Após a declaração da descontinuidade do
Kurumin, no começo deste ano, muito se especulou sobre a viabilidade de um sistema operacional
GNU/Linux brasileiro.
Algumas questões foram levantadas, desde a participação da comunidade nos projetos, de forma voluntária, à dificuldade financeira de se manter projetos deste porte.
Valendo-se da minha experiência, iniciante, diga-se de passagem, com o
Linux (comecei usando o Kurumin em 2006, passando para o Ubuntu a partir da versão 7.04, e, paralelamente, "testando" outras distros), e do que tenho visto e experimentado na comunidade de software livre, resolvi escrever este artigo, a fim de melhor refletir sobre a importância de uma distro nacional.
Uma vez que trato da questão do Linux, utilizo, aqui, termos como "software livre", "sistema livre", dentre outros, em equivalência com Linux.
O Kurumin e sua contribuição
É inegável que o Kurumin contribuiu, e muito, para a divulgação do Linux no Brasil, assim como para o seu uso em desktops. Criado para facilitar a vida do usuário comum, de fato o fez, uma vez que, sem abrir mão da segurança e estabilidade, reconheceu que, se a comunidade de software livre quiser, de verdade, levar a cabo o ideal (e não só a idéia) de tornar os softwares, e, em última análise, a própria comunicação e tecnologia, realmente livres, abrangentes e solidários, deve reconhecer que a imensa maioria dos usuários não quer se preocupar em aprender linha de comando, dentre outros, muito úteis para usuários avançados, mas dispendiosos em termos de tempo para quem precisa de um programa apenas para trabalhar em textos, planilhas, internet etc. Ou, ainda, comunicar-se na internet, via chats, messengers, baixando arquivos, vendo filmes, lendo notícias.
Qual usuário do Kurumin não se lembra dos "Ícones mágicos", recurso da distro criado para instalar automaticamente novos programas? Além disso, a interface amigável e a arte remetente ao tema indígena, favoreceram para a difusão do sistema em terras tupiniquins. A sensação era, sem dúvida, de ter algo bom, de graça, e nosso.
Digo nosso, porque esse sentimento sempre existiu na comunidade do Kurumin. Foi positivo ter algo genuinamente brasileiro, ver a distro comentada em fóruns internacionais, e aconselhada para quem fosse iniciante em Linux. Em suma, a contribuição do Kurumin foi desde a propaganda pelo uso do Linux, até o uso de fato do sistema.