A importância de um conector crimpado com cuidado e capricho, seguindo as normas técnicas, é de longe fundamental para evitar problemas de conexão e comunicação na rede.
Esses problemas podem trazer colisões de pacotes, perda de dados, indisponibilidade de comunicação e consequentemente até prejuízos econômicos em ambientes de alta disponibilidade e missão crítica. Sendo assim vamos dar uma olhada no que diz as normas técnicas e em seguida no cuidado que devemos ter ao crimpar os conectores.
Pelo fato de não haver uma padronização para cabeamento de redes, em 1992 a EIA (
Electronics Industries Alliance) e a TIA (
Telecomunications Industry Association), apresentaram uma proposta de padronização de fios e cabos utilizados para fazer o sistema de telecomunicações em prédios comerciais.
Essa primeira versão foi denominada EIA/TIA-568, que tinha como objetivo estabelecer um padrão para ampla utilização em cabeamento de telecomunicações por diferentes fornecedores, pois cada um tinha sua forma de fazer dificultando a interoperabilidade das redes e uso de materiais de fabricantes diferentes.
No início de 1994 a EIA/TIA publicou a norma revisada 568-A que tratava das especificações para cabeamento UTP (
Unshielded Twisted Pair), cabo par trançado não blindado de categoria 4 e 5.
Sete anos mais tarde, em 2001, foram publicadas a norma 568-B, subdividida em B.1, B.2 e B.3. A norma 568-B.1 tratava de requisitos para testes de campo para cabos de cobre e fibra óptica. A norma 568-B.2 tratava dos requisitos para conectores e cabeamento de cobre. A norma 568-B.3 tratava dos requisitos para conectores e cabeamento com fibra óptica.
Os avanços na área de cabeamento continuaram e as normas EIA/TIA 568-B receberam diversas revisões e complementos para acompanhar o desenvolvimento da tecnologia. Por esse motivo a ANSI (
American National Standards Institute) definiu que as normas desenvolvidas pelos respectivos comitês responsáveis fossem revisadas dentro do período máximo de 5 anos.
Em 2009 foi publicada a norma ANSI/TIA 568-C com divisão em quatro partes principais (568-C.0, 568-C.1, 568-C.2 e 568-C.3). A EIA deixou de existir e toda administração das normas ficaram a cargo da ANSI.
O Brasil possui sua própria norma para padronizar o cabeamento no país, sendo mais atual a ABNT 14565:2007, baseada na ISO/IEC 11801. Essa norma foi elaborada no Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB-03) pela Comissão de Estudo de Cabeamento de Telecomunicações (CE-03:046.05). Mas devido aos fabricantes terem escolhido o padrão norte-americano (ANSI/TIA) este é o mais usado aqui.
Após abordar as normas que deram origem aos padrões de confecção dos cabos, vamos falar sobre os três tipos de crimpagem que são usados em larga escala. São eles o padrão EIA/TIA 568-A, EIA/TIA 568-B e o crossover (cabo cruzado).
Os padrões 568-A e 568-B não se diferenciam em nada no quesito de atributo físico ou performance do cabeamento. A única diferença está na ordem das disposições de cores ao se crimpar o conector. Nos referimos a esses dois esquemas de crimpagem como ligação direta, pois as duas pontas possuem a mesma ordem de cores, utilizados para interligar computadores a outros dispositivos como hubs ou switches.
Nos dois desenhos esquemáticos acima, pode-se perceber que a única diferença é a troca da ordem das cores branco/verde, verde, branco/laranja e laranja. Os dois esquema como mencionado mais acima não se diferenciam em nada em relação à sua função.
Neste caso, fica a cargo do profissional a opção por qual usar. Vale lembrar que para a conexão direta as duas pontas devem seguir a mesma ordem de pinagem, ou seja, a duas pontas devem ser crimpadas com padrão 568-A ou 568-B.
Outro esquema utilizado para ligação entre dois computadores (ligação ponta-a-ponta) ou entre hubs/switches (ligação cascata) é o crossover (cruzado). Atualmente os switches e hubs modernos possuem uma função chamada auto-crossover que permite uso de cabos comuns (ligação direta) entre dois equipamentos de mesma função (modems, hubs, switches etc).
Na figura acima, podemos perceber que o cabo crossover na mais é que a utilização de dois padrões distintos em cada ponta. Em uma ponta utiliza-se o padrão 568-A e na outra o padrão 568-B. Efetivamente, são utilizadas as pinagens 1, 2, 3 e 6 pela camada física, tanto no modelo OSI quanto no TCP/IP, padrão 100baseT que teoricamente atinge a velocidade máxima de 100 Mbits/s.