ACIDENTE EM DUQUE DE CAXIAS

Teixeira
(usa Linux Mint)

Enviado em 24/05/2013 - 11:18h

ACIDENTE OU FATALIDADE PREMEDITADA?

Aqui em Duque de Caxias desde ontem está pegando fogo numa enorme empresa de combustíveis, incrivelmente instalada em Jardim Primavera, um bairro tipicamente residencial, em um lugar onde não há um hidrante sequer.
Houve uma série de explosões, e muitas famílias estão desabrigadas.
Há o risco de novas explosões.

Pergunto eu:

- Quais o$ critério$ que levaram Prefeitura, Corpo de Bombeiros, ANP, etc. etc. etc. a concederem licença de funcionamento de uma coisa perigosa dessas em área tradicionalmente residencial?
Fosse um "depósito de gás do seu zezinho" ninguém daria tal permissão.
Mas ine$$$plicavelmente permitiram a instalação de enormes tambores (silos) cuja capacidade excede os 3.000.000 de litros.

- Onde estava a brigada de incêndio que a tal firma deveria ter?
Todas as firmas grandes que conheço têm uma, e até mesmo a igreja que frequento, embora em geral igrejas não tenham praticamente nada que pegue fogo ou que exploda. Mas lei é lei.
Cadê a instalação do sistema que deveria haver para combate ao fogo (sprinklers, etc.)?
Em uma de nossas igrejas, pelo porte (mais de 900m2), foi obrigatória a instalação de um sistema de sprinklers com caixa d'água em separado e uma tubulação de aço de grosso calibre.
Era de se imaginar que uma empresa voltada para o armazenamento de combustíveis em grande escala tivesse de primar pela prevenção de acidentes.
Ou não?

danniel-lara
(usa Fedora)

Enviado em 24/05/2013 - 11:27h

acho que foi negligencia da própria empresa , com falta de recurso , falta de manutenção preventiva e outras séries de coisas

Teixeira
(usa Linux Mint)

Enviado em 24/05/2013 - 13:39h

Essa suposta "falta de recursos" a meu ver é conversa para boi dormir.
É mais falta de "respeito" e excesso de "dane-se o mundo".
A planta industrial daquela empresa é imensa, super-elaborada, coisa caríssima, e entre as primeiras coisas a se pensar ao implantar uma empresa de porte bem menor que aquele, estão exatamente a infraestrutura e segurança.
"Lucro" deve ser consequência operacional, e não de economias através de "acertos" e "jeitinhos".
Aqui ali é uma mini-refinaria ("mini", se comparada com a REDUC, por exemplo).
O que eles gastaram (pelo menos em "prestígio") para conseguir um licenciamento irregular, poderiam usar para conseguir a instalação de hidrantes pelo menos no entorno da planta industrial.
Lembrando que a prefeitura é municipal, a CEDAE e os Bombeiros são instituições estaduais e a ANP é federal.
Onde todos erram juntos, o desastre é mais que certo.

Teixeira
(usa Linux Mint)

Enviado em 24/05/2013 - 13:44h

Um detalhe: Um tanque daqueles é infinitamente mais caro que minha casa, que tem 115m2.
Considerando que aquela instalação certamente foi financiada pelo BNDES (*), dava muito bem para incluir no orçamento todos os dispositivos para prevenção de incêndio e pânico.


(*) Considerando que ninguém faria uma planta industrial daquele tamanho com dinheiro do próprio bolso...

lcavalheiro
(usa Slackware)

Enviado em 24/05/2013 - 13:54h

Teixeira, eu só morei em Caxias de 1998 a 2011, mas eu tenho uma teoria sobre o assunto que envolve o velho coronelismo da Baixada e alguns outros interesses (não os do povo, tenho certeza). Eu conheço Jardim Primavera bem (sou professor em Xerém, sou membro do Lacraias ali na Figueira, e antes de ser do Lacraias já fiquei de porre várias vezes ali na sede do Ferramentas), e sempre me perguntei porque caralhos o Governo resolveu construir aquele complexo de armazenamento ali, no meio de um bairro residencial. Alguém ganhou muito, e o povo perdeu muito com isso.

Teixeira
(usa Linux Mint)

Enviado em 24/05/2013 - 16:07h

E este não é o primeiro incêndio naquela planta industrial, embopra o primeiro, há cerca de 20 anos atrás, tenha sido de proporções bem menores.
A população local já fez anteriormente um enorme abaixo assinado solicitando das autoridades o embargo daquela instalação.

No nordeste há um ditado que diz "todo mundo é bom, mas meu capote não aparece".
É a mesma coisa: Está todo mundo "certo", mas a coisa não funciona como deveria.

A Petrogold não é uma "empresinha de fundo de quintal", pelo contrário, é uma empresa de porte respeitável, estando presente em várias partes do mundo.
Como "ninguém se exime do cumprimento da lei, alegando desconhecê-la" (de onde foi que eu tirei isso, mesmo?), é estarrecedor que qualquer empresa do porte maior que uma birosca desconheça as leis ambientais, mesmo as que já existiam nos antigos tempos da FEEMA.
Causa mais espanto ao constatarmos que se trata de uma multinacional.

Fui dar uma olhadinha no site brasileiro deles (www.petrogold.com.br), e tem uma página que fala especificamente de uma suposta "preocupação ambiental", bla, bla, bla, bla, bla, bla...
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente porém já os acusava de praticar a adulteração de combustíveis naquele local, inclusive poluindo ostensivamente a rede hídrica.

A ANP diz que eles tinham licença "em ordem", e que está rastreando todas as multas que lhe foram aplicadas.
Para quem usa computador, mesmo com o mais lerdo dos bancos de dados do mundo, isso seria coisa de minutos.
Eles possivelmente levarão anos, pois o computador deles certamente é movido a vapor...
Que aliás hoje em dia - não se sabe porque - as coisas "via computador" passaram a ser muito mais lerdas que no tempo do gasogênio.

Teixeira
(usa Linux Mint)

Enviado em 24/05/2013 - 16:20h

Outra coisa:
A eterna briga entre Corpo de Bombeiros e as prefeituras...

Aqui no centro do Rio de Janeiro, por exemplo, a prefeitura exige que sejam conservadas as fachadas de prédios antiquiquíssimos, inclusive exigindo que se usem os mesmos materiais (!!!!), deixando a segurança em último lugar.
Em função disso, têm ocorrido inúmeros sinistros na região da SAARA, na MEm de Sá, e por toda aquela região.
Se eles fossem mais flexíveis quanto à utilização de materiais, ficaria mais acessível (ao bolso) tal conservação.
Lembrando que os prédios antigamente eram construídos com troncos de coqueiro, cal e cola de peixe, além de grossas peças de madeiras que hoje em dia são raras, como a canela e o jacarandá. As tintas eram feitas à base de cal virgem e corantes em pó.
Os bombeiros, quando se trata de estabelecimentos comerciais, exigem uma "rota de fuga" bem planejada, espaçosa, com entrada e saída bem acessível ao público.
Mas a prefeitura burramente não abre mão de se "conservar a fachada" por mais horrivel que ela possa ser ( é o caso de nosso CCBA, cuja fachada é quadradona, tem uma porta altíssima e uma única janela, além de um degrau de 30 cm de altura.
E nada disso pode ser modificado, senão eles não concedem o alvará, e ainda multam.

Outra briga era da FEEMA com as prefeituras.
Agora é do INEM com as prefeituras.
Será que ninguém se entende por aqui?