Bem, parece que falar de futebol, religião, política e sistema operacional é um trem bem complicado... Mas enfim, deixemos os quatro primeiros de fora, pois focaremos a coisa toda no nosso SO preferido, o
Linux.
Posso dizer por experiência própria que jamais teria vindo para o mundo Linux se a Microsoft tivesse um produto 100% decente a um preço decente. À época, eu usava um desktop AMD 5x86 133MHz, com 32MB de RAM, HD de 2.1GB, CDROM, floppy, aquela belezura, rodando win95b e depois win98 (tudo pirata, claro).
Pois bem, eu cansei de ver meus trabalhos irem por água abaixo porque o Windows travou, deu tela azul etc e um belo dia, olhando uma banca de revistas, vi uma que tinha um CDROM do Conectiva Red Hat Linux Marumbi 2.0. Olhei praquilo, li a chamada da revista e pensei: uai, se esse trem roda no PC estilo DOS, vamos testar...
Comprei a revista (isso foi em 1998 ou 99), instalei e fiquei encantado. Tudo era esquisito e mágico... Não entendia uma vírgula de nada daquilo tudo. Existia uma tela parecida com o win95 (fvwm95, se não me engano), menus, um tal de xfm que parecia o winfile do win3.11, um terminal estilo DOS... e uma série de comandos novos e estranhos. E termos como compilar kernel, módulos, /dev/, xf86config etc.
Daí para comprar tudo que via que falasse "LINUX" foi um pulo e acabei descobrindo novos horizontes, chamados BeOS, OpenBSD, FreeBSD, QNX, Solaris... Todos muito bons e com muito mais pontos positivos que negativos. Mas optei ficar no Linux, e daí vi que o buraco era mais embaixo para o bem e para o mal.
Do Conectiva inicial, experimentei o Red Hat 5.2 e fiquei encantado com o StarOffice (era horrível para rodar no meu PC velho... e eu era um universitário duro que ganhava uma grana consertando PCs...), daí passei por Debian, Slackware (fiquei muitos anos nesta), SUSE, Conectiva, Mandrake, tomsrtbt, e, por fim, Puppy, DSL, Slax, Vector, Ubuntu, Zenwalk, Kurumin, Knoppix, e outras menos conhecidas, cujos nomes não dou conta de lembrar... Acho que já testei praticamente todas as distros mais famosas e outras nem tanto.
Hoje, estacionei no Ubuntu e tenho o Vector em outra partição. Mas Ubuntu se tornou meu desktop padrão, apesar de eu ter sentido aversão a ele em primeiro momento.
Muita coisa mudou desde que comecei a usar o Linux e ainda bem que para melhor. As coisas estão mais fáceis, mais e mais pessoas estão dispostas (até porque mais gente se converteu ao Linux nesse período) a programar utilitários para simplificar a configuração a ponto de o Linux estar adiante de todos os outros SOs muitos anos (por favor, nada de flames, ok?).
Vou dar como exemplo a configuração de uma impressora HP D1560 no Windows XP. Outro dia, estava na Câmara Municipal de (...) (por questão de ética, não direi o Município) e o pessoal do gabinete do vereador estava penando com a sobredita máquina. Bem, como eu estava lá aguardando a referida autoridade, dispus-me a ajudá-los. Resumo da ópera: foi necessário baixar um pacote de drivers de cerca de 50MB, bem como precisei buscar em um site russo um pacote .cab do Windows 2000 (não me pergunte nada sobre licenças!) pois o tal driver simplesmente não instalava sem o tal .cab...
Em outra ocasião, numa Secretaria de Governo, do mesmo Município, deparei-me com um PC cujo HD estava morto e eram apenas 3 máquinas para cerca de 8 pessoas usarem. E esta estava moribunda. A salvação veio na forma de um cdrom do Kurumin NG, o qual está la ate hoje. Detalhe: nesta secretaria há uma impressora igual à da Câmara; e o Kurumin simplesmente a autoconfigurou. O HD até hoje, para vergonha, não foi instalado, mas o pessoal está trabalhando e muito bem, com o LiveCD no drive.
Esta estória, longa, serve somente para mostrar a versatilidade do Linux diante de outros SOs e adiante falaremos um pouco mais disso.