Antes de fazermos qualquer coisa em um sistema
Linux, é necessário que tenhamos um sistema Linux. Por isso, começaremos nosso estudo sobre o Linux com a instalação da distribuição Conectiva 8.0. Essa distribuição foi escolhida por diversos motivos, dentre eles o fato de se apresentar em português e já ter sido utilizada nas máquinas que usaremos.
A instalação de um sistema Linux evoluiu significativamente nos últimos tempos. A necessidade que havia de se configurar seu hardware quase que manualmente foi suprida por um sistema gráfico que faz quase todo o trabalho sozinho. Com isso, a instalação do Linux se tornou bastante cômoda, com exceção apenas para máquinas que possuem hardware muito específico.
Iniciando uma instalação
Para inicializar uma instalação você precisa apenas selecionar a mídia com a qual vai fazer esta inicialização. As duas opções mais comuns são o CD-ROM e o disquete. Para qualquer um dos casos será necessária a configuração da BIOS do computador que será utilizado permitindo o boot por CD ou disquete, conforme a escolha anterior. No nosso caso, utilizaremos o CD Conectiva 8.0 disponibilizado a todos os alunos.
Após a inicialização, o Linux disponibilizará um menu com diversos modos de instalação. Utilizaremos o modo expert, pois ele nos permite acompanhar melhor o que está sendo feito durante todo o processo.
Feita a primeira escolha, será aberto um sistema gráfico de instalação. Para começar o processo de acordo com as opções de cada usuário, este deve selecionar várias outras opções. Dentre elas está a língua que se pretende utilizar durante a instalação; o tipo de mouse e de teclado. Assim chegamos à fase de particionamento do disco.
Fazendo o particionamento do disco
Uma decisão crucial que o usuário deve fazer quando da instalação de um sistema Linux é quanto à alocação de espaço em disco onde o sistema residirá. Aqui é necessário introduzir o conceito de partições de disco.
Para que seja possível instalar um sistema operacional (SO) em um computador, é necessário que este tenha, pelo menos, uma partição em seu disco rígido (HD). Apenas um SO pode ser instalado por partição. Assim, se a pretensão é manter dois sistemas operacionais na máquina (Linux e Windows), serão necessárias no mínimo duas partições.
Mas o que fazer se o SO já instalado na máquina estiver ocupando todo o espaço disponível em disco? Será necessário liberar espaço. Isso pode ser feito por meio de programas como o fips ou o PartitionMagic. Esses softwares são capazes de "quebrar" (redimensionar) uma partição existente sem apagar os dados já existentes nela. Partindo do pressuposto de que há espaço disponível em disco, vamos voltar ao processo de instalação.
Nesta fase utilizaremos o Disk Druid, uma ferramenta disponibilizada para facilitar o trabalho do usuário. Na tela do Disk Druid é possível identificar as partições existentes no HD da máquina (nesse momento deve haver apenas uma partição alocada para o Windows), e a área livre (que ainda não foi alocada a nenhuma partição). Esta área livre que utilizaremos para alocar ao nosso sistema Linux.
Criando novas partições
Nesta fase é necessário muito cuidado pois, com algum erro, pode-se apagar toda uma partição existente na máquina.
Foi dito anteriormente que apenas um SO pode ser instalado em uma partição. Porém, a recíproca não é verdadeira. O Linux precisa (é indispensável) de pelo menos duas partições. Uma partição chamada raiz e uma partição de swap.
A área de swap é utilizada pelo SO como memória virtual, isto é, uma extensão da memória RAM em disco rígido. É aconselhado que essa área seja, no mínimo, igual à área de memória RAM e, se possível, que seja o dobro dessa memória. Criaremos uma partição de swap com 256 MB. Outra dica importante para o swap é que, para um desempenho melhor do sistema, é aconselhado que ela fique no início do disco.
A partição raiz é onde residirá todo o sistema operacional. Ela deverá ter espaço suficiente para todo o SO. No nosso caso, utilizaremos uma partição raiz de aproximadamente 5GB. Ao contrário da área de swap, para essa partição é necessário associar um "ponto de montagem" a ela. Por se tratar da partição raiz, seu ponto de montagem será "/".
Um ponto de montagem indica onde, na estrutura de diretórios do sistema, a partição aparecerá. Veremos isso em mais detalhes quando estivermos falando sobre Sistema de Arquivos.
Selecionando pacotes
Com as partições definidas, estamos prontos para instalar realmente o software. Dependendo do desejo do usuário, este momento pode ser considerado o mais trabalhoso de toda a instalação. Isso porque pode-se optar por escolher cada pacote que será instalado no sistema. Para facilitar esta tarefa o Linux disponibiliza vários conjuntos de pacotes pré-selecionados, de acordo com o tipo de sistema que se deseja instalar. Assim, pode-se optar por instalar um Servidor Web, uma Estação para Trabalho Científico, um Servidor de Arquivos dentre outros.
Nós optaremos pela Instalação Personalizada, onde decidiremos quais pacotes deverão ser instalados. Há ainda as opções extremas de instalação mínima, ou instalação completa. Nossa seleção de pacotes ficará limitada à escolha de conjuntos de pacotes, e não de pacotes individuais, visto que isso tornaria o processo bastante demorado e entediante.
Configurando vídeo e rede
Configurando o ambiente gráfico:
Até aqui utilizamos a instalação em ambiente gráfico. Então podemos supor que as configurações para o ambiente gráfico (placa de vídeo e monitor) estão corretas? Ainda não. Não é tão simples assim. Durante a instalação é utilizada uma configuração bastante básica para o ambiente gráfico. Assim, se a intenção é alcançar melhores configurações como mais resolução e mais cores, é necessário configurar corretamente sua placa de vídeo e seu monitor.
A instalação da placa de vídeo é iniciada pelo sistema por meio de uma tentativa de detecção. Se este processo de detecção funcionou corretamente, então, para a placa de vídeo, nos problemas acabaram. Infelizmente isso não ocorre para todas as máquinas na nossa instalação. Com isso, precisaremos selecionar manualmente o tipo de placa de vídeo que nosso computador possui.
Para o monitor ocorre a mesma coisa, a instalação tenta detectar o monitor atualmente em uso. Mas dessa vez a detecção ocorre sem problemas, facilitando o nosso trabalho.
Com o monitor e placa de vídeo selecionados, precisamos escolher qual modo gráfico pretendemos utilizar. Para um modo gráfico deve ser definida a resolução da tela (800x600), e a qualidade da cor (16, 32 milhões de cores) e fazer um teste dessa configuração. Um problema do processo de instalação do Linux pode fazer a máquina travar durante a execução de um teste desse tipo.
Configurando a rede
A premissa para qualquer configuração de rede é fazer com que a placa de rede da máquina esteja funcionando. Aqui, novamente, o processo de instalação tenta identificar a placa de rede presente na máquina - o que não ocorre sem problemas - e disponibiliza um grande conjunto de placas para selecionarmos a que possuímos.
Uma vez que os ajustes da placa estejam determinados, precisaremos indicar como o sistema obterá sua identidade de rede, incluindo endereço IP, servidor de nomes e roteador padrão. No processo instalação, serão disponibilizadas algumas formas de obtenção da configuração da rede, a saber: IP estático; DHCP; e outras. Como a nossa rede não possui um servidor DHCP, utilizaremos um IP estático, isto é, definiremos manualmente nossas informações de rede.
Nesse ponto precisaremos definir, para nossa máquina, um endereço IP, uma máscara de rede, um gateway (roteador) padrão, e um servidor de nomes principal. Ainda fazem parte das informações de rede o nome da máquina (hostname) e o nome de domínio a que ela pertence (domainname).
Configurando o LILO
O LILO (LInux LOader) é o carregador de inicialização do Linux. Para que nosso sistema seja inicializado corretamente, é necessário configurar e instalar o LILO. Ele também possibilita a inicialização de outros SOs, permitindo ao usuário escolher, durante o boot, qual sistema operacional deseja utilizar.
A primeira definição nesse ponto é onde instalar o LILO - na partição Linux ou no MBR (Master Boot Record). Deve-se escolher MBR porque assim será possível utilizar o LILO durante o boot da máquina. Feito isso, precisamos agora definir as características restantes do LILO. Dentre elas estão os rótulos utilizados para cada partição inicializável. Para uma máquina com Linux e Windows instalados é comum termos os rótulos "Linux" e "Windows". Depois é necessário escolher qual sistema "bootável" será inicializado por padrão.
Esta é outra fase crítica do processo de instalação, principalmente se for feita a opção por instalação no MBR. Se for feito algo de forma errada, nenhum sistema operacional poderá ser inicializado!
Veremos também a configuração do LILO a partir do arquivo lilo.conf, onde poderemos definir os parâmetros com mais precisão.