paulo1205
(usa Ubuntu)
Enviado em 07/03/2019 - 14:39h
OK, já descobri (mas não vi o vídeo — a descrição da cena no G1 já me deu engulho suficiente).
Acho que o presidente (ou seu filho Carlito) poderia se abster de certos assuntos. Mas se sentir muita vontade de comentar, não precisaria incluir um vídeo em que se mostre aquilo que ele mesmo denuncia como objeto de repúdio.
Entretanto, eu penso que, num mundo ideal, as pessoas deveriam saber distinguir quatro entidades distintas: governo, Presidência da República, presidente e a pessoa Jair Bolsonaro (ou qualquer outra que seja o ocupante do cargo). Eu sei que isso é muito difícil, mesmo para mim, com esse alvo utópico, então o sr. Jair Bolsonaro (ou seus porta-vozes) deveriam tomar muito cuidado. Mas quem investe em confundir essas entidades, como fez parte da imprensa de modo aparentemente deliberado nesse caso, trabalha contra a institucionalidade e a favor do personalismo e paternalismo que marcam nosso atraso como país e como nação.
E, sim, concordo com o pastor Malafaia quanto a ser hipocrisia da imprensa denunciar o presidente por sua postagem, enquanto ela mesma ganha rios de dinheiro para nos atulhar de pornografia por todo lado — tanto no carnaval, de modo mais explícito, quanto fora dele e ao longo de todo o ano, de modo não muito mais velado. O grupo Globo, por exemplo, tem pornografia nas novelas, no seu asqueroso BBB, nos seus canais de TV fechada, em suas publicações impressas, nos filmes que ajuda a filmar.
A figura do Silas Malafaia é, em si, controversa. Em muitos momentos, ele diz coisas certas, mas com uma agressividade tal que afugenta a audiência que de tais coisas poderia tirar proveito. Possivelmente há quem goste do tom do discurso dele, e talvez por isso ele mantenha esse mesmo tom ao longo de tanto tempo (a mim, particularmente, esse tom não necessariamente agride, mas certamente cansa). Mas existe com ele um outro problema, que é o de fazer adesões explícitas a pessoas e partidos políticos. Acho que isso é problemático, tanto do ponto de vista filosófico e teológico quanto por razões práticas, pois quando aquele a quem se aderiu pisa na bola, o aderente se vê obrigado ou a fazer vista grossa, ou a justificar o erro do aliado, ou a romper com ele, e todas as três têm repercussões negativas.
Parece que o pastor Malafaia está defendendo o presidente mesmo quando ele está errado? Sim! E por mais que os argumentos façam sentido, seria muito melhor não ter de tratar desse assunto, e ele não precisaria fazê-lo se não tivesse atado seu nome ao do presidente.
Por mim, o púlpito não deveria andar de mãos dadas com o palanque ou com a caneta. O púlpito pode — e deve! — dar boas bases espirituais e morais para uso em todas as áreas da vida, incluindo o palanque e a caneta, mas sem usurpar suas funções nem lhes servir de capacho.
... “Principium sapientiae timor Domini, et scientia sanctorum prudentia.” (Proverbia 9:10)