Frequentemente os usuários de Windows que nunca entraram em contato com
Linux imaginam que este possui apenas uma tela preta, onde são usados complicados comandos, somente acessíveis aos especialistas em informática, aos nerds, aos hackers...
Por isso Linux não poderia jamais ser utilizado pelos usuários comuns, "simples mortais".
Embora esta visão tenha sido verdadeira, isso foi a muito tempo, a vários anos atrás.
Veremos neste artigo que não só o Linux TEM interfaces gráficas, como essas interfaces são mais elaboradas, mas bonitas e muito mais diversificadas e personalizáveis do que as do próprio Windows!
Xwindow, gerenciadores de janelas e ambientes gráficos
Para entendermos como funcionam as interfaces gráficas do Linux, precisamos voltar no tempo, porque o embrião dessas interfaces gráficas (X-Window) remonta a um período anterior ao desenvolvimento do Linux, isto é, de uma maneira simples, as origens das interfaces gráficas que são usadas no Linux, são mais antigas que o próprio Linux, porque vem do X-Window.
O X-Window (que chamamos de X) surgiu de uma pesquisa (projeto Athene) do Instituto Tecnológico de Massachusetts, EUA.
A ideia básica foi criar um programa, uma "camada de software" aonde janelas feitas com ponteiros programados em Linguagem C pudessem trabalhar, pudessem ser "rascunhadas" para qualquer sistema operacional ou máquina em rede!
Também por uma analogia simplificada, pode-se dizer que o X-Window é uma especie de "esqueleto", de "moldura" ou de"gabarito", capaz de montar janelas em quaisquer sistemas operacionais, portanto multi-arquitetura.
Originalmente ele foi escrito em C, sob sistema operacional Unix, mas pode trabalhar em Linux, ou em qualquer outro SO, inclusive em DOS, MacOS ou Windows.
Vimos então que o X-Window foi feito em Unix, testado em Unix, mas foi portado, levado ao Linux e pode ser usado em qualquer outro SO!
O X-Window funciona rodando um conjunto de processos, o principal dos quais "monta a esquadria, a moldura das janelas". Esse processo principal é o Xorg Server, o servidor de janelas. Assim o processo "monta" a janela...
Originalmente o X-Window usava um gerenciador de janelas obsoleto, chamado UWM (o original do XWindow em Unix), mas hoje usa como padrão o TWM, chamado "Tom's Window Manager", Gestor de Janelas do Tom, pois foi desenvolvido pelo programador americano Tom LaStrange em 1987.
Na figura, para ilustrar, temos o TWM padrão, rodando em Sabayon Linux 5.0:
Em cima dessa "moldura", outros programas "desenham", colorem, melhoram as janelas, adicionam barras, botões, animações etc.
São os modernos gerenciadores de janelas que irão rodar em cima do TWM ou substituí-lo.
Assim o gerenciador de janelas é a base das nossas interfaces gráficas do Linux!
Em casos mais elaborados, programas auxiliares ainda aperfeiçoam mais as janelas e as telas. São os ambientes gráficos completos.
Os dois ambientes gráficos completos mais usados em Linux são: o GNOME ("GNU Network Object Model Environment" - Objeto Modelo de Ambientes de trabalho para GNU) e o KDE ("K Desktop Environment" - Ambiente para Desktop K).
O GNOME usa como gerenciador de janelas o Metacity, e o KDE usa o Kwin.
Curiosamente, ambos são hoje projetos internacionalizados, mas nenhum dos dois é norte-americano de origem! O KDE é alemão e o GNOME mexicano!
Vimos então que o X-Window (com TWM) prepara a janela, o Kwin ou o Metacity a desenham e em cima dessas janelas, rodam o KDE ou o GNOME.
Para você entender, uma analogia simples: imagine um quadro comum, numa parede.... a "esquadria" que dá forma ao quadro é o X-Window, a "moldura" é o TWM, a tela branca (ainda não pintada) é o gerenciador de janelas e a "tinta", a "pintura" é o ambiente gráfico completo!
Muitas vezes a "tela já traz a pintura junto" isto é o gerenciador de janelas funciona já como se fosse o ambiente gráfico completo. Outras vezes, também a "moldura" é trocada junto, isto é o TWM é substituído e não "recoberto".
Tudo funciona junto, como se fossem "camadas" gráficas diferentes.
Assim funcionam os ambientes gráficos no Linux (e nos outros sistemas semelhantes ao Unix).
Neste artigo, principalmente por razões de espaço e por serem muito mais conhecidos, não abordaremos detalhadamente o KDE e o GNOME (e seus gerenciadores, Metacity e Kwin), nem o gerenciador de janelas 3D Compiz-Fusion (e seus antecessores, Compiz e Beryl) mas há farta documentação tanto aqui no VOL como na rede!
A seguir vamos ver algumas alternativas ao KDE e ao GNOME mas muito menos conhecidas.
Se você gostar de variar, use-os, eles são bonitos, rápidos e úteis!