Os padrões abertos devem ser entendidos como absolutamente essenciais em um mundo cada vez mais globalizado e interligado, como este que vivemos. Os países, organizações, empresas e cidadãos interoperam continuamente, uns com os outros.
Para que a interoperabilidade possa acontecer, é preciso que todos estejam de acordo sobre a forma como esta interoperabilidade irá ocorrer. Ou seja, em outras palavras, quanto mais padronizado forem os mecanismos de interoperabilidade, menos esforço será demandado para criarmos interfaces de interoperação, sendo então a comunicação mais rápida e ágil.
Embora pareça simples, quando pensamos nas geotecnologias, essa padronização acontece, pois, existe a Open Geospatial Consortium (Consórcio Geoespacial Aberto), conhecida como OGC.
A Open Geospatial Consortium (Consórcio Geoespacial Aberto) é uma organização voluntária internacional de padrões abertos. Na OGC, mais de 500 organizações comerciais, governamentais, não-lucrativas e instituições de pesquisa do mundo todo, colaboram num processo de consenso colaborativo e aberto, viabilizando o desenvolvimento e a implementação de padrões para conteúdo e serviços geográficos, Sistemas de Informações Geográficas (SIG), processamento de dados e troca de informações.
Podemos destacar diversos participantes de peso, como a Esri, AIRBUS, Microsoft, Google, Hexagon, Oracle, Trimble, Maxar, Nasa, entre outras.
A OGC publica os padrões abertos que viabilizam a criação de aplicações e Sistemas e Informações Geográficas no estado-da-arte, totalmente interoperáveis, voltados para a WEB.
O modelo de serviço WEB (webservice) permite que os usuários e empresas criem suas soluções de forma livre e extremamente personalizáveis, com um esforço muito baixo voltado para programação, integração e futuras manutenções.
Uma estrutura unificada utilizando os padrões e serviços WEB da OGC é de extrema importância para que possamos possuir interoperabilidade na geotecnologia. Caso queira conhecer a OGC, acesse o site do projeto:
A interoperabilidade sintática das informações geográficas trata das formas como os objetos geográficos vão transitar entre as instituições (empresariais, governamentais, pessoais) e das instituições para a sociedade.
É nesta forma de comunicação que entra a arquitetura nacional e-PING - Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico, mantida pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento (SLTI/MP).
A e-PING define os vários padrões de intercâmbio para a informação geográfica, seja como meio de acesso ou serviços WEB. Uma infraestrutura de dados espaciais (IDE), tema tratado adiante neste artigo, possui diversos componentes, sendo que entre eles, destacam-se as normas e padrões.
O decreto brasileiro da INDE (Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais) prevê que os padrões de intercâmbio para a IDE brasileira serão os adotados na arquitetura e-PING. Caso queira conhecer o e-PING, utilize o site oficial em:
Outro aspecto de grande importância que merece destaque na INDE e também na interoperabilidade, é a utilização de padrões de metadados. Os metadados descrevem detalhadamente cada um dos dados geográficos e tabulares a que fazem referência.
Eles permitem identificar o produtor do dado (responsabilidade técnica e créditos), quando foi elaborado, como foi produzido, quais insumos foram aplicados (controle de qualidade), entre outras informações importantes.
A arquitetura da e-PING adota várias especificações OGC para o domínio geoespacial em seu documento de referência, visando os padrões abertos e a interoperabilidade.
Entre os padrões especificados, podemos destacar:
- Geography Markup Language (GML): define um formato de arquivo baseado em XML (eXtensible Markup Language) que permite o transporte e armazenamento de informação geográfica;
- WEB Map Service (WMS): serviço WEB que permite obter mapas (dados geográficos editados) ou imagens na internet;
- WEB Feature Service (WFS): serviço WEB que permite acessar e manipular dados geográficos codificados em GML na internet. Este serviço entrega o dado ao cliente no formato GML podendo utilizar uma série de especificações na consulta, espaciais ou escalares;
- WEB Coverage Service (WCS): serviço WEB cujo propósito é acessar informações georreferenciadas que possuem valores em todo o espaço considerado, sem fronteiras bem definidas (geocampo). Uma imagem de satélite é um exemplo de dado que trafega em um WCS;
- Catalogue Services for the WEB (CSW): serviço WEB que define interfaces para publicar, acessar, navegar e consultar metadados sobre informações georreferenciadas na internet.
O formato GML, juntamente com os quatro serviços WEB adotados na e-PING, constituem a base da interoperabilidade sintática para a INDE.
Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE
A Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) foi instituída pelo Decreto Nº 6.666 de 27/11/2008 com a seguinte definição:
Conjunto integrado de tecnologias; políticas; mecanismos e procedimentos de coordenação e monitoramento; padrões e acordos, necessário para facilitar e ordenar a geração, o armazenamento, o acesso, o compartilhamento, a disseminação e o uso dos dados geoespaciais de origem federal, estadual, distrital e municipal.
Portanto, a INDE nasceu com o propósito de catalogar, integrar e harmonizar dados geográficos existentes nas instituições do governo, produtoras e mantenedoras desse tipo de dado, de maneira que possam ser facilmente localizados, explorados e acessados para os mais diversos usos, por qualquer cliente que tenha acesso à internet, de forma aberta e interoperável.
Os dados geográficos são catalogados através dos seus respectivos metadados, publicados pelos produtores/mantenedores desses dados, utilizando os padrões abertos da OGC, de acordo com a e-Ping.
A disponibilização de dados, metadados e informações geoespaciais através de serviços WEB, denominados Geo Serviços WEB, é viabilizada pela utilização de protocolos internacionais, públicos, que permitem o acesso às informações geográficas de forma simples, ágil, completa e integrada, sem necessidade de conhecimento especializado.
O acesso aos Geo Serviços da INDE se realiza através de um portal denominado SIG Brasil em:
A INDE tem como principais objetivos:
- Promover o adequado ordenamento na geração, armazenamento, acesso, compartilhamento, disseminação e uso dos dados geoespaciais;
- Promover a utilização, na produção dos dados geoespaciais pelos órgãos públicos das esferas federal, estadual, distrital e municipal, dos padrões e normas homologados pela Comissão Nacional de Cartografia - CONCAR;
- Evitar a duplicidade de ações e o desperdício de recursos na obtenção de dados geoespaciais, por meio da divulgação da documentação (metadados) dos dados disponíveis nas entidades e nos órgãos públicos das esferas federal, estadual, distrital e municipal.
Padrões abertos e interoperabilidade na Geotecnologia utilizando o Linux
Existem diversas soluções que executam nativamente no
Linux, disponibilizando e utilizando os padrões abertos para geotecnologia, como por exemplo, os servidores de mapas nos padrões OGC listados abaixo.
O GeoServer é um servidor de mapas on-line, completamente funcional que segue as especificações de padrões internacionais da OGC, como WEB Map Service (WMS), WEB Coverage Service (WCS) e WEB Feature Service (WFS), tendo como objetivo tornar a informação geográfica o mais acessível possível.
Através do GeoServer, podemos publicar dados através de mapas e imagens (usando o WMS), ou os dados vetoriais (utilizando WFS), além de permitir atualizar, deletar ou inserir novos elementos através do serviço WFS-T (transacional).
O seu foco é a facilidade de uso e o suporte aos padrões abertos, possibilitando que qualquer usuário possa compartilhar suas informações geográficas de uma forma interoperável e que, além de facilitar, garanta a consistência da informação.
Mais informações sobre ele estão no site:
GeoServer
Temos também o MapServer, sendo ele outro software livre que serve como ambiente de desenvolvimento para construção de aplicativos espaciais na internet. Ele se propões a se sobressair na apresentação de dados espaciais (mapas, imagens e dados vetoriais) na WEB.
Disponibiliza também os serviços nos padrões da OGC, como WEB Map Service (WMS), WEB Coverage Service (WCS) e WEB Feature Service (WFS). Além disso, está disponível em diversas plataformas como Linux, Windows, MacOS, Solaris, dentre outras.
Caso queira conhecer, o WEBsite é o:
Welcome to MapServer ? MapServer
Por último, mas não menos importante, temos o GeoNetwork. Ele é um projeto open source, sendo uma aplicação de catalogação livre e de código aberto para recursos referenciados espacialmente.
Em outras palavras, ele é um catálogo de informações orientadas para localização, ou seja, um ambiente de gestão de informações espaciais padronizado e descentralizado, desenhado para permitir acesso a bancos de dados georreferenciados, produtos cartográficos e metadados relacionados de uma variedade de fontes, aperfeiçoando a troca de informações espaciais e partilha entre organizações e o respetivo público, usando as capacidades da WEB.
Ao utilizar o protocolo Z39.50, ele acede a catálogos remotos e disponibiliza seus dados para outros serviços de catálogo. Desde 2007 o OGC WEB Catalog Service está a ser implementado no GeoNetwork.
O site oficial é:
Home ? GeoNetwork opensource
Caso esteja procurando uma empresa que trabalhe com softwares de geotecnologias livres, de padrões abertos, com foco na interoperabilidade, ou com sensoriamento remoto (processamento digital de imagens), automatização de processos, dentre outros serviços, recomendo a
All Maps que atua nesse mercado junto com a drSolutions -
Agência Digital, gerando excelentes resultados.
Conclusão
Espero que as considerações apresentadas sobre os softwares livres que disponibilizam padrões abertos, com o foco na interoperabilidade, acrescentem informações uteis, para quem atua no mundo das geotecnologias.
Você utiliza esses softwares e soluções?