Multiterminais e Userful Multiplier nas escolas públicas: Uma solução barata que sai caro

A ideia parece genial, parece trazer muitos benefícios... no papel! Na prática, é só mais um exemplo da mesquinhez com que a educação brasileira é tratada.

[ Hits: 42.970 ]

Por: Perfil removido em 05/11/2011


Multiterminais e Userful Multiplier – uma solução barata que sai caro



Faz tempo que eu gostaria de falar sobre esse assunto. Até cheguei a pensar em algum discurso introdutório, de efeito para sustentar meus argumentos. Mas não acho isso necessário. Portanto vou direto ao ponto!

Há algum tempo o governo federal vem investindo “pesado” na compra de computadores para as escolas públicas, no incentivo ao uso das NTICs (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) na educação etc... Nada seria mais coerente do que o fato de se utilizar e incentivar o uso de softwares livres nesses equipamentos. Essa ideia é brilhante...

No papel!

Na prática, os nossos governantes, secretariados, ministérios e diabos à quatro vem fazendo mais lambanças do que um... Um dos exemplos que trago aqui, é a solução de multiterminais nas escolas públicas.

Multiterminal, para quem não conhece, trata-se de um computador ao qual estão ligados dois ou mais monitores, com seus respectivos periféricos. Você poderá entender melhor se observar a figura abaixo:
Linux: Multiterminais e Userful Multiplier nas escolas públicas: Uma solução 
barata que sai caro
Veja que uma única CPU alimenta dois monitores, dois teclados e dois mouses independentes. Com essa solução cada monitor inicia uma sessão do X, que funcionará de maneira independente à do monitor ao lado. Em alguns computadores, são ligados 3 monitores também.

Pois bem, o que tenho pra dizer sobre esse assunto é que quanto mais a gente crê que um dia a educação será levada a sério, mais a gente vê que ninguém está dando à mínima para ela.

Você deve estar se perguntando o que tem de errado nessa solução aparentemente “genial”. Oras, a solução realmente parece digna de um “Eureka!!!!!”: pode-se economizar em CPUs, podendo-se comprar mais monitores e teclados. Assim um laboratório com 15 máquinas precisará de apenas 5 CPUs. Vê-se que nesse caso, economizou-se o dinheiro de 10 CPUs! É bastante dinheiro. Palmas para quem inventou isso, e mais palmas ainda para quem decidiu comprar milhares dessas coisas para as escolas públicas!

Não preciso dizer que essa “ideia” é muito mais interesseira do que interessante. Não sei quem está ganhando com isso. Mas tenho certeza de que não são as escolas.

A minha escola é uma das felizardas que recebeu um desses laboratórios. No início fiquei de boca aberta e imaginando como seria viabilizar um trabalho pedagógico com esse tipo de tecnologia. Com o passar do tempo só fui confirmando as minhas péssimas previsões.

Vou enumerar alguns dos problemas que esse tipo de “ideia supimpa” acarreta para o professor e seus alunos:

1º Incompatibilidade com a esmagadora maioria de sistemas: Pra falar a verdade um software que não tem compatibilidade com Ubuntu, já não tem serventia nenhuma. Na educação não podemos nos dar ao luxo de usar distros menos populares, pois precisamos de dinamismo e facilidades que só o Ubuntu é capaz de dar. Para fazer o software que gerencia esses multiterminais (userful multiplier) funcionar no Ubuntu foi um verdadeiro parto! No início eu só conseguia fazê-los funcionar no Ubuntu 9.10 ou inferior. No site do Userful Multiplier, constava que esse software era compatível com Ubuntu 10.04, mas ao tentar a instalação, o pacote simplesmente acusava incompatibilidade de versão! Entrei em contato com o suporte do Multiplier, e recebi uma sonora resposta de: “O userful multiplier não funciona no Ubuntu 10.04 nas máquinas do pregão das suas máquinas”!

A resposta é sempre a mesma: “Use o Linux Educacional, que já vem instalado nos multiterminais, blá, blá, blá...". A versão do Linux Educacional que veio instalado nos multiterminais da minha escola, era o 3.0, baseado no Ubuntu 8.04. Três anos de defasagem é muito em se tratando de Linux! O suporte do Ubuntu 8.04 já venceu. Não quero colocar o Linux Educacional nessa história, tenho minhas opiniões sobre ele, mas vou poupá-lo dessa vez.

No final das contas se não fosse o amigo Fernando Amado, desenvolvedor do projeto Guaçú Livre, eu não teria descoberto como fazer o Ubuntu 10.04 funcionar nessas máquinas. O truque está em usar o Ubuntu 10.04 64 bits, com a versão 4.0 do Userful. Mas tem que ser a versão beta, pois a versão final, eles deram jeito de estragar novamente.

2º Desempenho: Sim. Ou você imagina que duas ou três pessoas usando a mesma CPU não irá influenciar no desempenho da mesma? Aí muitos vem com aquela ladainha de: “Ahhhh Gedimar, mas em uma escola, o que os alunos vão fazer para exigir tanto de uma máquina? Eles só vão digitar textos e pesquisar na internet. Isso ocupa só uns 5% do processador e da memória RAM. Ninguém vai nem notar a diferença.”

Esse é o tipo de frase de gente que nunca pisou em uma escola, e se pisou, não tem comprometimento com educação de qualidade. Em uma escola faz-se muita coisa que exige bastante recursos de hardware sim. Quer um exemplo? Jogos em flash: rodar um simples jogo em flash através do navegador já prejudica o desempenho da máquina. Tive péssimas experiências para trabalhar com multimídia, principalmente com vídeos, nessas máquinas.

3º Uso excessivo de memória: Todos sabemos que máquinas com sistema 64 bits usam mais memória que máquinas com sistema 32 bits. Mas as coisas que vejo acontecer com esses multiterminais beiram o sobrenatural! Explico: Algumas máquinas, mesmo sem nenhum programa aberto, consomem todo o 1 GB de memória RAM da máquina! Se listar os processos, não aparece nenhum que esteja consumindo tanta memória.

4º Mau funcionamento dos periféricos: O software usado para gerenciar os multiterminais (userful multiplier) é uma das coisas mais horríveis que já vi. Ele simplesmente faz uma confusão extrema com os periféricos da máquina. Mouses travam, teclados muitas vezes escrevem em letra maiúscula quando o capslock está desligado e em letra minúscula quando o capslock está ligado. O mesmo acontece com o teclado numérico.

5º USB: Pendrives não funcionam corretamente. É um sacrifício para fazê-los funcionar, e quando funcionam, transmitem dados à uma velocidade tão lenta que demora alguns minutos para transferir uma simples música em mp3 para dentro deles. Isso sem contar os problemas de escrita: em algumas máquinas só é possível montar pendrives como root, através do terminal! Isso é um absurdo! No fim de tudo, tive que deixar apenas um dos monitores de cada máquina montando pendrives, os outros tive que colar um enorme aviso escrito “NÃO MONTA PENDRIVES”.

6º Áudio: Fazer o áudio funcionar corretamente nessas máquinas foi mais uma odisseia. Horas não funcionava, horas funcionava invertido. E o caos se estabelecendo cada vez mais.

7º Aceleração gráfica: Jogos que exigem aceleração gráfica? Nem em sonho! Mesmo com um placa aceleradora o userful não suporta aceleração gráfica. Rodar um simples TuxKart é simplesmente impossível!

Em 2009, trabalhei em uma escola em que as máquinas não eram multiterminais. Mesmo com um Celeron e 512 Mb de RAM essas máquinas suportavam aceleração gráfica. Umas das ferramentas que utilizei para fazer propaganda do Linux, foi o Compiz. Os alunos simplesmente babavam! Ficavam maravilhados! Todos nós sambemos, que para conquistar novos usuários para o Linux, o Compiz é uma poderosa arma. Mas com esses multiterminais, nem isso é possível de se fazer.

8º Fechamento inesperado de softwares: Esse é um dos problemas que me dão calafrios! Softwares como o Open/LibreOffice, fecham sem mais nem menos.

9º Complexidade de configuração: Graças a Deus eu tenho o instinto de pesquisador e fuçador, tenho um bom conhecimento sobre Linux. Mas, com toda a humildade, essa não é a realidade da maioria das escolas. A maioria dos professores encarregados pelas salas informatizadas do Brasil mal sabem instalar um programa no Ubuntu, muito menos configurar um multiterminal desses de modo que funcione de uma maneira “tolerável”.

10º (Por fim, porém não menos importante!) Fios: São tantos quanto os cabelos da Rapunzel. Sei que isso não é tão importante, mas eles dão um aspecto feio ao ESPIN (Espaço Pedagógico Informatizado). E depois de tantos problemas, esses detalhes acabam se tornando irritantes!

Sem dúvida a maior questão desse problema é a própria aprendizagem do aluno. Mas tem um outro problema que inevitavelmente acaba por acontecer, que é a contribuição para com que a imagem do Linux, perante o usuário leigo, fique cada vez mais arranhada. Isso é péssimo. O usuário final não quer saber se o Userful, se o Xorg, se X, se o USBmount, blá blá blá... Ele quer fazer o que tem que fazer, sem ver o programa em que ele está trabalhando simplesmente fechar na sua cara, sem nenhuma explicação.

Gostaria de salientar algo muito importante, pois sempre que alguém lança uma crítica em relação aos recursos disponibilizados à educação, sempre aparece um “pano quente” com aquele discurso xôxo:

“Mas quem quer ser educador tem que trabalhar com o que tem à disposição”
“Ahh, mas professor tem que fazer muito com o pouco”
“É, mas as coisas são assim mesmo. Educação é sacrifício”

E outras coisas mais...

Eu me recuso a ouvir esse tipo de gente. É bem verdade que nós não devemos deixar de fazer as coisas por falta de recursos, afinal de contas o nosso aluno não tem culpa se os nossos governantes se preocupam mais com copa do mundo e olimpíada do que com educação. Devemos sim, fazer o nosso melhor com o que temos em mãos. Eu tive um professor que fazia CDs multimídia com seus alunos, utilizando apenas uma máquina que nem gravador de CD tinha. Ele ia de Brusque, até Florianópolis, para gravar os CDs. Isso é comprometimento com a educação.

Mas daí aceitar as coisas como um cordeirinho, ver as coisas acontecendo de maneira errada e nem ao menos se posicionar ou reivindicar melhorias, já é falta de responsabilidade e de senso crítico.

Quero deixar claro que eu critico, pois tenho uma argumentação baseada na experiência. Não sou especialista em Linux, mas os três anos de intensa aprendizagem que tive sobre esse sistema me gabaritam a opinar sobre algo que visivelmente não funciona de maneira satisfatória.

Também não sou do tipo que cruza os braços e fica apenas reclamando. Quem me conhece sabe do meu esforço para poder integrar cada vez mais o software livre e as NTICs ao processo de ensino e aprendizagem. Ainda sou um educador em início de carreira, tenho muito a aprender, mas graças a Deus também tenho muito com que posso contribuir.

Sei que as minhas palavras podem ofender algumas pessoas. Sei que eu posso pagar por causa disso. Mas eu me sinto na obrigação de denunciar o descaso com que a educação, e principalmente que as NTICs aplicadas à mesma são tratadas pelos poderosos.

Abraço a todos.
   

Páginas do artigo
   1. Multiterminais e Userful Multiplier – uma solução barata que sai caro
Outros artigos deste autor

Instalação personalizada com Debian

Backup/Restore de uma cópia fiel de um HD utilizando o DD

Projeto Xen - Visão Geral

Ambiente de desenvolvimento Java com Ubuntu 7.10 e Net Beans 6

Karl Marx e a concorrência individual no Viva o Linux

Leitura recomendada

Grave seus boots remotos com uma placa mãe

A história do hardware

Configuração da função de webcam para a famosa Breeze Cam

Qual é o melhor Sistema Operacional?

Como Instalar Seu Adaptador WiFi RTL8821 No GNU-Linux

  
Comentários
[1] Comentário enviado por iescodeiro em 05/11/2011 - 11:43h

Excelente artigo... Alias, excelente desabafo! Sou professor também. Os multiterminais seriam soluções perfeitas se fossem bem configurados e se funcionassem adequadamente. A vantagem de poder participar de uma comunidade livre como essa, é que com certeza as pessoas ao lerem esse tipo de artigo, irão atraz de soluções cabiveis e funcionais...

Parabéns!

[2] Comentário enviado por nickmarinho em 05/11/2011 - 12:14h

Gedimar eu adorei esse seu desabafo, é um total descaso dos nossos governantes fazerem isso. Não pensam na educação, só acharam mais uma forma de arrancar dinheiro do nosso bolso fazendo os menos estudados e os que não entendem de informática pensar que estariam fazendo algo de bom para a educação do país.

Muita gente vai dizer: Ah, mas eles informatizaram as escolas e tal.
Mas controlar uma sala com 40 alunos para apenas fazer o que lhes é passado numa sala de aula é impossível.

Eu gostaria de lhe parabenizar por esse artigo e gostaria de postar no meu site, posso ?

www.lucianomarinho.com.br

Abraço

[3] Comentário enviado por Zaraki em 05/11/2011 - 12:49h

Muito bom seu artigo caro Gedimar.

Gostaria ainda de rasaltar o descaso do governo tanto nas escolas quanto nas universidades, onde facilmente encontramos grande parte das máquinas rodando sistemas , operacionais "piratas" sendo que possuímos opções tão boas como o ubuntu por exemplo. Acho que uma ora dessas alguém poderia escrever sobre isso aqui no VOL.

Parabéns

[4] Comentário enviado por levi linux em 05/11/2011 - 12:53h

Parabéns!
Excelente artigo. Realmente a educação brasileira sofre de um descaso histórico por parte dos governantes.
Mas como bem disse o Iescodeiro, " A vantagem de poder participar de uma comunidade livre como essa, é que com certeza as pessoas ao lerem esse tipo de artigo, irão atrás de soluções cabiveis e funcionais...", assim espero.
Boa sorte com os multiterminais!

[5] Comentário enviado por banto em 05/11/2011 - 13:57h

Olá Gedimar,

Eu começei trabalhar em escolas, com informática, em 2001 e trabalho hoje em vários espaços de aprendizado não-tradicional. Concordo e discordo das suas afirmações e por venho contribuir no debate, no sentido técnico e político.

1 - A escolha do governo federal, estadual ou municipal em abrir pregão é uma forma de fomentar o empreedorismo ou mesmo a iniciativa privada, e isso é muito interessante para gerar um equilibrio no desenvolvimento economico mais equime entre a sociedade, o setor privado e o governo, para superar o lobby de cada dia.

2 - A escolha de usar pregão e não ter uma fiscalização adequada tem risco sérios e isso ocorre em todas áreas, e não só nas ações do PROINFO.

3 - Uma forma de pontecializar as comunidades de software livre e/ou iniciativa privada que utilizam software livre foi fazer uma parceria com montadoras de computadores com empresas de software (livre), e que essa dê suporte regional, nesses editais a nivel nacional. Nem todas as empresas tinham ou tem ligação com comunidades ou mesmo uma experiência considerável, e quando é necessário certificação (LPI) acaba comprando, como diz o artigo "Aluguel de certificações e formações. Ilegal?" http://www.vivaolinux.com.br/artigo/Aluguel-de-certificacoes-e-formacoes.-Ilegal

4 - Um dos motivos, pelo menos o que eu conheço, para adoção de sistema Multiseat é a economia de energia, pois em escolas rurais que ainda não tem o Programa Luz Para Todos tem problema em manter 15 computadores ligados ao mesmo tempo. Usando monitores LCD e estações com 6 placas de vídeos (5 PCI e 1 AGP, por exemplo), torna viavél a solução, mesmo em lugares com energia solar+baterias.

5 - Não conheço essa solução corporativa da Userful para Multiseat, mas tem a solução com MDM, amplamente documentado, com opção de recurso 3D e muito mais, como você por ver em http://wiki.c3sl.ufpr.br/multiseat/index.php/Installing_mdm/pt-br e http://www.x.org/wiki/Development/Documentation/Multiseat

6 - Uma das grandes vantagens de usar sistemas l*nix é o compartilhamento de processos, isso ajuda muito da economia de memória ram. na solução citada acima essa vantagem não é desperdiçada, pode ser que na solução da Userful.

7 - Sobre o endeusamento do Ubuntu eu sempre acho que é um câncer para o software livre. Eu utilizo Fedora e não vejo nada que ele não faria que o Ubuntu faz, assim como o OpenSuse, por exemplo. O Slogan no Ubuntu, "linux para todos", no sentido pedagógico, em qualquer linha moderna de pedagogia, é a morte. Por outro lado, no sentido de aprendizado avançado e qualidade, o conhecimento de um só sistema, na forma linear como é colocado, é totalmente ultrapassado para o presente e o futuro, que opera na forma não-linear. Dos projetos que conheço de utilização de software livre no ambiente escolar, de mais qualidade que conheço, é o OLPC e Linex, que ambas não são baseado em Ubuntu.

8 - O governo, nas suas esferas, usando pregão faz ser inviável a adoção de mais de uma distribuição para dar suporte, isso requer um equipe enorme e qualificada, que hoje não temos.

9 - Fiquei curioso, de como você trabalha pedagogicamente o TuxKart no Espaço Pedagógico Informatizado, você pode compartilhar o Projeto Político-Pedagógico?

10 - No sentido de trabalhar com multimidia, com qualidade, numa escola, para mim a solução mais moderna seria usar HAEduc ou Squeak, e não flash. http://www.haeduc.rimed.cu/ e http://squeak.org/

inté!
banto palmarino

[6] Comentário enviado por julio_hoffimann em 05/11/2011 - 16:55h

Gedimar, você tem toda a razão!

Seu ponto de vista é extremamente valioso, por favor continue nos informando sobre essa falta de comprometimento do governo. Se consultassem professores como você, o cenário seria bem melhor.

Tenho esperança de que um dia a nossa comunidade ganhe poder decisivo na adoção de novas tecnologias, se não reclamarmos, continuarão com esse descaso.

Abraço!

[7] Comentário enviado por nicolo em 05/11/2011 - 17:33h

Gedimar. As coisas não acontecem somente dentro das escolas onde os políticos faturam votos colocando material e equipamento inadequado.
O problema de qualificação de mão de obra no Brasil, tão anunciado e entoado, não atinge só o andar de baixo.

Os "decision makers " nacionais, públicos e privados, são uma lástima. Há poucos anos foi divulgada uma estatística sobre a escolaridade dos decisores nacionais: 11,7 anos, significa que, em média, não terminaram o segundo grau.
Só há dois anos só 9% dos garotos nacionais entre 18 e 24 anos estavam matriculados em algum curso de terceiro grau, sendo que desses 9%, metade estava matriculada em direito e administração. Para se ter uma idéia, o México tem 20% dos muchachos matriculados em algum curso de terceiro grau, e a Espanha 58%.

Imagine que não teremos muitos especialistas em informática, nem em engenharia ou física ou geologia. Quando crescerem vão tomar decisões sobre as compras do governo e vão continuar comprando coisas inadequadas.
Constam equívocos em compras absurdas, em entidades com enorme corpo técnico- mal preparado.

Além de poucos garotos matriculados, as nossas escolas de terceiro grau, não são exatamente Harvard, Berkeley ou M.I.T., também não temos o Bell Labs aqui.

Na Terra de Macunaíma, sobram boas intenções, mas falta preparação para materializá-las.

[8] Comentário enviado por removido em 05/11/2011 - 18:09h

Olá pessoal, muito obrigado por comentarem, isso é um incentivo para quem compartilha aqui nessa comundade:

@Luciano, aqui no vol, todos nós costumamos permitir de bom grado a reprodução do material que publicamos, desde que os créditos sejam mantidos. Temos artigos excelentes que muita gente copia e divulga em outros lugares. Isso é muito bom, pois fortalece o ideal da liberdade ainda mais.

@Júlio, vc sabe que és um dos membros que eu mais respeito e admiro aqui no Vol. Receber um comentário seu é um grande incentivo.

@ Bakunin, gostei do seu "Decion Makers" rsrsrsrs. Esse é um grande problema realmente. As pessoas que tomam as decisões, principalmente sobre a educação, são as últimas pessoas que deveriam fazê-lo. Eles não tem contato nenhum com a realidade de uma escola, não sabem como as crianças e os professores serão atingidos pelas suas decisões... simplesmente as tomam como se fosses deuses olímpicos do saber e do fazer. E infelizmente isso não e aplica apenas às altas esferas, pra falar a verdade, esse mal corrói a poucos níveis acima de um professor de sala de aula.


[9] Comentário enviado por Teixeira em 05/11/2011 - 18:40h

Concordo em que o ato de ensinar envolve um certo sacerdócio.
Mas não é certo que um "sacerdote" tenha de cortar grama com tesourinha de unhas...
Sem equipamento adequado fica BEM difícil!

[10] Comentário enviado por removido em 05/11/2011 - 19:01h

@Banto, vou lhe dar a oportunidade de continuar o debate sim, essa é uma comunidade livre, e todos tem direito de se posicionar.

tenho algumas considerações sobre a sua fala:

1º Privada, privada, privada.. o próprio nome já é feio. Eu só gostaria de saber se os filhos desses "privados" estudam em escolas públicas. Todos sabemos que o capitalismo é selvagem, e medidas assim estão fadadas ao fracasso e à mesquinhez. Veja: O governo abre um pregão, várias empresas concorrem ao mesmo. Quem decide qual desses projetos é melhor? Na verdade, a tendências deles nunca é optar pelo melhor e sim, apenas pelo mais barato. O que nem sempre é o melhor, concorda?

2º "A escolha de usar pregão e não ter uma fiscalização adequada tem risco sérios e isso ocorre em todas áreas, e não só nas ações do PROINFO."

Concordo, aliás, eu só trocaria a palavra "fiscalização" por "acompanhamento". Nós professores não precisamos de gente ganhando muito dinheiro para nos "fiscalizar".

3º "Uma forma de pontecializar as comunidades de software livre e/ou iniciativa privada que utilizam software livre foi fazer uma parceria com montadoras de computadores com empresas de software (livre), e que essa dê suporte regional, nesses editais a nivel nacional".

Os linúx embarcados já não são suficientes pra vc? Procure pelo fórum que vc vai ver dezenas de relatos e reclamações sobre esses lnúxes embarcados. O que te faz acreditar que em computadores para as escolas públicas, o negócio seria diferente?

4º "Um dos motivos, pelo menos o que eu conheço, para adoção de sistema Multiseat é a economia de energia, pois em escolas rurais que ainda não tem o Programa Luz Para Todos tem problema em manter 15 computadores ligados ao mesmo tempo. Usando monitores LCD e estações com 6 placas de vídeos (5 PCI e 1 AGP, por exemplo), torna viavél a solução, mesmo em lugares com energia solar+baterias."

Ok, então todas as escolas da minha cidade devem ser rurais, pois todas receberam esse projeto, escolas estaduais tb.
Bom, mas sobre a questão da energia, vc tem razão. Mas vejo o seu pensamento nivelando as coisas por baixo. O governo não tem vergonha em deixar uma escola sem um sistema de alimentação de energia adequado? Aposto que se no lugar da escola, tivesse uma empresa, o governo colocaria internet rápida, energia e asfaltaria a rua. Na verdade, isso acontece aos montes aqui na minha região.

5º "Não conheço essa solução corporativa da Userful para Multiseat, mas tem a solução com MDM, amplamente documentado, com opção de recurso 3D e muito mais, como você por ver em http://wiki.c3sl.ufpr.br/multiseat/index.php/Installing_mdm/pt-br e http://www.x.org/wiki/Development/Documentation/Multiseat".

Você já testou, ou melhor, já usou essas duas soluções que vc me indicou no cotidiano escolar, por um período grande? Digo, no mínimo um ano? Se não as testou, nem deveria tê-las linkado.

6º "Uma das grandes vantagens de usar sistemas l*nix é o compartilhamento de processos, isso ajuda muito da economia de memória ram. na solução citada acima essa vantagem não é desperdiçada, pode ser que na solução da Userful."

Eu acho um enorme absurdo e mesquinhez, falar em desperdício, quando se fala de escolas públicas. Nós já fazemos o possível com os recursos cada vez mais escassos, e vc ainda vem falar de desperdício. Esse péssimo habito dos governo em nos impor que devemos fazer o máximo possível com o mínimo possível é um dos grandes responsáveis pela situação em que a educação pública se encontra.

7º Quando falo, do ubuntu, nem falo apenas por mim. É fato que a documentação na internet à respeito do ubuntu é de longe a maior, em relação às demais distros. Os professores que atuam nos laboratórios de informática, não são especialistas em linux. Logo, optar pelo ubuntu, é a decisão mais sensata.
Você citou o fedora e o opensuse. Eles até poderiam servir. Mas veja, que fazer esses multiterminais funcionarem corretamente no ubuntu, já é um parto. Imagino que não seja diferente nessas duas outras distros. Então, seis por meia dúzia, prefiro ficar com o ubuntu, que é a distro linux mais popular do mundo.
Você fala sobre aprendizagem do sistema. Na minha escola, ainda não chegamos nesse "ensino avançado" que vc cita. Portanto, usar vários sistemas para "não matar o processo de ensino e aprendizagem", não é necessário.

8º "O governo, nas suas esferas, usando pregão faz ser inviável a adoção de mais de uma distribuição para dar suporte, isso requer um equipe enorme e qualificada, que hoje não temos.

Não preciso de suporte de ninguém amigo. Como eu já disse (com toda a humildade) tenho um bom conhecimento em linux, suficiente para gerenciar uma escola com quase 500 computadores. Eu sou desenvolvedor do UbuntUCA. Uma remasterização do ubuntu para embarcar os laptops do programa UCA da minha escola. A única coisa que preciso, e que todas as escolas da minha cidade precisam, é de equipamento adequado. Se quiserem, podem até nos enviar máquinas sem sistema nenhum, que aqui, eu seguro as pontas.

9º "Fiquei curioso, de como você trabalha pedagogicamente o TuxKart no Espaço Pedagógico Informatizado, você pode compartilhar o Projeto Político-Pedagógico?"

Não trabalho pedagogicamente o TuxKart, aliás, nem o trabalho. Você leu o item 7 do meu artigo? Se aplicativos como o tuxkart funcionassem, aí sim eu poderia pensar em um projeto pedagógico para ele.

10º Você já aplicou o HAEduc ou Squeak em algum trabalho escolar durante um bom período? De qualquer maneira, muito obrigado pela dica, vou pesquisar sobre esses dois softwares.

Abraço

[11] Comentário enviado por removido em 06/11/2011 - 00:26h

Parece que existe algo de misterioso embutido nas diretrizes básicas de investimentos na Educação Brasileira. É tudo muito pobre, de baixo conteúdo e desprovido de qualidade.

A intenção é obrigar o aluno a procurar 'remediar' a baixa qualidade do ensino pagando os meios particulares de complementação de ensino.
Acredito piamente que exista 'lobby', sustentado pela 'podero$a' elite de empresários da 'educação', nos diversos escalões parlamentares para que não se invista na educação.


Faz muito bem em divulgar a realidade da estrutura do nosso sistema educacional.



[12] Comentário enviado por cristiano_mamede em 06/11/2011 - 11:02h

Parabéns pelo artigo, Gedimar. Já tive a oportunidade de ver em ação esses multiterminais e sua análise é prescisa. Em suma, é um lixo mesmo. E tem mais, as empresas que ganham as licitações ainda ficam condicionando a garantia do hardware (de terceira categoria) à obrigatoriedade do uso das "bombas" que eles instalam, entocam as senhas etc. Software livre não rima com o capital, essa é a verdade. Se houvesse a real intenção de fazer a coisa funcionar, era fácil para o Estado reunir equipes de técnicos, programadores, professores e construir um aparato de informática educacional. Mas o objetivo real dos governos não é uma educação de qualidade para o povo, mas sim, GASTAR MENOS COM A EDUCAÇÃO. O Estado está aí pra proteger os empresários, banqueiros, latifundiários, especuladores que financiam as campanhas dos políticos. Ora meu povo, um povo culto, informado, capaz de pensar por si mesmo ia aceitar esse sistema capitalista apodrecido desses? Ia aceitar ser representado por uma gentinha tâo corrupta? É perigoso demais para a classe dominante investir em educação. Por isso também que os professores são tão maltratados.

[13] Comentário enviado por removido em 06/11/2011 - 14:04h

Cristiano, suas palavras são extremamente lucidas e verdadeiras, eu não poderia dizer nada melhor.

Abs

[14] Comentário enviado por albfneto em 07/11/2011 - 06:53h

as economias exageradas nas verbas, sempre causam problemas...

[15] Comentário enviado por thelinux em 07/11/2011 - 11:12h

No Brasil existe uma coisa que é muito séria e tratada por nossos governantes com grande prioridade que é o foi publicado em uma revista sobre o quando de dinheiro não é aplicado onde se deveria. Acho que chega a hora de uma grande união de nós brasileiros contra tudo isso!.

[16] Comentário enviado por jeff.jno em 07/11/2011 - 12:07h

Nem lembro mais a versão que usei isso, mas foi em uma anterior ao 10.04, acho que foi a nove mesmo.

Funcionava assim, uma CPU e dois ou três caixas usando um sistema de pagamento de ticket de estacionamento. sistema simples e leve.
Consequência. Menos recursos maior economia de eletricidade etc... nem tanto.

A solução que teve o melhor desempenho o suporte mais rápido melhor economia de eletricidade. Foi o LTS, Linux Terminal Service.

Funciona assim, o gestor, administrador, reitor, ministro, deputaiada seja lá quem for comprar, compra um senhor Servidor.
Um Dell parrudão, um IBM alguma coisa com 4 processadores XEON de 4 núcleos e uns 124GB de RAM e uma SAS de uns 8 Tera de HD isso já dentro da Raid 5 ligado via fibrechanel.

Dai com esse servidor bom e uma boa infra estrutura de rede podemos montar um servidor de LTS, linux terminal service, e montar os terminais burros.
Ou seja terminais sem HD com fonte mais fraca, sem precisar de estabilizador ou nobreak, e com uma CPU bem fraquinha tipo um celeron sei lá um atom o que vc quizer.

Dai ao abrir o terminal service butando pela rede você usa os recursos limitados pelo servidor da com 4 Xeons.

Assim economizamos principalmente tempo de suporte.
Exemplo um professor num dia quer o winrar no dia seguinte o winzip, exemplo, o cara instala tudo isso numa vbox e pronto sem sair e ter que ir nas 60 máquinas uma por uma.

Mas para isso precisamos de profissionais de TI perto da diretoria, com respeito e suporte, não um cara que faz tudo o dia todo e quando pede para alguém esperar essa pessoa liga pro diretor de ti me exculachando.
Enquanto a TI não se organizar no brasil vamos ver funcionários públicos exigindo o MS office pirata ou não, vamos ver seu chefe exigindo que vc libera o mafiadapu...info

TI hoje é o departamento mais importante de qq negocio infelizmente nossos governantes e alguns empresários não veem isso. talvez porque ainda naõ intendem nossa imprtante cabe a nós ensiná-los a trabalhar e depois cobrar o reconhecimento.

Viva lá revolucion

[17] Comentário enviado por jeff.jno em 07/11/2011 - 12:09h

outra coisa é que o governo trabalha com números somente.
Se os assinatos diminuem porque a faixa etária do povo ainda não alcançou o tempo de morte eles alarmam que a violência abaixou.
Isso acontece em todo canto.
Se eles atendem 1000 alunos com 333 computadores eles dizem que foram montados 1000 computadores para 50 labs de informática.

outra vez cabe a nós da um basta nisso não so no governo mas em todos os campus de trabalho. qq coisa para maiores discussões meu email ta ai.

[18] Comentário enviado por bluesball em 07/11/2011 - 18:04h

Ótimo assunto Gedimar,

Aqui na instituição, temos um laboratório desses, todos com a configuração de 3x1. Já deu pra imaginar o sacrificio, rs. Também tivemos que dar suporte em configurações do userful em outras escolas.

Chamo sua atenção pra um detalhe: Os valores dos hub's usb+audio e do multiplier (vga), com muito pouco a mais, vc teria uma maquina completa para cada aluno.

Aqui aumentamos a RAM, mas mesmo assim, o conjunto não é bom. 3 firefox acessando o youtube é como rodar o WinXP num k6II 500mhz com 64 de RAM.

O professor necessita que o equipamento permita que suas aulas corram com normalidade, sem engasgo.

[]'s

[19] Comentário enviado por Julia_IR em 07/11/2011 - 23:01h

Sei como é isso. Na minha escola usam multiterminais e realmente isso deixa o desempenho a desejar. O pior é que é exatamente como o Gedimar disse. A imagem do Linux fica arranhada. Eu ouço os meus colegas falando horrores do Linux (e é claro, comparando com o Janelinhas), e simplesmente não me conformo porque eles acabam generalizando. Como se uma experiência bastasse pra ter uma opinião sólida a respeito. Eu tinha a mesma opinião sobre o Linux, até ir pesquisar e ver como funcionava e os milhares de elogios. Acabei instalando pra testar e gostei tanto que substitui o Ruindows pelo Ubuntu Lucid Lynx. É uma pena que os outros não tomam a mesma iniciativa de pesquisar e descobrir como eu tomei.
Excelente artigo, aliás :D

[20] Comentário enviado por removido em 08/11/2011 - 17:59h

@João Paulo: "Chamo sua atenção pra um detalhe: Os valores dos hub's usb+audio e do multiplier (vga), com muito pouco a mais, vc teria uma maquina completa para cada aluno."

Exatamente, essas máquinas vem com 1 GB de RAM e 160 de HD. Eu não me importaria nada se elas viessem com 512 MB de RAM e hds de 80. Eu preferiria rodar o xubuntu em uma máquina um pouco mais modesta, pois o problema nem é só o desepenho aquém do desejado, e sim o mau funcionamento do multiterminal mesmo.

[21] Comentário enviado por carlosfrancisco em 09/11/2011 - 20:31h

Mano você disse tudo, trabalhei como técnco no laboratório de uma escola e quando chegou os computadores com multiterminal sofrí bastante nas instalações e manutenção dos mesmos.... Dureza,, quero saber se posso usar esse seu artigo com meus alunos e imprimílo para distribuição

[22] Comentário enviado por removido em 10/11/2011 - 07:52h

Claro Carlos,

Sinta-se a vontade :D

Abs

[23] Comentário enviado por pherde em 10/11/2011 - 19:17h

Gedimar, perfeita suas colocações. Dou aula de português em alguns colégios públicos aqui de minha cidade e os laboratórios de informática são desse jeito também.

Só elencando algumas coisas que aconteceram comigo:

Em certa aula trabalhando sobre a questão de midias, e letramento, resolvi trabalhar com tirinhas em quadrinho, e fui para os computadores trabalhar naquels site em flash que da para se montar uma tirinha... que sofrimento trabalhar em flash... resultado: a maioria dos alunos perguntaram se poderia fazer em casa e mandar por email... sem alternativas permiti isso.

Em outro colégio estava no laboratório de informática, uma aluna me pergunta: professor, onde que abre o Word? e eu já estava respondendo "não tem word, tem o wri.." quando sou interrompido pela monitora do laboratório: "clica ali e depois ali" (enfim, ela relatou o caminho par abrir o writer), a aluna tirou sarro de mim falando que eu não sabia nada de computador... ¬¬

Fora os problemas de Login, na maioria dos colégios tem uma etiqueta mostrando qual o longin e a senha do usuário. Dai que se alguem acessar o ambiente com um login que já está sendo utilizado, derruba o outro. Bom, daí já viu... só da uns alunos mais espertinhos derrubando o login de outros e todo mundo começa a se estressar e virá aquele pandemonio todo.

É isso, ótimo artigo que mostra o transtorno para qualquer um que queira trabalhar com computadores em escolas públicas!

[24] Comentário enviado por bluesball em 10/11/2011 - 19:43h

Seguinte: Resolvemos fazer uma experiência aqui, que está em teste a 24hs... trocamos o maravilhoso celeron que veio por um Pentium dual core (E5700) ... está menos difícil trabalhar na máquina.

Mas o dinheiro a ser gasto na troca dos processadores torna esse upgrade no momento inviável.

[25] Comentário enviado por danielbirck em 11/11/2011 - 11:21h

Na minha opinião, multitermimal e desempenho são mutuamente exclusivos. É isso. Até dá para rodar 3 LibreOffice simultaneamente, mas 3 Firefox acessando Youtube ou 3 Gimp, aí já fica muito improdutivo.

[26] Comentário enviado por edirlf em 11/11/2011 - 14:13h

Buenas galera.

Talvez o que diga aqui não agrade a maioria, mas é essa a reallidade que vivi. Trabalhei em uma escola no Paraná na época da implantação dos multiterminais.

Entrei em 2008 em um colégio, havia laboratório de informática, sucateado, com 2 computadores "funcionando", usando windows 95 (pentium 133 e 32 e 64 mb de memória respectivamente) sobreviventes da época em que eu cursava a 8ª série se não me engano. Naquela época, nós vimos os computadores se deteriorarem sem que fossem devidamente utilizados.

Enfim, com essas duas máquinas fajutas mais um pentium IV que eu usava para trabalhar montei meu primeiro servidor LTSP, não um multiterminal, mas LTSP. Posso dizer para vocês sem modéstia que foi a melhor coisa que aconteceu naquele laboratório do colégio até então, pois começaram a realmente utilizar a sala de informática do colégio. Fiz uma campanha junto aos professores para arrecadarmos mais micros antigos, consegui mais 2, totalizando 4 máquinas "penduradas" na máquina em que eu trabalhava. Instalei primeiro o Debian, mas logo passei para o Ubuntu, dadas as facilidades. Digo para vocês o seguinte, os alunos apesar de não conhecerem muito bem, se viravam muito bem com o Ubuntu, bastava dar um empurrãozinho.

Em setembro desse mesmo ano, chegaram ao nosso colégio os multiterminais, 4 monitores por máquina, cada máquina dando boot remoto em um servidor bem potente. Tinhamos então 16 monitores e mais as 4 outras máquinas que eu havia montado em separado.

Com tudo configurado faltava cadastrar os alunos para utilizar. Ví em algum comentário acima que os usuários derrubavam um ao outro quando usavam o mesmo login. No nosso caso isso não aconteceu, pois criamos um usuário e senha para cada aluno, e eram mais de 1000 alunos. Como fizemos isso? Emitimos um relatório com todos os alunos matriculados separados por turma e criamos um script que lia essa listagem, criava um usuário e senha automaticamente e imprimia esse usuário e senha.

A cada dia, traziamos uma turma por turno para que eles aprendessem a logar pela primeira vez e a mudar a senha padrão que tinhamos colocado. Em uma semana mais ou menos todo o colégio tinha um usuário e senha, e cada aluno novo que chegava era orientado a, antes da primeira aula, passar no laboratório para cadastrar seu usuário e senha. Outras escolas demoraram mais de 6 meses para cadastrar todo mundo, um a um, e a nossa escola em pouco mais de 1 semana cadastrou todo mundo.

Não foi fácil, deu trabalho, mas para um colégio que não tinha nada, absolutamente nada, aquelas máquinas chegaram em boa hora. Muitos alunos que nem sonhavam em usar um computador tiveram essa oportunidade.

Quanto ao hardware, licitação é um problema e tanto, os hubs usb que vieram não paravam de queimar. Queimavam, substituíamos, queimavam denovo. Até que fiquei com raiva, pedi dinheiro para a diretora e comprei 4 hubs descentes (a 1/6 do preço do hub da licitação) e resolvemos o problema.

Outra coisa, a UFPR foi quem desenvolveu a versão do linux que utilizavam, e toda a manutenção era dada pela equipe da Celepar, com pessoal treinado e contratado em concurso público especificamente pra isso, mantendo o hardware, a rede e o software atualizado.

Foi dado também um curso para todos os professores (do estado) para ensiná-los a utilizar os computadores, e demais softwares como o BrOffice. O pessoal ia em cada escola e montava turmas de professores para ensiná-los a utilizar o computador.


Acredito que deveria ter um concurso específico para trabalhar no laboratório de informática de cada colégio, com pessoas capacitadas a ensinar também.

Quanto a processamento de vídeo, acho que cada caso é um caso, e no nosso eu não acreditava que iria rodar, mas rodou. O vídeo rodava no servidor e como todo ltsp, só imagem e som trafegavam via rede até os terminais. Sites de jogos eram bloqueados, e eu solicitei que desbloqueassem no proxy pois os professores usavam eles em suas aulas, e funcionava também. Um detalhe é que só tinha uma caixa de som para cada computador, então o som de todos os 4 terminais ligados nele saiam no mesmo altofalante.

Resumindo, o que quero deixar claro aqui é que não é o melhor dos mundos, mas a situação já esteve bem pior, e eu sei disso porque vivi isso como estudante (com computadores novos no colégio que não podia usar) e depois como profissional (usando esses mesmos computadores para trabalhar), e hoje há pelo menos computadores, software, e suporte para que se possa utilizá-los, mesmo que não com "aquele" desempenho que um computador para cada aluno proporcionaria.

Meu sonho é que um dia ao invés de montar laboratórios seja lá como forem, o governo distribuisse um computador para cada aluno assim como hoje faz com os livros didáticos.

Mais importante do que ter máquinas ótimas para trabalhar, é ter pessoas comprometidas para fazer com que funcionem. Uma coisa que me deixava muito incomodado era quando os professores traziam os alunos para o laboratório para "matar aula". Sim, existem muitos PROFESSORES que fazem isso, reservam o laboratório para duas aulas, levam os alunos e largam lá por conta. Isso, mais que qualquer coisa é não estar comprometido com educação de qualidade, na minha opinião.

Essa é a experiência que tive no meu estado quando implantaram os multi terminais, presenciei isso por dois anos. Não sei como está hoje, mas na época veio em boa hora, e, apesar de alguns problemas que tivemos e resolvemos, nos trouxe muito mais benefícios do que motivos para reclamar.

Um abraço galera.





[27] Comentário enviado por guidoseverus em 12/11/2011 - 13:01h

Belo texto

[28] Comentário enviado por removido em 12/11/2011 - 14:37h

Gostei cara. És bem adptativo a situações que exigem o maximo do GNU/Linux. Já tive cituações parecidas e é justamente a persistência que nos faz vencer. Parabéns pelo bom trabalho que você desempenha e não desista, pois é nesse caminho de pedras que encontramos a experiência que tanto nos faz crescer.
E sempre que desanimar lembra, que este teu exemplo é válido para todos nós e principalmente para você também.
"É LINUX NA VEIA".
Abraços.

[29] Comentário enviado por superpaullo em 24/08/2012 - 02:44h

A solução não é ruim, mais sim o recurso utilizado que foi ruim, trabalhei em escolas com esse sistema (multiplier ), ele é o grande problema, nos meus testes outras soluções de multiterminal se sairam muito melhor, mais sabe como é vindo do governo tem sempre alguém ganhando algum por trás dos panos.

[30] Comentário enviado por senhorspock em 03/09/2013 - 15:23h

Utilizo o Ubuntu 10.04 32 bits com multiterminal, em equipamentos do pregão 83/2008, desde o segundo semestre de 2010, nos equipamentos das escolas públicas municipais, aqui em Novo Hamburgo-RS.

Todos os problemas que você relatou acontecem aqui também!! Mesmo em 32 bits a memória (ou a falta dela) é um ponto nevrálgico nestes equipamentos.
Pesquisando no site do Userful, descobri que o "mínimo" recomendado por eles para utilizar os multiterminais seria 4GB!!! Porquê recebemos os equipamentos com apenas 1GB é que eu não sei!!

Recentemente, tive sucesso ao fazer uma imagem com o XUbuntu 10.04 nos multiterminais!! Os problemas com som, teclados e mouses invertidos, aceleração gráfica e falta de memória foram resolvidos!!! Isto porque o XFCE é mais "leve" do que o Gnome. Entretanto, o uso de pen-drive PIOROU!! Ou seja: funciona, mas tem que percorrer um "caminho" pra poder "ver" o conteúdo...

O Userful Multiplier tem sido, recorrentemente, o grande "vilão" nos labs de informática educativa por aqui!! Praticamente todos os problemas com uso de software e periféricos vem DELE. Basta "desligar" o Userful (não precisa nem remover...) para que o terminal principal funcione perfeitamente, sem nenhum dos problemas relatados por você.

Outro detalhe alarmante: com o Userful, estamos "presos" ao Ubuntu 10.04!!! Isto, porque a empresa não lançou o Userful para versões posteriores à esta do Ubuntu...

Depois de todas estas dificuldades, percebe-se que o melhor seria uma CPU para cada "terminal"... por assim dizer.

[31] Comentário enviado por removido em 03/09/2013 - 15:28h

Olá Daniel,

Realmente, o governo mais uma vez se submete aos péssimos serviços de empresas que só pensam no lucro, pelo fato de conseguir economizar algum dinheiro com isso.

Não há solução, a solução pra isso é uma gestão publica mais eficiente e comprometida com a qualidade e não só em cortar gastos para a educação. Tem-se um pensamento errôneo de que educador bom é o que "faz muito com pouco", mas sabemos que em muitas vezes, nos dão tão pouco que não conseguimos sequer fazer o mínimo.

É lastimável isso!

[32] Comentário enviado por Williamm em 14/09/2013 - 22:46h

Cara, sem palavras, disse tudo, principalmente este trecho,
"Sem dúvida a maior questão desse problema é a própria aprendizagem do aluno. Mas tem um outro problema que inevitavelmente acaba por acontecer, que é a contribuição para com que a imagem do Linux, perante o usuário leigo, fique cada vez mais arranhada. Isso é péssimo. O usuário final não quer saber se o Userful, se o Xorg, se X, se o USBmount, blá blá blá... Ele quer fazer o que tem que fazer, sem ver o programa em que ele está trabalhando simplesmente fechar na sua cara, sem nenhuma explicação. "

Nesta história o único errado acaba sendo ele "O Tal do Linux".

Parabéns.

[33] Comentário enviado por Thiagooo888 em 14/03/2014 - 08:58h

Trabalho a 5 anos como tecnologo em uma escola estadual de santa catarina.
Temos uma sala de 48m² com 2 laboratorios proinfo.

Primeiro lab: 8 máquinas individuais
Segundo lab: 2 maquinas multiterminal, 16 monitores. 2 para cada PC.

E não vejo tanta dificuldade assim para lhe dar com esse sistema multiterminal.
Tenho instalado o linux educacional 4.0 e são muitos poucos problemas que percebo... som funciona, pendrive colocado no aparelho designado vai funcionar também.
O processador destes multiterminais são de dois núcleos e possuem 2gb de memória ram.

O maior problema é o LINUX, e não importa, você pode dar o computador mais rápido do mundo... vai ser diferente do que os alunos usam em casa, e eles irão reclamar, não adianta.

[34] Comentário enviado por msnb em 17/06/2014 - 09:00h

os daki de ponto belo, são 8 multiterminais do pregão 83/2008, com processador celeron e 1 gb de memoria. pensa em uma luta? soma mais as dificuldades do educacional 3.0? agora soma mais os problemas com teclado e mouse que endoidam? agora pensa em 18 alunos chamando pq o pc deu problema? esse sistema multiterminal é um lixo que eles pegam e mandam pra escola. nem o microkids roda satisfatóriamente. o wine nem roda todos os programas q eu preciso, o unico q roda mais ou menos é o microkids.

[35] Comentário enviado por Danypunisher em 28/08/2014 - 08:51h

Olá, linuxers. Também sou um sofredor que utiliza o userful. Alguém reparou que de algumas semanas pra cá, não dá mais pra registrar o software no site, quando reinstalamos o sistema operacional? Será que desligaram o servidor?

[36] Comentário enviado por rogercouto em 20/12/2014 - 11:12h

Útimo post, ai diz tudo o que realmente acontece com todos os usuários do userful. Trabalho num polo educacional que tem Computadores dos pregões 23/2008 e 23/2012, ambos com diversos problemas, já tem um tempo que estou procurando uma alternativa melhor.

[37] Comentário enviado por removido em 21/03/2015 - 15:35h

Nossa esse artigo me fez querer saber mais sobre o mundo do Linux kkkkkkkkkk. Fazem duas semanas que estou trabalhando com linux educacional em uma escola e já encontrei um monte de bomba. Pensei que só teria que ensinar o alunos a usar a internet e o libreoffice só que não kkkkkkkkkkkkk.

[38] Comentário enviado por anapaulabrito em 30/09/2015 - 14:27h

Concordo com o Gedimar. Sou uma leiga em Linux, porém, trabalho com ele em minha escola, respectivamente, na sala de informática, onde funciona 17 máquinas, quase todas Multiterminais, exceto por uma. Como já disse, sou leiga em Linux, mas, tenho muito conhecimento em Windows para comparar e perceber as falhas gigantescas que o Linux Educacional 3.0 tem. Sim, só posso dizer que o lema do governo brasileiro para efetuar esse tipo de aquisição seria "onde posso gastar 10 não invisto 11", e eu acrescento "onde gastaram 10, podendo gastar 11, tenho 20 vezes mais dor de cabeça". Sou professora, trabalho pedagogicamente na sala de informática, tenho dias de ter que refazer todo um plano de aula (salvo, quando tenho uma carta na manga), porque o sistema resolveu desconectar a internet ou o processador de texto não responde. Os periféricos nem se fala! Mouses, teclados decidem travar e é um tempo perdido em uma aula que dura 50 minutos. Aqui citei algumas falhas, somente aquelas que eu como uma leiga, reparo e me irrito profundamente. Ah, não podia me esquecer dos programas e aplicativos que poderia ser instalado para melhoria da aplicabilidade das TIC's no ambiente escolar e não consigo, por ter uma linguagem extremamente técnica para se instalar qualquer tipo de coisa! Um exemplo, uso o DownloadHelper para baixar vídeos, mas, na maioria dos vídeos ele falha, não abrindo opções de formatos, ou o vídeo não abre. Se o problema fosse no Windows, desinstalaria e instalaria novamente o programa. Porém, no Linux, só um técnico e especialista no sistema é que tem a capacidade de fazer esse processo que poderia ser tão simples!! Nunca me vi tão impotente diante da tecnologia atual como agora!! E olha que não sou uma "analfabeta digital"! Bem, não estou fazendo apologia ao Windows, pois, sei que é um software pago e ficaria inviável sua aquisição e manutenção. Mas, venhamos e convenhamos, se o nosso País se interessasse de verdade na qualidade da educação, isso seria fichinha, não seria?! Pois bem, como sempre, jogam a bomba nas mãos do cidadão e esperam que ele dê conta de ser capacitado, à nível no mínimo técnico no assunto e tá de bom tamanho!

[39] Comentário enviado por anapaulabrito em 30/09/2015 - 14:49h

E já ia me esquecendo...cadê o suporte técnico?? Nisso o Brasil está de parabéns, dar o queijo e não facilitar a faca! Fazem isso com os de baixa renda o tempo todo, rsrs!! Se não vai ter equipe técnica para solucionar esses muitos problemas que o software livre vai trazer às escolas, porque então, não oferecer ao menos cursos para formação dos professores que estão nos laboratórios de informática? Um básico, talvez, ajudaria muitos deles! Nem isso é oferecido. Na minha cidade, o meu esposo é TI na prefeitura, quando acabou o prazo de assistência dada pelo pregão 83/2008, ele ficou encarregado de dar suporte para as escolas. Ah...mas se acham que ele teve algum curso oferecido para esse tipo de assistência...muito enganados estão!! Ele procurou por conta saber mais. O governo federal poderia ter pensado nisso antes de implantar laboratórios, mas, como sempre, planejamentos precipitados, sem interesse qualitativo. Displicência ou Descaso??

[40] Comentário enviado por tauanqueirozsuse em 15/06/2017 - 18:32h

Trabalho numa escola onde não utilizo o multiterminal (embora há colegas no município que sofrem esse problema). O problema também é haver poucas alternativas ao Userful.
Quanto ao LE5, a última atualização deixou o sistema consumindo todos os 512 MB de RAM das máquinas da sala de informática da escola (o que é um absurdo se lembrarmos que em 2017, até os modelos de entrada dos smartphones não tem mais só 512 MB de RAM), mesmo sem nenhum programa aberto (visivelmente), nem nenhum processo ocupando tanta memória. O problema é tanto que está praticamente inutilizando as máquinas, o que me fez tomar uma decisão: fazer um remaster do Xubuntu 16.04 LTS pra rodar lá. Mas eu também precisava resolver o problema das outras salas de informática com uma alternativa ao Userful. Encontrei este link ( https://sala.inf.br/wp-content/uploads/2016/03/configurando-o-multiterminal.pdf ) e estou testando essas dicas. Pode ser que dê certo com outras pessoas que usam Userful também.
Afinal software livre é sempre melhor.

(Eu uso SuperTuxKart pra treinar o uso do teclado com 1° e 2° anos, principalmente no primeiro contato com o computador).


Contribuir com comentário




Patrocínio

Site hospedado pelo provedor RedeHost.
Linux banner

Destaques

Artigos

Dicas

Tópicos

Top 10 do mês

Scripts