/pedro/Documentos é na verdade um link para /dev/sda5/pedro/Documentos na tal partição - reveja sobre como funcionam estes links em:
Tudo funciona normalmente, como se estivesse na mesma partição, o sistema e os aplicativos reconhecem as pastas de documentos, músicas, imagens... Mas toda vez que eu queria excluir um arquivo eu era informado de que não poderia enviá-lo para a lixeira, que ele seria excluído definitivamente - nessa brincadeira perdi minha pasta de imagens e fotos (só se salvou o que tinha backup em DVD de um mês atrás).
Depois de "rodar" no Google e nos fóruns e não achar solução (vi muitos tópicos sobre isso, mas todos fechados sem dar em nada) eu resolvi pensar um pouco e achei a solução. É que é assim, toda vez que apagamos um arquivo do modo normal, no Nautilus, por exemplo, o
Linux envia estes arquivos para uma pasta oculta de nome como ".Trash-1000" que fica na raiz do ponto de montagem da partição ou unidade de armazenamento, esta pasta é a "lixeira" da unidade, por isso que é possível apagar dados de um pendrive e depois recuperá-lo na Lixeira no Linux (recurso que o Windows não tem pois nele a Lixeira dele é uma pasta única geralmente na partição "C:\", e no Linux cada unidade de armazenamento pode ter sua própria Lixeira, deixando as coisas mais organizadas).
Como eu usei um aplicativo pra criar a configuração de montagem automática e só dei alguns cliques sem ler muito o que estava na tela (coisa de usuário) e confirmei tudo, (não que a culpa seja do aplicativo, que foi um "mamão com açúcar" pra mim e pra minha preguiça de usuário), eu tinha permissão nas pastas desta unidade, mas não tinha permissão na raiz do ponto de montagem, assim o sistema não podia criar a pasta que serve de lixeira nela e enviar os arquivos para lá, por isso só podia excluir de vez - isso pode acontecer independente de como você configura a montagem automática, não vou me ater às questões dos parâmetros de montagem e permissões detalhadamente, mas este problema é causado justamente por uma questão de permissão, deste moo a solução é dar a permissão necessária na unidade ao usuário (eu apelei mesmo):
# chmod 777 -R /media/sda5
Isso resolve. Como eu comecei pelo Ubuntu e usei inclusive uma ferramenta gráfica pra me auxiliar, no Debian foi mais fácil e eu fiz editando direto o arquivo /etc/fstab do Debian adicionando aquela linha gerada pelo PySDM pra montar a partição pro Ubuntu. Ah, lembrando que no Ubuntu o aplicativo fez tudo automaticamente, não podemos esquecer de criar manualmente no caso do Debian também a pasta pro ponto de montagem correspondente (como no Debian eu mantive o "sudo" desabilitado, conforme o padrão, eu iniciei o terminal como "root"):
root@pedrobook:/home/pedro#
cd /media
root@pedrobook:/media#
dir
cdrom cdrom0
root@pedrobook:/media#
mkdir sda5
root@pedrobook:/media#
dir
cdrom cdrom0 sda5
root@pedrobook:/media#
chmod 777 -R /media/sda5
Pronto. A dica é muito simples, sei que eu poderia ser mais direto, mas eu preferi expor todo o contexto pois, como já falei, eu não achei ela "pronta", tive que "juntar as pecinhas" pra chegar à solução, parti de outros princípios pra chegar até aqui, e como este problema pode ocorrer em outras situações semelhantes (como ao utilizar unidades de rede), explicando o contexto creio que estimulamos a criatividade e o raciocínio pra resolver também outras situações, que podem não ter necessariamente muito a ver com essa, mas pode servir de referência.
Original em:
http://pedro-araujo.com/go?100818111030