Olá, amigos do VOL.
Meu último artigo faz quase 7 anos esse mês de agosto e, de lá pra cá, muita coisa mudou na minha vida. Tirei algumas certificações (LPI inclusive), me casei, fui morar fora do país, voltei ao Brasil... Afinal, 7 anos são 7 anos. Uma coisa não mudou em mim desde esse tempo: meu amor pelo
Linux. Ou melhor, mudou um pouquinho. Antes usuário exclusivo do
Ubuntu e do
Kurumin (infelizmente descontinuado), agora usuário do
Mint e do Ubuntu. Notem que o Mint vem primeiro agora, porque essa é minha distro principal. Mas o Ubuntu 15.04 está lá guardadinho na segunda partição do meu HD.
Todo essa história foi apenas para deixar explícito que o Linux segue como meu único S.O., do qual não penso trocar e não tenho necessidade tal. Mas gostaria de falar o que ocorreu nessa quase década com o Linux em vários segmentos, inclusive o pessoal.
Espero que gostem (e comentem!!). Vamos lá?
Mundo corporativo
Acredito que no mundo corporativo, a maior e mais significativa mudança foi que o "Pinguim" chegou pra valer não só na área técnica. Isto é, o pessoal do financeiro (caixas de supermercados), segurança patrimonial (controle de câmeras e catracas em condomínios) e alguns outros departamentos, antes usuários exclusivos de Windows, já são controlados por Linux. Achei muito legal um dia que estava voltando da casa da minha mãe, em Niterói-RJ, ao parar em uma rede de restaurantes de estrada, a mocinha do caixa usando nada mais, nada menos que uma versão do
Mandriva, no bom e velho
GNOME 2. Olhei para minha esposa e disse: "- Tá vendo? Ela usa Linux!"
Por sorte, o "cara do IT" estava por ali fazendo manutenção em um caixa que estava fechado e me disse quase que imediatamente: "- Claro que é Linux. A única manutenção que eu tenho que fazer é, de vez em quando, verificar se existe alguma atualização disponível. Chega de instalar antivírus, ficar procurando driver e blablabla... Hoje instalo o sistema e deixo ele rodando. Ponto."
Que legal isso, não? Pensar no Linux em ambiente corporativo há 7 anos atrás era lembrar, quase que instantaneamente de servidor de internet, firewall, serviço DHCP etc. Hoje, já é uma realidade que usuários finais já usem o sistema para tarefas mais corriqueiras, como digitação de planilhas, elaboração de textos, caixa... coisas antes que só o Windows "fazia".
O fator principal que eu vejo para este rumo é, evidentemente, financeiro. Mesmo para ambientes corporativos, o Linux continua "free", embora contratar um funcionário muito expert em Linux ainda seja caro, por sermos "raros". Mas com os baixos custos de manutenção, e dentro destes custos, segue a premissa de que Linux pode rodar em máquinas mais modestas em termos de hardware, acaba compensando em muito a retirada do Windows dessas tarefas mais corriqueiras. Até mesmo o fato de não precisar comprar licença de antivírus e/ou ferramentas Office, no geral, ajuda a manter os custos mais baixos.
Não é difícil encontrar na internet vários artigos falando de uso do Linux em ambiente corporativo crescendo exponencialmente em grandes empresas. A Ford já usa, em sua maioria, Linux para todo o setor administrativo de suas plantas no Brasil. Aliás, ela usa Linux para controlar alguns dos robôs da linha de produção.
Por outro lado, ainda no ambiente corporativo, o Linux não mudou muito em termos de preferência de distros.
SUSE,
Red Hat e
Mandriva Enterprise continuam liderando esse mercado, com presença mais forte dos dois primeiros. O
MEPIS aparece por aí, por ser muito bem documentado, o que torna o suporte a 1º nível um pouco mais simples, mas como disse, SUSE e Red Hat mantém-se na ponta por uma larga vantagem. Há uma outra versão desenvolvida pela Oracle, o
Unbreakable Linux, que segue muito presente em empresas que tem o Oracle como seu banco de dados, o que é praticamente, 100% em empresas grandes. Mas mesmo neste caso, os setores de TI preferem hospedar o Oracle no SUSE do que hospedar no próprio Unbreakable. Pode ser que este cenário venha a mudar, mas não tem como ser preciso no tempo para que isto efetivamente ocorra. Vale esperar pra ver!
O que há de novo em distros
O amigo que lê o artigo deve estar perguntando porque falei primeiro de novas distros e não de ambiente pessoal, como seria a lógica, já que comecei falando do âmbito corporativo. Explico já no meio deste capítulo! :)
Dentro desses 7 anos, algumas distros apareceram, e outras desapareceram. Acho que a mais triste para nós brasileiros, foi o término do projeto Kurumin Linux, e sua conturbada e frustrada tentativa de reativá-lo. Como eu disse no começo do artigo, eu era um fãzaço do Kurumin. Nosso amigo
Carlos Morimoto mandou muito bem nesta iniciativa. Na verdade, graças a esse projeto, o Linux deixou de ser uma incógnita aos usuários, já que algumas montadoras de computadores pessoais, tais como a Positivo, disponibilizavam o Kurumin já de fábrica em seus computadores. Lembre-se que, em 2008, notebooks eram ainda considerados caros para a maior parte da população. Mas a Positivo vendia esses notebooks a um preço muito mais acessível, se o consumidor optasse por um modelo com Linux configurado.
Claro que muitos compravam pelo preço mais barato e formatavam a máquina quase logo que instantaneamente, mas não antes de ao menos, ligar o note e ver o sistema rodando uma vez. Ele também "bootava" direto do CD, coisa que hoje é quase que padrão, mas há 7 anos atrás era uma raridade. Apenas o Ubuntu também fazia isso. O Kurumin apresentava uma interface gráfica muito intuitiva e agradável, rodando em
KDE 4, o logo era de um pinguim "abrasileirado" e simpático e toda a interface era coberta pelas cores da bandeira brasileira. Realmente muito bonito. Enfim, o Kurumin foi descontinuado na sua versão 7.6 no começo de 2008, e pouco depois de forma oficial, em meados do mesmo ano. Houve uma tentativa de seguir no projeto, mas com outra cara: o
BigLinux. O projeto não seguiu em diante e apenas uma versão foi disponibilizada e logo descontinuada.
Nem tudo é tristeza! Apareceram novas distros Linux nesse período, e algumas delas, iniciativas brazucas.
O
GoboLinux nasceu em 2002, mas só em 2010 ficou amplamente conhecido. O GoboLinux vem com o KDE 4.1.2, com todos os pacotes previamente instalados para que, assim que o usuário ligasse o PC, o sistema estivesse pronto para executar todo tipo de coisas. Ele traz várias aplicações multimídia e até alguns joguinhos. Hoje está na versão 15 e segue firme e forte na parada.
elementary OS está fresquinho. Saiu do forno no meio de 2013 e conquistou nesse curto espaço de tempo uma gama de fãs bem vasta. Ele é baseado no Ubuntu 12, e realmente é muito bonito e desenhado. Está na versão Freya, para quem interessar buscar mais informações. Pesa contra ele o fato de que seus desenvolvedores demoram um pouco para liberar atualizações. Segundo eles, isto mantém sempre atualizações "prontas e confiáveis" ao sistema. Ideia boa, claro. Mas quem espera muito por atualização é usuário de Windows, certo? (piada pronta!!)
Ozon OS também é um cara novo de estrada. Deve ter uns 4 ou 5 anos no máximo. A grande pegada dele é que ele é derivado do Fedora! Não é nada comum distros que são filhas do
Fedora. Na verdade, é raríssimo. Vale a pena ficar de olho e ver até onde este carinha vai chegar. De acordo com o que tenho lido, é uma distro muito estável e pra quem gosta de "brincar" no código, ele é um caminhão cheio de atrativos.
Agora vou falar do cara que fez o Linux chegar com força ao "uso caseiro". Tanto que vou falar dele aqui neste capítulo e no próximo.
Linux Mint. Devido à grande comunidade na internet, esta distro se tornou a grande cara do Linux nesses últimos tempos. O Mint é uma variação do Ubuntu, e muitos dos usuários do próprio Ubuntu migraram pra ela depois que a interface gráfica
Unity surgiu, e que não conseguiu agradar a todos. Dotado da interface
Cinnamon, o Mint é extremamente veloz, sem perder a beleza e simplicidade, e utiliza um clone dos repositórios oficiais do Ubuntu, para qualquer que seja a interface gráfica escolhida. Contudo, a equipe trabalha para a correção de bugs e o perfeito funcionamento dos programas na plataforma. Adicionalmente, existem os repositórios próprios da plataforma para os gerenciadores gráficos e para softwares não suportados oficialmente pelo Ubuntu.
Isso faz a plataforma mais rica em opções, oferecendo uma variedade maior de programas e novidades relacionadas. Isso tudo faz da distro Linux Mint essencial para quem deseja ingressar no universo do Pinguim, porém, não deixa de lado os usuários já experientes do sistema Linux. O sucesso desta distro é tão grande que ela já é a distro Linux mais usada do mundo!!
Tudo isso aconteceu neste período de 7 anos. Bastante coisa, não?
Mundo Pessoal
Mudando de assunto, mas nem tanto assim, como anda o Linux dentro de casa?
Anda muito bem, obrigado. O Mint e, é claro, o Ubuntu seguem firmes e fortes na tentativa de entrar na casa das pessoas. Como disse anteriormente, o Mint foi o responsável nesses últimos anos pela apresentação do Linux a uma gama de usuários que, até então, só conheciam Windows (e OS X). Outras distros cresceram muito nos últimos anos também. É o caso do
CentOS e do Fedora, que tem crescido a um ritmo de 8 e 7% ao ano, respectivamente (entre usuários Linux).
Um estudo aponta que o Linux está presente em 1,5% de todos os computadores pessoais do mundo. Se olharmos apenas o número, é pouco ainda. É verdade. Mas, se olharmos no período de 7 anos, que é o que venho falando aqui desde o começo do artigo, esse número cresceu consideravelmente. Em 2008, apenas 0,2% dos computadores do mundo tinham Linux como único sistema operacional. Ou seja, em 7 anos, o crescimento foi de 1,3%. Note que estou falando de um único S.O. instalado. Se considerarmos o número de PCs com Windows e Linux, esse número cresce de 17% (2008) para 31% (2015). Aí sim, um número considerável! Isto mostra que o Linux tem atraído ainda mais a curiosidade das pessoas, o que as levam a tê-lo instalado, guardadinho e um ambiente multiboot.
Natural. Já que o Windows segue como S.O. mais utilizado do mundo. O Windows 7 está presente em 59% dos computadores do mundo. O XP (pasmem) ainda está por aí também, em 16% dos PCs. Windows 8.1, segue em 11%, a versão 8 em 3,5% e o Mac OS em pouco mais de 4%:
Conclusão
Se você chegou até aqui, meu muito obrigado desde já. Foi um artigo longo e espero que tenha te trazido informação relevante e agradável.
O Linux mudou muito desde meu último tópico. Afinal, 7 anos são 7 anos. Se você detectou outra coisa que eu não mencionei aqui, fique à vontade pra comentar. O texto é longo, eu sei, mas não é possível resumir muita coisa quando o assunto é tão vasto por si só.
Espero que tenham gostado, e prometo escrever com mais frequência.
Mais uma vez, muito obrigado, e até o próximo artigo.
Viva o Linux!!
Abraços,
Lucio Junior