raserafim
(usa Slackware)
Enviado em 17/07/2017 - 13:35h
patrickalima98 escreveu:
"Mais por exemplo, o correto então é dizer GNU/LInux em razão do Linux utilizar coisas do projeto GNU certo ? Mais o Linux por si só, ele é independente ? digamos assim ele é puro, ou existem recursos que utiliza do projeto GNU e por isso acrescentam o "GNU" para dar os créditos?"
Ghost_Shell escreveu:
"Hoje existem alternativas a algumas ferramentas do GNU. O Gabriel do tocadotux que aparentemente defende que deveria ser apenas Linux estava fazendo uma série chamada além do gnu."
Entendo que é um equívoco ou, no mínimo, uma superficialidade ou unilateralidade tratar essa enorme discussão "Linux" ou "GNU/Linux" apenas sob a perspectiva técnica.
Aqueles que, com propriedade, defendem o uso do termo "GNU/Linux" não o defendem fundamentalmente porque o Kernel Linux se vale de bibliotecas do Projeto GNU para ser compilado. (A propósito, há quem diga que já é possível, com algumas limitações, compilar o Kernel Linux sem a utilização de ferramentas GNU.)
A discussão não é se devemos chamar o Kernel Linux de "GNU/Linux" ou apenas "Linux". a discussão não é em relação a nomenclatura que devemos dar ao Kernel.
A discussão é em relação a todo o ecossistema que dá forma e conteúdo ao que podemos chamar de um Sistema Operacional.
É em relação a esse "ecossistema" que se defende a utilização do termo "GNU/Linux" ("ecossistema" esse do qual o Kernel Linux é apenas um dos vários componentes constitutivos).
Se defende a utilização do termo "GNU/Linux" não apenas porque até hoje esse "ecossistema" se utiliza intensivamente de componentes do Projeto GNU ou de componentes alternativos à esse projeto mas que é compilado com ferramentas desse Projeto; se defende a utilização do termo "GNU/Linux" também, e talvez sobretudo, porque esse Projeto além de nos oferecer um caldo de cultura em defesa do Software Livre e em desfavor ao Software Proprietário, nos forneceu um arcabouço legal (como licenças GPL...) que permitisse com que esse movimento pudesse se materializar -- mesmo em uma sociabilidade que tem como elemento central a defesa da propriedade privada.
A defesa da utilização do termo "GNU/Linux" envolvem questões para além de aspectos técnicos; envolvem questões conceituais-filosóficas.
Ou seja, em minha avaliação, defender o termo GNU/Linux acima de tudo, e independente de qual componente tecnicamente se está utilizando, significa levar em conta explicitamente o Movimento do Software Livre, do qual o Projeto GNU é a vanguarda, e do qual alguns outros movimentos se desdobram em seu interior ou no seu exterior.
Sem o Projeto GNU e, em consequência, sem a disponibilidade no mínimo de um Compilador "Livre", muito provavelmente, assim entendo, o Software Livre contemporaneamente não seria uma possibilidade concreta e viável (ou, ao menos, não na forma extensiva que o conhecemos hoje).